Capítulo 20

As coisas se tornaram caóticas assim que Henry terminou de pronunciar essa frase. O rapaz alto e magro abandonou a falsa calma e desferiu o primeiro golpe. Seu punho, sem filtro ou hesitação, atingiu o rosto do castanho, e é preciso dizer, isso deve ter doído! Felizmente, o castanho não desmaiou e caiu no chão naquele momento.

E assim que Matt viu isso, ele se adiantou, empurrando um dos quatro que o cercavam. No entanto, mal deu um passo adiante quando recebeu um empurrão que o jogou no chão sem chance de se proteger. E o impacto... realmente machucou sua bunda.

- Ah\, droga! - ele gritou\, enquanto o suor frio cobria sua testa. "Merda! Por que viemos para um lugar tão isolado? Não tem mais ninguém à vista!"\, lamentou-se por dentro.

Ele moveu seu corpo, tentando se levantar, mas a dor foi mais grave do que o esperado.

* "Não me diga que acabaram de quebrar...a minha bunda...literalmente..."\,* diante do indômito pensamento ele ficou congelado por alguns segundos. Temia se mover e acabar com o cóccix destruído.

Ele fez o melhor que pôde para não chorar ali mesmo, e ainda com a dor revirando seu estômago, tentou se levantar novamente quando ouviu a luta infrutífera do lado de Henry, pois ele estava apenas sendo um saco de pancadas para seu oponente; mas antes de poder fazer isso, Fania chegou ao seu lado.

- Deixe-me te ajudar - disse ela\, colocando uma mão em sua cintura. Suas intenções eram puras\, mas ela era menor que ele e não foi de muita ajuda.

- Temos que tirar o Henry daqui... - disse ele\, ao mesmo tempo em que apertava os dentes devido à dor. No entanto\, antes de poder terminar\, Aldo passou na frente deles e empurrou a barreira humana que os separava do castanho.

A mandíbula de Matt quase caiu no chão ao ver como aquele garoto, que sempre foi tímido e gentil demais para o seu próprio bem, espancava impiedosamente metade daqueles que lhe bateram. Sua surpresa não pôde ser disfarçada.

- Ele... sabe lutar muito bem e tem a aparência para isso. Mas ele é um verdadeiro pacifista. Odeia bater nos outros... a menos que seja um caso especial como este - explicou Fania em seu ouvido.

Com o elemento surpresa, Aldo conseguiu derrubar completamente dois dos rapazes, mas mesmo sendo bom em lançar socos, isso não eliminava o fato de que havia outros dois. Não era uma briga justa.

E isso ficou evidente rapidamente.

Os dois que ainda estavam de pé no grupo de alfas cercaram Aldo e, ao verem que não conseguiam vencê-lo apenas com a força bruta, usaram uma técnica desonrosa. O submeteram a uma carga direta de feromônios.

O ar ao redor se tornou desagradável e pesado, tanto que Fania e Matt foram afetados.

- O que diabos eles estão fazendo? - gritou a garota\, com a voz entrecortada. - Isso é assédio sexual! Eles serão expulsos!

O moreno nunca tinha experimentado algo parecido e, por um tempo, não soube o que estava acontecendo. Era como se cada célula de seu corpo fosse forçada a se dobrar. Seu nariz ardia e seus olhos se encheram de lágrimas.

É claro que ele tentou resistir à carga e não obedecer a esse instinto, mas quanto mais ele erguia as costas, mais seu corpo doía, como se estivesse sendo atacado. E em menos de dois segundos, ele se viu incapaz de escapar da ordem de se submeter. Parecia estar enraizado no chão.

E, é claro, foi uma sensação humilhante.

No entanto, ele mal começou a entender a situação estranha quando ouviu Aldo gritar, pois parecia que aqueles dois - insatisfeitos por tê-lo subjugado de maneira suja - se aproximaram dele para bater.

Não foi bom de ouvir, mas Matt foi incapaz de levantar a cabeça sequer para dar uma olhada.

* "Então esta é a diferença física entre alfa e ômega"*\, pensou com raiva.

- Soltem ele! - gritou Fania\, cheia de medo.

- Meninos! - clamou Henry\, quando viu os três no chão. Sua voz estava carregada de medo e raiva ao mesmo tempo. Embora\, sendo sincero\, ele também não estava em uma situação melhor.

Seu rosto já estava machucado, assim como o resto de seu corpo. Até mesmo em seu olho direito começou a se formar uma terrível mancha roxa; e em sua boca havia um ferimento que não parava de sangrar.

O panorama não pintava nada bem.

Matt apertou os dentes, preocupado com seus amigos e se perguntando o que fazer a seguir... E, como se o próprio céu respondesse, naquele instante a supressão sobre seu corpo foi eliminada de um segundo para o outro.

Ele não estava preparado e desabou no chão.

—O que aconteceu? —perguntou em um sussurro. Com seus membros ainda tremendo, ele forçou a si mesmo a levantar o rosto e se encontrou cara a cara com aquele que havia evitado nos últimos dias. —Kaleb...

Mil emoções revolutearam em seu peito ao ver o rosto bonito do albino e ele teve que se lembrar da terrível situação em que se encontrava.

*“É apenas um rosto bonito... não há nada mais”*\, disse em sua mente.

O alfa não disse uma palavra, apenas continuou olhando para ele. Ninguém poderia adivinhar as emoções que navegavam por trás da escuridão dos óculos.

*“Droga... ele continua bonito o tempo todo...”*\, lamentou Matt.

—Albino, não se meta nisso! —reclamou o magricela, percebendo que seus amigos estavam no chão, segurando o estômago. Um deles até teve a infeliz sorte de sujar as calças ali mesmo. Era evidente quem os tinha derrubado. —Não tem nada a ver com você!

Sua voz desastrosa lembrou ao moreno da realidade em que estava divagando. “Apenas concentre-se no que é importante, Matt Northman...”

—Já reportei aos professores —disse Kaleb com indiferença, sem desviar o olhar do moreno.

—O que? Desde quando você se mete? —bufou o magricela.

—Desde o momento em que o seu pequeno grupo começou a perseguir omegas.

—É uma questão de família!

—Não me interessa. Os professores não demoram a chegar.

—M*rda! —gritou com raiva. O magricela viu Henry, que estava a uma curta distância, e por um momento hesitou entre continuar batendo nele ou sair dali.

No entanto, a resposta veio por si só quando ele viu vários professores se aproximando de uma esquina. As palavras do albino não tinham sido mentira, ele realmente tinha relatado sua pequena briga.

A lealdade aos seus amigos, assim como sua vingança pessoal, passaram para segundo plano e ele saiu correndo desesperado, preocupado apenas com seu próprio bem. Parecia esquecer que suas vítimas poderiam acusá-lo apenas dizendo seu nome, então não importava se ele saísse ou não.

Quando ele já não estava mais à vista, Fania se levantou do chão —ainda com todo o corpo tremendo— e se aproximou de Aldo.

—Irmão... —chorou. —Você está bem?

—Isso doeu muito... —queixou-se o grandalhão com uma voz extremamente suave.

—Idiota, eu pensei que você odiava brigar. Olha como você acabou...

—Não podia ficar parado sem fazer nada. Ele é nosso amigo...

—Você... droga... ele é...

Henry ouviu a conversa dos irmãos e se sentiu culpado. Percebeu que por sua mera imprudência, seus amigos haviam se machucado. Foi por isso que começou a chorar.

—M*rda! Me desculpem. Não farei isso de novo!

—É bom que não faça! —reclamou Fania, enquanto enxugava as lágrimas com rudeza, embora elas continuassem a brotar não importasse o que fizesse. —Eu entendo todo esse discurso sobre a igualdade ômega, mas isso não significa que você pode enfrentar um alfa da maneira como fez, Henry. No que diabos você estava pensando? Olhe como Aldo e Matt terminaram! E você nem quer ver seu rosto.

Era a primeira vez desde que o conheciam que Fania mostrava uma expressão que não fosse um sorriso confiante e um tanto santarrão. O contraste com sua expressão séria era muito evidente e pegou-os de surpresa.

Matt assentiu, embora a repreensão nem sequer fosse dirigida a ele.

—Eu não farei! —prometeu Henry. O garoto enxugou o rosto. E foi então que os adultos chegaram.

Eram o professor Bill e o professor Ricardo.

—Garotos! —exclamou preocupado o segundo ao ver seus rostos machucados. Depois olhou para os quatro alfas que ainda estavam segurando seus estômagos espalhados pelo chão e mostrou uma expressão aturdida. —O que aconteceu aqui?

—Eles nos atacaram... —respondeu Matt. Ele se levanta do chão e seu rosto fica pálido quando a dor em sua bunda o faz tremer. Ele faz o melhor que pode para fingir que está bem, mas o desconforto é demais.

Ele pensou que havia escondido bem, mas certos olhos azuis o olharam com atenção sem ele perceber.

—Eles surgiram do nada e o líder deles empurrou nosso indefeso Henry! —grita Fania quando ele fica em silêncio. É preciso reconhecer que a menina colocou suas melhores habilidades de atriz para começar a chorar ali mesmo. Ela parecia muito lamentável.

—Assim é —aceita Aldo. —O empurraram sem aviso.

—E depois, o líder deles começou a bater no pobre do Henry do nada! —Fania faz uma pausa para assoar o nariz com o maior barulho que seu nariz permite. Pouco lhe importa perder sua "imagem de garota". —Professores, vejam seu rosto! Que alfa respeitável bate a ponto de um ômega?

*"Por que ele está ocultando detalhes?"*\, pergunta-se Matt. O pobre havia esquecido que toda a escola estava em uma corrida contra o tempo para conseguir um bilhete dourado para aquele Centro Turístico. Se de repente alguém se metesse em problemas\, sem dúvida sua turma seria eliminada do concurso. Era um peso muito grande que Fania queria poupar para eles.

—E olhem como ele bateu no meu irmão! E se ele quebrou algo? E não é só isso! —grita.

—Tem mais? —pergunta o professor Bill com o rosto cinzento.

—Eles! —chilla, apontando para os garotos no chão com raiva. —Eles nos submeteram com feromônios!

Os professores se olham com expressões de surpresa. Submeter alguém era estritamente proibido. Era uma ação de mau gosto e de tempos arcaicos.

Apesar de brigas serem punidas, submeter alguém estava em um nível diferente. Era extremamente um ato de assédio s3xual.

O professor Bill não queria perder a paciência e se obrigou a manter a calma. Ao contrário do sempre amável Ricardo, cujo rosto mostrava uma expressão muito irritada.

Como ômega, ele ficava indignado que houvesse alfas que ousassem agir dessa maneira.

—Tem uma testemunha? —pergunta o único beta presente, o professor Bill.

—Ele! —responde Fania, apontando para Kaleb, que continua sem desviar o olhar de Matt.

Todos olham para ele naquele momento. Qualquer um teria ficado perturbado ao sentir tantos pares de olhos sem esperar, mas ele mantém a mesma atitude distante de sempre.

—Você viu eles submetendo-os? —pergunta o professor Ricardo enquanto range os dentes.

Kaleb retorna o olhar, depois procura um rosto pálido entre a pequena multidão.

—Eu vi —diz. —Eles submeteram esses três garotos. E Bernardo, o líder, bateu sem motivo no garoto ali. —Ele não esqueceu de apontar para Henry.

Matt ouve sua declaração e se sente aturdido.

Ele não tem certeza de quanto do que Kaleb disse é verdade, ou se ele viu toda a cena anterior. Mas se tem certeza de algo, em grande parte ele os livrou das consequências da recente briga; já que ele lhes deu seu apoio.

Todos conhecem Kaleb. Geralmente, ele não se aproxima de ninguém. E embora ele procure brigas, ele ainda agrada aos professores por três razões: um, seu bom sobrenome. Dois: suas notas altas. Três: ele nunca mente.

E se um garoto assim diz que viu aquele grupo assediá-los, então ele viu e é verdade.

...

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Comments

SCARAMOUCHE

SCARAMOUCHE

gostei também faz mais capitulos pfv

2024-03-31

0

Roeienne Pereira Vieira

Roeienne Pereira Vieira

gostei cadê altora não vai continuar não /Grimace/

2024-03-07

0

Artes Artesanato

Artes Artesanato

aí quero mais plissssssssssssssssssssssss

2024-02-13

0

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