Passaram-se cerca de meia hora.
Matt se isolara no canto mais distante do vilão. E enquanto esperava, o calor começava a se tornar mais presente em seu corpo. Por enquanto, não corria perigo, pois sabia que tinha algumas horas antes de acabar no mesmo estado que Henry. Mas, certamente, aquele calor que surgia da parte de trás do seu pescoço era desconfortável.
Para dizer a verdade, ele estava sendo consumido pelo desejo de tirar o patch que pressionava sua glândula; no entanto, ele tinha que ignorar o impulso, ou apenas colocaria a si mesmo em risco.
"Deveria ir para o carro agora..." pensou. E estava prestes a se levantar do chão quando Daryl se aproximou. Ao perceber que os passos vinham em sua direção, ele ficou em guarda.
- Tenho curiosidade - disse o vilão. - Você não deveria desprezar seu irmão por morder seu amigo? Ele é mais velho do que eu.
- Ele é confiável - respondeu. - E só é mais velho do que você por um ano.
- Ah? Isso não é dupla moral?
Matt sabia que era sim, mas nunca concordaria com Daryl.
- Vou para o carro - disse no lugar dele. Não para informar exatamente o alfa\, mas para que ele passasse a mensagem para o irmão\, quando saísse.
Sem esperar por uma resposta, deu meia volta e se afastou.
Ele estava um pouco nervoso em voltar para o mesmo lugar onde tinha visto Kaleb pela última vez. Naquele momento, ele tinha se afastado sem olhar para trás. E agora começava a se perguntar por que tinha agido daquela maneira.
Sua conclusão foi que ele estava muito preocupado com Henry para pensar em se despedir do protagonista.
"Será que ele já conheceu Oriel?" ele não pôde deixar de questionar, embora na verdade não quisesse saber a resposta. Restou-lhe apenas suspirar.
E o ômega sequer percebeu sua própria lamentação.
Chegou ao mesmo lugar depois de alguns segundos e não ficou surpreso ao não encontrar o albino lá. Embora uma parte dele estivesse decepcionada, e isso o surpreendeu.
"O que você esperava, Matt?"
Negou com a cabeça e desceu as escadas.
"Era óbvio que ele iria embora. Não viemos juntos, nem somos amigos tão próximos... na verdade, mal contamos como amigos. Não há nenhuma razão para ele me esperar sentado ali."
Enquanto descia, Matt teve que evitar os universitários bêbados que ainda estavam espalhados pelas escadas. E inclusive, começou a acreditar que o número tinha aumentado significativamente, então agora ele teve que tomar ainda mais cuidado com seus passos do que quando subiu.
"Não caia... não caia..." suplicou. "Quem diabos se deita em uma escada?"
Já estava prestes a chegar ao primeiro andar quando uma mão parou seu caminho, quase o fazendo tropeçar. Ele conseguiu se segurar na beira das escadas e soltou um grito. Claro que, com todo o barulho, passou despercebido.
Baixou a cabeça para ver quem o estava segurando e não reconheceu o garoto. Bem, era evidente que ele não estava em seus cinco sentidos. O olhar repulsivo daqueles olhos não poderia ser de alguém sóbrio, ou pelo menos era isso que Matt queria pensar.
Sem dizer uma palavra, lutou para se libertar, mas aquele estranho persistiu no agarre.
- Me solte! - ordenou\, sentindo-se desconfortável por ser segurado daquela maneira.
"Será que eu não posso subir ou descer uma maldita escada sem que algo aconteça?"
- Você cheira bem... - foi tudo o que Matt pôde ouvir antes de ver o homem aproximar o nariz de seu tornozelo.
O choque inicial deu lugar ao nojo e à repulsa. E um segundo depois, o ômega sentiu um arrepio desagradável percorrer sua coluna, assim como uma onda de calor atacar seu corpo.
O idiota estava liberando feromônios alfas para todos os lados!
Ao perceber isso, ele cobriu o nariz o mais rápido que pôde. No entanto, o nojento feromônio ainda penetrava em suas narinas.
Matt sentiu perplexidade devido ao cheiro da gasolina que parecia estar impregnada nele, assim como aquela mão. E então ele reagiu.
- O que diabos você está fazendo? - gritou enquanto chutava com força. Não se importou em soltar a beira das escadas por isso.
O golpe acertou no peito do desconhecido, fazendo com que ele soltasse seu agarre. Infelizmente, suas pernas não eram tão estáveis como três segundos atrás, além de que seu peso não se distribuiu bem no degrau; quando percebeu, a gravidade estava fazendo o seu trabalho, e ele estava caindo.
*“M3rda”*\, foi o primeiro pensamento. “Isso vai doer bastante”, foi o segundo.
Por instinto, fechou os olhos e deixou tudo nas mãos do destino. Só podia se alegrar que restavam apenas cinco degraus, então a queda não seria grave, mas seria dolorosa. Parecia que a sorte não o havia abandonado completamente.
No entanto, segundos depois, essa dor nunca chegou. Pelo contrário, ele sentiu que alguém o segurou no momento crítico. E até ouviu um leve gemido de dor acima de sua cabeça.
Havia uma estranha certeza dentro dele, como se de repente, nada mais pudesse dar errado.
*“Será possível…?”*
Um sorriso se formou inconscientemente em seus lábios, e seu coração acelerou.
Antes mesmo de poder vê-lo com seus próprios olhos, o cheiro de sândalo envolveu seu nariz, eliminando impiedosamente o cheiro de gasolina. Essa nova feromônio era suave, mas ironicamente mais avassaladora.
Matt relaxou sem perceber e abriu os olhos. A primeira coisa que viu foi um par de braços fortes o segurando pela cintura. Levantou um pouco o rosto e pensou: “Essa jaqueta jeans é muito familiar”.
Continuou olhando para cima. Aquele queixo convidava suas mãos a tocá-lo...
Era preciso dizer que suas bochechas coraram com seus pensamentos audaciosos. Ou talvez fosse que o calor em sua glândula havia aumentado um pouco. Ou talvez, fosse uma combinação de ambas as razões.
*“É minha fraqueza por rostos bonitos…”*\, tentou convencer a si mesmo.
Quando encontrou aqueles olhos azuis deslumbrantes, ele ficou sem palavras.
De fato, era Kaleb quem o segurava.
*“Como seria de se esperar do protagonista...”*\, ele pensou\, atordoado. “De uma maneira ou de outra, ele sempre salva o dia.”
Suas bochechas coraram, enquanto Kaleb franzia a testa.
O albino o ajudou a ficar em pé corretamente, e eles ficaram cara a cara. Um sentimento indescritível encheu o negro de cabelos, e de repente ele tinha mil perguntas.
Você já conheceu Oriel? Foi amor à primeira vista? Por que você está sozinho agora? Por que você tinha que ser o protagonista desta novela?
No entanto, antes que Matt tivesse tempo de agradecer ou perguntar algo, Kaleb segurou sua mão e o levou entre as pessoas.
O mais novo não entendia para onde estavam indo, mas quando teve a chance de protestar, não conseguiu dizer uma palavra... talvez não quisesse fazer isso porque se surpreendera com o quão calorosa era a mão que segurava a sua. Nada parecido com a mão anterior que havia agarrado seu tornozelo.
Consequentemente, ele se deixou guiar. E em cinco segundos, já estavam fora da enorme casa. E ele percebeu, estavam indo direto para o estacionamento improvisado que era a rua.
- Com quem você veio? - perguntou Kaleb de frente para ele. Não parou os passos.
- Ah\, com meu irmão - ele respondeu. Também se lembrou de que não haviam conversado sobre quase nada há algum tempo.
- Onde ele está?
- Com Henry.
- Você o encontrou. - Sua voz soava mais profunda do que o normal\, e as bochechas de Matt coraram ainda mais.
- Sim... mas deram a ele um Indutor... meu irmão é um alfa e está o ajudando agora.
— Eles vão denunciar isso?
— Tudo depende do Henry.
Depois de se afastarem vários metros, o barulho da música diminuiu, e manter uma conversa ficou muito mais confortável. Embora, curiosamente, nenhum deles tenha falado.
Kaleb finalmente parou; e devido à sua distração, Matt quase bateu em suas costas.
* "Aqui?" *
O mais jovem olhou ao redor. Exceto pelos carros, não havia nada nem ninguém. Depois de ter certeza de que estavam relativamente sozinhos, começou a se sentir nervoso.
Ele olhou para o alfa, parecendo perguntar o que estavam fazendo lá.
— Lamento — disse, soltando a sua mão. — Esqueci que tinha te segurado pela mão. O barulho era alto demais, e não achei que você me entenderia.
— Tudo bem. Aliás, o que estamos fazendo aqui? — Mal conseguiu conter a decepção que veio do nada.
O maior considerou suas palavras por alguns segundos, mas quando estava prestes a responder, parou bruscamente. Sem aviso prévio, inclinou o corpo para o lado. Se não fosse pelo carro ao seu lado, teria caído no chão.
"Você está bem?" - perguntou Matt assustado, ao ver que o alfa parecia doente de repente. Ele até se aproximou, tentando verificar seu estado. Mas Kaleb não queria ser olhado, então, ao mesmo tempo, desviou o rosto e se afastou.
"Seu irmão... tem um carro?"
"Está ali" - ele assentiu, apontando o local. Era óbvio que o albino não queria dizer o que estava acontecendo, o que o fez se sentir desconfortável e um pouco estúpido pela antecipação anterior.
"Você deveria ir agora..." - disse Kaleb, parecendo conter algo. A relativa escuridão da noite não permitia que Matt pudesse ver claramente o rosto do maior. Claro que isso não o impediu de ficar chateado.
"Você me trouxe até aqui, só para me dizer que eu vá até o carro do meu irmão? Eu..." - Matt não soube como continuar. Na verdade, ele também não entendia por que estava tão chateado.
Suspirou profundamente e se disse: "Isso é o máximo que um pequeno extra próximo do protagonista pode avançar."
Com essa nova certeza, assentiu na direção do alfa. - Tudo bem. Estou indo.
*"Eu não vou engolir esse trago amargo"* - concluiu.
Virou-se e começou a andar, mas lembrou de algo. Sem olhar para o garoto, disse: - Obrigado por me ajudar antes. Se não fosse por você, aquela queda teria doído.
Seguiu seu caminho, sem parar até chegar ao Beetle. Ignorou com raiva o fato de que o calor do seu corpo estava aumentando significativamente, desde que havia sido exposto às feromônios do protagonista.
*"Maldição... espero que meu irmão termine logo com Henry\~\~... ou senão\, estarei no meio da rua com dois ômegas no cio..."* - pensou angustiado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 20
Comments