Capítulo 9

Acordei no outro dia, tomei banho e me arrumei para voltar ao trabalho. Ao chegar na sala, a mesa estava posta, um café da manhã com tudo que eu mais gostava. Havia apenas um lugar na mesa, e um bilhete.

" Preparei tudo que você mais gosta, sei que está sendo difícil se alimentar desde que tudo aconteceu,mas você precisa. Não pode ficar doente. Sair mais cedo porque imaginei que a minha presença lhe incomodaria, mas volto no final do dia. Se você permitir, gostaria de conversar mais um pouco com você."

NEOQAV, Diogo

Meus olhos encheram de lágrimas ao ler aquele bilhete. O Diogo,mais do que qualquer pessoa no mundo, me conhecia muito bem. Eu não estava mesmo conseguindo me alimentar direito, tanto que já havia perdido quase quatro quilos naquele mês.

Mas, o que mais me impressionou e emocionou, foi o final do bilhete. NEOQAV, significa nunca esqueça o quanto amo você. E nós usávamos quando começamos a namorar. Usamos a sigla no caderno um do outro,no espelho, por mensagem, em fotos, para nos lembrar do quanto nos amávamos. Havia muito tempo que não usávamos aquela sigla, eu já nem me lembrava dela, preciso confessar. Mas imediatamente,quando li, todos os momentos maravilhosos que vivemos naqueles quinze anos, vieram a minha mente. E eu, automaticamente, chorei entre lágrimas.

Mandei uma foto da mesa e do bilhete para a Dani, ela me ligou e conversamos um pouco. Ela estava do meu lado, eu sabia, mas em todo tempo ela reforçava queno Diogo me amava, e que eu o amava também. Que um amo igual ao nosso, não poderia acabar daquela maneira. Aquilo me incomodava, e confortava ao mesmo tempo. Mas eu ainda não sabia lidar com aquilo tudo, ainda era muito recente e doía demais só de pensar. Eu precisava de mais tempo, eu nem sabia que eu era naquele momento,estava totalmente perdida. A única coisa com a qual eu conseguia me concentrar era com o trabalho, e foi onde eu joguei toda minha energia naquele dia. Fiquei tão ocupada e focada, que não lembrei que ao chegar em casa,o Diogo estaria me esperando para aquela conversa. Só ao vê-lo na cozinha, a ficha mais terrível da minha vida ,voltou a cair.

Diogo - Você não me respondeu o bilhete, achei que isso seria uma resposta positiva ao meu pedido.

Celina - Preciso tomar um banho.

Fui para o quarto,tomei banho, vesti um vestido leve e voltei para a sala. A mesa já estava posta, diferente do café da manhã, havia dois lugares. Ele havia feito o jantar, uma lasanha de camarão, que eu amava. Me sentei, e ele nos serviu. Comemos inicialmente em silêncio,até que eu resolvi quebrar o gelo.

Celina - O que você ainda está fazendo aqui, Diogo?

Diogo - Eu não quero ir embora,Lina. E você também não quer que eu vá.

Celina - Eu te mandei ir, não mandei?

Diogo - Celina, nós nos amamos.

Celina - Eu já não tenho tanta certeza disso, não depois do que você fez. Você me traiu, Diogo!

Diogo - Eu sei! E não tenho como mudar o que fiz, mas posso fazer tudo diferente.

Celina - Quem me garante que você não vai fazer isso de novo?

Diogo - Eu te garanto!

Celina - Não acredito mais em você.

Diogo - Eu sei que não, e te entendo. Mas eu estou te pedindo uma chance para fazer você confiar em mim de novo. Para fazer você acreditar em mim novamente. Por favor Lina, não joga todo o nosso amor fora, sem ao menos tentar.

Celina - Não vem com essa Diogo! Não fui eu que joguei nada fora, foi você. Você me traiu, se apaixonou por outra mulher, me enganou durante meses, mentiu para mim.

Comecei a ficar muito irritada, a raiva tomou conta de mim e eu acabei dizendo coisas que não deveria ter dito.

Celina - Você é um bosta de homem, um mentiroso miserável. Sem caráter,nunca mereceu o amor que eu dediquei a você durante todos esses anos. Eu te odeio, te odeio Diogo. Você merece morrer sozinho, seu egoísta!

O Diogo não falou nada, vi seus olhos ficarem vermelhos, sua pele ficou pálida. E só aí percebi que tinha passado dos limites. Eu nunca tinha falado assim com ninguém, muito menos com o homem que eu amava. Mas ainda estava com raiva, magoada,queria que ele sentisse a dor que eu estava sentindo, eu queria vingança.

E por mais que eu sentisse a dor dele, e aquilo me fizesse mal,eu não dei o braço a torcer,e continuei.

Celina - Sabe o que você merece? Que eu saia por aquela porta, e transe com o primeiro cara que aparecer pela frente. E depois venha aqui, te contar tudo, em detalhes. Você já imaginou, Diogo? Você já imaginou outro homem me beijando, me tocando, me fazendo gozar,como só você fez por muito tempo?

Diogo - Eu não consigo nem imaginar isso ,Lina. Dói só de pensar! Por favor, não faz assim!

Ele se levantou, a comida estava quase toda por completo no prato.

Diogo - Eu sinto muito Lina,sinto muito mesmo. Vou te deixar sozinha, acho que nós dois precisamos de um tempo agora.

Ele foi em direção ao nosso quarto,ele estava dormindo lá. Não tive forças para mandar que ele fosse embora, vê-lo saindo daquele jeito, me matou por dentro.

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