Não foi o que eu perguntei...

Abro a porta pra eles e dona Glória sai com Malu... antes do Henry sair, ele segura a porta e olha pra mãe dele...

Henry – Mãe, leva Malu pro carro, vou só falar uma coisa com a doutora e estou indo...

Não deu tempo nem de reagir... ele fecha e tranca a porta, antes que pudesse dizer alguma coisa, ele me prende na parede iniciando um beijo urgente e necessitado... Por dois segundos, retribui aquele beijo que estava tão bom, porém logo o afasto....

Emanuelly – O que você pensa que está fazendo?

Henry -Vai me dizer que não se lembra de mim?

Emanuelly – Eu sou pediatra da sua filha... isso não pode voltar a acontecer!

Henry – Não foi o que perguntei... desde aquela noite você não sai da minha cabeça. Voltei várias vezes aquela boate pra tentar te encontrar... não tive coragem de bater na sua porta.

Emanuelly – Esquece isso...

Henry – Me diz como... você entrou na minha cabeça e tomou conta dos meus pensamentos.

Emanuelly – Foi só uma noite...

Henry – No início sim, mas depois que te senti percebi que não.

Emanuelly – Desculpa..., mas pra mim, continuou sendo só uma noite.

Acabo mentindo pra ver se ele se afastava... o que deu certo. Ele se afasta lentamente e respira fundo...

Henry – Desculpa...

Depois que ele saiu, soltei todo o ar na tentativa de voltar a si... o gosto dos seus lábios úmidos ainda é presente em minha boca. O Coração batendo como nunca antes, uma sensação diferente no peito... droga!

Sento em minha cadeira e apoio o cotovelo na mesa e o rosto nas mãos... ele tinha que ser pai de uma paciente?

Bryan – Algum problema?

Olho pra ele que estava entrando em minha sala...

Emanuelly – Não... tudo bem!

Bryan – Hum... já terminou?

Emanuelly – Já sim... estou indo pra casa agora!

Bryan – Hum... quer carona ou está de carro?

Olho pra ele e penso se aceito esse carona ou não... não Emanuelly, você não pode fazer isso.

Emanuelly – Não... estou de carro, obrigada!

Bryan – Tá bom... até amanhã!

Ele sai e arrumo minhas coisas... Antes de sair, deixou alguns papéis com minha secretária e depois vou pra casa. Quando cheguei, subo direto pro meu quarto e encho a banheira. Tiro minha roupa e entro...

...você entrou na minha cabeça e tomou conta dos meus pensamentos...

Sua voz não sai da minha cabeça... foi apenas uma noite, uma noite, uma noite, uma noite....

Repito pra mim, mesma na tentativa de convencer meu coração que acelera lembrando daquele beijo... Você nunca foi assim Emanuelly, o que está acontecendo?

Depois de terminar, me enxugo e coloco meu pijama. Vou até a cozinha e preparo um lanche e como, volto pro quarto e deito na cama vencida pelo cansaço...

Henry narrando

Apenas uma noite... uma noite!

Isso é pra você aprender a não se apaixonar por mulheres complicadas... Sua vida estava tão bem, por que foi sair aquela noite? Teria sido melhor ficar em casa com sua filha e se poupar de fazer esse papelão na frente dela...

A real é que depois de tudo, ainda sonho com o amor verdadeiro... depois do que ela me fez sentir, achei que ela seria a mulher certa, mas não.

Droga!!!

Glória – O que foi?

Henry – Nada...

Glória – Algum problema com a pediatra?

Henry – Não... ela é ótima vamos manter ela.

Ela concorda e eu volto a atenção pra estrada...

Vou focar na minha filha que precisa de mim!!

Antes de ir pra casa, passo na minha mãe e deixou ela. Estaciono na frente de casa, tiro Malu da cadeirinha e entro com ela...

Deito ela, que estava dormindo, em sua cama e vou tomar banho...

...foi só uma noite...

Sua voz ecoa em minha cabeça e balanço a cabeça pra tentar espantar os pensamentos, mas é em vão.

Depois que termino, coloco uma roupa confortável e vou preparar o jantar antes que Malu acorde.

Outro dia...

Acordei com o celular tocando... já sei que é um chamado!

Atendo e o capitão diz que precisa de mim, no centro... o prédio que pegou fogo e estava interditado pela defesa civil desabou. Com isso, o prédio ao lado, que na minha opinião também deveria ter sido interditado, desabou e tem muitos feriados.

Me levanto rapidamente, troco de roupa e pego as chaves do carro, pego Malu e coloco no carro. Antes de seguir pro centro, deixo ela na minha mãe... Quando chego no centro, vejo uma cena deplorável... pessoas gritando desesperadas, muitos feridos, muitos desnorteados...

Começo a ajudar minha equipe no trabalho de retirar os entulhos... teremos que ter muito cuidado, pois ainda pode ter gente com vida embaixo de todos esses escombros..., porém temos que ser rápido também.

A cada pedra tirada, o perigo aumenta... o solo fica cada vez mais instável e isso é perigoso tanto pra quem está soterrado quanto pra nós que estamos trabalhando.

Capitão – Henry, preciso de você na ambulância!

Henry – Mas senhor...

Capitão – Não discuta, Henry!

Respiro fundo e concordo...

Letícia – Oi... temos que levar esse homem pro hospital, Bob já saiu com uma menina.

Henry – Ok, podemos ir!

Entro na ambulância e seguimos pro hospital... Quando chegamos, a ambulância que Bob veio estava saindo... só então me dei conta que estamos no mesmo hospital que Emanuelly trabalha e já sinto o coração acelerar...

Saímos da ambulância e logo um médico se aproxima...

Médico – Qual o estado do paciente?

Letícia – Homem, 48 anos... vítima do desmoronamento. A pressão caiu, no local, mas estabilizamos. Está com um ferimento na cabeça e o tornozelo quebrado.

Médico – Entendi... obrigada, deixa com a gente.

Apenas auxiliamos eles na troca de maca e quando estava saindo... olhei pro lado e vi a Emanuelly atendendo uma menina, acho que foi a que o Bob trouxe. Meu coração bate forte vendo-a trabalhar com rapidez tentando salvar a vida da pequena garotinha.

Letícia – Henry...

Ela me chama e só então percebo que estava parado encarando minha moça bonita... ao ouvir meu nome, Emanuelly olha pra mim, e tento disfarçar ...

Me viro e vou na direção da Letícia que olha desconfiada para Emanuelly...

Henry – Vamos?

Letícia – Quem é?

Henry – Quem?

Letícia – A médica que você não parava de encarar.

Henry – Impressão sua... vamos!

Letícia – Hum!

Seguimos de volta pra ambulância e depois pro centro...

Letícia – Já decidiu se vai voltar pra equipe?

Henry – Não!

Na verdade, já..., mas não vou contar pra ela.

Letícia – Humm... estou ansiosa pra voltar a trabalhar com você.

Fico em silêncio e ela insiste...

Letícia – Nossas saídas não são mais a mesma coisa sem você.

Olho pra ela e penso se talvez não esteja na hora de lhe dar uma chance...

Letícia – O que foi?

Henry – Nada... acelera, deve ter mais feridos pra trazer pro hospital.

Ela balança a cabeça e acelera...

Emanuelly narrando

Trabalhar na emergência é a pior coisa que tem... dói na alma ver tanta criança sofrendo assim. Uma linda menina de aproximadamente uns 11 anos... seu estado é grave, não posso perder mais uma criança... minha cota se foi com o pequeno Caíque.

Enfermeira – A pressão está caindo... 9/5... 8/4...

Emanuelly – Anda, meu amor... reage!

Enfermeira – Continua caindo... 6/4

Emanuelly -Preparem o carrinho de para e já deixe carregado em 50!

A enfermeira faz o que pedi e deixa tudo preparado...

Enfermeira – Ela está parando...

Inicio a massagem cardíaca e o aparelho apitou...

Emanuelly – Afastem!

Pego o desfibrilador e a enfermeira coloca os adesivos no peito da garotinha... Primeira tentativa e nada...

Emanuelly – Carrega em 100!

Segunda tentativa... nada!

Emanuelly – Eu não vou declarar seu óbito... reage, meu amor!! Carrega em 150...

 Já estava exausta quando tentei pela terceira vez... a maquina volta a apita e eu, a respirar...

Enfermeira – Pressão está normalizando... parabéns doutora!

Emanuelly – Parabéns pra nós... obrigada!

Ela dá um sorriso e falo pra elas a levarem pra UTI...

Quando estava saindo, escuto alguém chamar um nome conhecido e olho pra porta... ele disfarça e vira pra sair. O vejo saindo com uma linda mulher e sinto uma pontada no peito... O que foi, Emanuelly? Você não está aqui pra isso, lembra?

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