Ela sabe...

Assim que toco em suas mãos, todo meu corpo arrepia e o dela também... não, ela sabe quem eu sou!

Dra. Emanuelly – É... é... sentem-se, por favor!

Ela fica sem jeito e dou um sorriso discreto...

Dra. Emanuelly – E como está essa mocinha em casa?

Glória – Está bem... não teve mais febre e nem nada do tipo. Semana passada ela teve um pequeno resfriado, nada demais.

Dra. Emanuelly – Ah sim... conseguiu marcar a consulta com o dentista e o oftalmologista que eu pedi?

Henry – Marcamos sim... os dois pra semana que vem!

Ela olha pra mim, e lhe dou um pequeno sorriso...

Dra. Emanuelly – Ok... o senhor tem alguma dúvida ou alguma pergunta que queira fazer antes de eu pesar a Malu?

Acabo rindo do jeito que ela me chamou, mas logo me recomponho e volto pra Malu...

Henry – Sim...Filha, não quer brincar um pouco? Ela pode?

Dra. Emanuelly – Claro!

Ela corre pros brinquedos e abro um sorriso...

Henry - Minha mãe me disse que a senhorita encaminharia a Malu pro psicólogo infantil se precisasse... eu acho melhor levar ela de uma vez. Ela começou a perguntar da mãe e sinceramente, não sei o que responder.

Glória – Você não me disse isso!

Dra. Emanuelly – Eu entendo sua preocupação..., mas ela ainda é muito nova pra expor ela a outro profissional sem um motivo alarmante... No caso um trauma muito grande ou qualquer outro fator que leve um dano no psicológico dela. Confia em mim, o melhor pra ela agora é que você se prepare para esse tipo de pergunta do que a colocar em um tratamento com outro profissional que ela terá que aprender a interagir. Ela é esperta e muito aberta a novas pessoas, eu já percebi isso..., mas é apenas um conselho que estou te dando, se o senhor preferir, posso sim encaminhar ela.

Henry – Entendi...

Glória – Vamos ouvir a médica, filho... ela tem razão!

Respiro fundo... sei que ela tem razão, mas não sei nem por onde começar...

Henry – Tudo bem...

Ela abre um pequeno lindo sorriso que faz meu coração voltar a saltar dentro do peite...

Emanuelly narrando

Não acredito que é ele... o pai da Malu, é ele!

Assim que meus olhos cruzaram os seus, a sensação daquela noite voltou. Precisei me segurar pra não deixar transparecer que estava surpresa em o ver e ao mesmo tempo um pouco e estranhamente feliz.

Desejei te encontrar novamente, mas o cansaço e a falta de tempo, me impediram de voltar aquela boate.

Meu coração bate forte e em minha mente passam lembranças daquela noite... tento me concentrar ao máximo para ele não perceber, mas acho que não vai dar muito certo.

Vi em seus olhos o quanto ele estava surpreso também por me ver... o brilho em seu olhar não esconde o quanto ele gostou disso, o que me causa uma pontada no peito. Deu pra ver também o quanto ele está angustiado com a questão da Malu... confesso que eu também estou. Ela é muito nova pra estar apresentando tantos sinais do quanto na mãe lhe faz falta. Geralmente esse questionamento surge um pouco mais tarde quando a criança começa a entender as coisas com mais clareza.

Emanuelly – O senhor tem que ficar de olho no comportamento dela e tentar inserir atividades no dia a dia dela, criar uma rotina que ocupe a cabecinha dela... isso vai ajudar.

Henry – Ok... vou tentar fazer isso sim.

Emanuelly – Ótimo, agora vou ver como está o peso dela... Se estiver o mesmo, vamos ter que melhorar ao longo do mês. Tinha dito pra senhora, dona Glória, que queria ver ela a cada dois meses..., porém, acho melhor agora no início ser todo mês, estão de acordo?

Henry – Por mim, tudo bem.

Olho pra ele que sorri e logo desvio meu olhar...

Glória – Eu disse que você gostaria da médica, filho... ela se preocupa com as crianças.

Henry – Gostei mesmo, mãe!

Seu sorriso quase me tira do eixo e tento não olhar pra ele...

Emanuelly – Então vamos pesar essa mocinha.... Malu, pode vir aqui?

Ela corre pra mim, e pula nome meu colo... o que me deixa surpresa.

Emanuelly – Uau... kkk

Glória – Cuidado, Malu!

Emanuelly – Tudo bem...

Coloco ela encima da maca e dona Glória tira sua roupa...depois de pesar ela, dona Glória a veste.

Emanuelly – Ela ganhou um pouquinho de peso, mas ainda não é o ideal... com as atividades ela vai ter menos tempo pra pensar na falta da mãe, consequentemente isso vai parar de fazer efeito em sua saúde.

Henry – Sempre fui tão cuidadoso com a saúde dela e agora...

Emanuelly – Não se culpe... isso é comum em crianças que não tem os pais ou um dos dois presentes. Vamos focar em retardar os efeitos disso e tenho certeza que ela vai ficar bem..., mas pra frente vemos a questão do psicólogo.

Henry – Obrigado!

Ele olha em meus olhos e fala sinceramente...

Emanuelly – Tem algumas vitaminas que podemos dar a ela..., mas prefiro deixar mais pra frente também por causa da idade, só vou passar se for muito necessário, tá?