Amigos?

Sinto meu coração aquecido e ela me dá um beijo na bochecha...

Emanuelly – De nada, minha princesa!

Converso mais um pouco com elas e depois vou almoçar... estou morrendo de fome, não tomei café e estou sem almoço. Tem hora que nem sinto fome, mas quando ela chega... kkkk sai de baixo!

Vou até o refeitório e arrumo minha comida... são raras as vezes que compro comida ou vou ao restaurante, as meninas aqui cozinham muito bem e sempre lembro de casa quando como a comida delas...

Sento em uma mesa e logo Bryan aparece...

Bryan – Posso sentar?

Ele fala já sentando...

Emanuelly – Se não tem outro jeito!

Bryan – Você sempre foi difícil assim ou algum cara partiu seu coração?

Emanuelly – Isso não é da sua conta...

Bryan – Ohhh... só estou tentando puxar assunto!

Emanuelly – Olha, foi um erro me envolver com você... podemos ser amigos, mas vai ter que parar de tentar alguma coisa a mais comigo.

Bryan – Não quero ser só seu amigo!

Emanuelly – Então seremos apenas colegas de trabalho!!

Bryan – Calma... tá bom, aceito ser seu amigo!

Emanuelly – Sem investidas?

Bryan – Sem investidas!!

Emanuelly – Ótimo!!!

Bryan – Como está o garoto que você levou pro UTI?

Emanuelly – Estável... teve queimaduras em quase 80% do carpo, está sentindo muita dor.

Bryan – Imagino... e os pais, sobreviveram?

Emanuelly – Os idiotas nem em casa estavam... me deu uma raiva!

Bryan – Isso é revoltante mesmo...

Emanuelly – Nem fale!

Bryan – Infelizmente, a menina que peguei não resistiu... o pior é que a mãe está sendo operada e nem sabe ainda.

Emanuelly – Essa é a pior parte do nosso trabalho!

Bryan – Pois é... se fosse ver por esse lado, jamais teria escolhido essa profissão.

Emanuelly – Exatamente!!

Bryan – Ainda tem mais ambulâncias pra chegar, parece que o dia vai ser longo!

Emanuelly - Espero não ter que dar nenhuma notícia triste pra algum familiar.

Bryan - Era pra eu ter desejado isso mais cedo, agora já era!

Emanuelly – Boa sorte... estão me chamando, bom apetite.

Me levanto correndo, coloco a bandeja no lugar e corro pra emergência... Vamos salvar mais uma vida!!

Henry narrando

O dia foi extremamente cansativo... infelizmente tivemos muitas baixas hoje. Nosso tempo de resposta é o menor de toda a região, e mesmo assim, nem sempre conseguimos os resultados que esperamos. A equipe voltou destroçada pra base, isso sempre mexe com todos. O maior número de vítimas fatais eram crianças.... Crianças! Meu pensamento a todo momento, era na Malu... oro todos os dias pra não sentir a dor que aqueles pais estão sentindo.

Capitão – O dia não foi fácil... salvamos muitos, porém, perdemos muitos também. Sei que estão frustrados..., mas vi vocês dando o sangue pra salvar aquelas pessoas. Sempre digo que tem dias bons e dias rins... apesar do número de vidas salvas ter sido maior que as fatais, o sentimento é de não ter sido um bom dia, como não foi. Nosso lema é VIDAS ALHEIAS E RIQUEZAS SALVAR... Vamos honrar as vidas que se foram nos preparando para fazer melhor da próxima vez.

Todos – Sim, capitão!!

Ele se retira e fomos guardar os equipamentos...

Leticia – O dia foi estranho hoje, né?

Henry – Sim!

Leticia – Quer sair pra beber alguma coisa... o pessoal vai também!

Henry – Prefiro ficar com minha filha, valeu!

Entro no vestiário masculino para tomar um banho... depois me arrumo e entro no meu carro. Tudo que eu mais quero agora é ver como minha estrelinha está... fiquei preocupado quando minha mãe me ligou e disse que a pediatra tinha segurado ela lá pra mais alguns exames, espero que não seja nada muito grave.

Quando cheguei em casa, ela estava deitada em sua cama vendo desenho... normalmente ela está sempre brincando e correndo pela casa, o que me deixa mais preocupado... ela é ativa e alegre.

Glória – Oi filho!

Ela fala chegando na porta do quarto onde estava parado olhando pra Malu...

Henry – Oi, mãe... o que a pediatra disse?

Glória – Tudo normal mesmo... disse que vai monitorar a questão do emocional e se for o caso, encaminhar ela pro psicólogo infantil.

Balanço a cabeça e os olhos começam a lacrimejar... não aceito minha filha sofrendo por uma desgraçada que não quis nem olhar pro rosto dela quando nasceu. Se eu pudesse proteger minha pequena de tudo isso!

Ela levanta a cabeça e olha pra mim, com um sorriso lindo... caminho até ela e sento a puxando para deitar em meu colo...

Henry – Oi, minha estrelinha!

Malu – Oi papai!

Henry – Como você está?

Malu – Bem... a médica dixe que tô bem.

Henry – Mas e você... está se sentindo bem mesmo?

Malu – Xim...

Henry – Que bom... quer dormir agarradinha com o papai hoje?

Malu – Xiiiiiiimmmm!!!

Ela levanta e fica pulando na cama... minha mãe olha pra ela rindo e depois diz que vai embora. Nos despedimos dela e depois vou preparar o jantar... ou só pensar mesmo, minha mãe sempre deixa o jantar pronto.

Como já tinha janta pronta, fui tomar um banho e depois fui jantar com Malu... brincamos um pouco e depois deitamos na minha cama...

Henry – Filha, posso te perguntar uma coisa?

Malu – Xim...

Henry – Papai percebeu que você está meio tristonha esses dias... por que?

Ela se encolhe e se aconchega em meu peito...

Henry – O que foi, filha? Assim você deixa o papai preocupado!

Malu – Dicupa!

Henry – Não precisa se desculpar, meu amor... papai te ama, você sabe disso, né?

Malu – Xei xim...

Henry – Você quer uma mamãe?

Malu – Quem é minha mamãe?

Respiro fundo e ela olha com os olhos tristes para mim...