Defendendo minha filha

Júlio narrando

Quando saímos do quarto da Ju, topei com o causador de toda essa confusão, sentado na recepção, ainda não entendi o que ele estava fazendo lá...

A minha primeira reação foi de avançar em cima dele, mas minha doce esposa segurou em meu braço e pediu-me calma, visto que estávamos dentro de um hospital. O engraçadinho queria informações sobre ela e disse que esperaria o tempo que fosse preciso para conversar com ela.

Logo falei:

— Está pensando ser o quê?! Não permito e não permitirei que se aproxime da minha filha nunca mais. Está proibido de chegar perto dela e se for preciso, peço medida protetiva contra você.

Caio: Sr. Júlio, eu preciso explicar-me para ela, eu e ela precisamos conversar.

Júlio: Deveria ter se explicado há anos atrás. Não consegue perceber o que causou e causa até hoje? Você não chega perto da minha filha!

Marina: Júlio, se acalme, ainda estamos no hospital. Caio, esse não é o melhor momento para essa conversa e esse não é o melhor local para se tratar desse assunto. Se for o desejo de Juliana, um dia vocês conversam, mas isso não irá acontecer hoje e nem agora. Vá descansar e quando houver uma oportunidade, vocês se falam.

Júlio: Não ouse chegar perto da minha filha. Eu não permito!

Marina: Tudo bem, Júlio. Deixe isso para lá, vamos para casa, precisamos arrumar tudo para recebermos a nossa princesa em casa. Caio, por favor, em outro momento, com os ânimos mais tranquilos, você tenta novamente.

Caio: Tudo bem. (virou-se para sair e seguiu o seu caminho)

Marina: Venha, meu amor, vamos descansar.

Após esse reencontro terrível, procurei acalmar-me e seguimos para a nossa casa. Marina sabe mesmo como controlar certas situações. Se não fosse por ela e pela minha filha, teria feito o que não devia há muito tempo.

Rodrigo Narrando

Juliana é a pessoa mais doce que já conheci em toda a minha vida. Conheço um pouco da história dela, pois em certo momento, presenciei uma das suas crises de ansiedade. Ela nunca me falou o que realmente aconteceu, mas sei que ela carrega uma dor e mágoa muito profundas quanto a esse cara e ela simplesmente não consegue se abrir para ninguém e tudo isso por culpa do Caio. Ele destruiu o psicológico dela, mesmo que tenha sido algo na adolescência, significou muito para ela a ponto de fazê-la sofrer até hoje.

No começo, cheguei até a sentir amor por ela, mas depois deixei esse sentimento de lado e passei a enxergá-la apenas como minha amiga, foi melhor para nós dois. Chegamos a ter uma relação muito bacana, mas ela não conseguia se entregar na mesma medida que eu e antes que isso nos afastasse para sempre, ela achou melhor continuarmos como amigos. Foi melhor assim!

Prometi a ela há um tempo, que cuidaria dela independente de qualquer coisa e é por isso que estou aqui.

Quando eu vi o "cara" na recepção, logo entendi tudo, não precisava ser nenhum estudioso para compreender o que estava a acontecer. Os pais dela ligaram-me e contaram por alto, mas logo saquei assim que vi o rapaz. Juro que se eu pudesse, quebraria ele ao meio, só por machucar ela, mas não posso fazer isso, ela me mataria se o fizesse.

O que preciso fazer agora, é cuidar dela e nesse momento estou a fingir dormir aqui nesse sofá horrível, para ver se ela consegue. Assim que escutei a sua respiração um pouquinho mais pesada, percebi que ela estava a dormir profundamente, cheguei a escutar um pequeno ronquinho. rsrs

Saí do quarto e fui em busca do causador desse problema, queria entender o que houve e o porquê de tê-la feito sofrer tanto assim. Mas ao chegar lá, percebi que ele não estava e voltei a fazer o que me propus, cuidar dela.

Ao retornar, sentei-me na cama e fiquei a observá-la, meu coração apertou por vê-la nessa situação. Minha amiga não merece isso! Farei de tudo o quanto puder, para ajudá-la.

Juliana Narrando

Acordei essa manhã me sentindo bem melhor, mas o engraçado foi que quando tentei levantar-me, senti um peso na minha cintura. Olhei para o lado e vi o causador do peso ao meu lado. Fiquei em silêncio observando-o e pensando no motivo pelo qual eu me recusei a tentar ter algo mais sério com ele.

Quando preciso, ele sempre está ao meu lado, é um excelente amigo, companheiro, conselheiro e faz-me muito bem. Por que não mandamos nos nossos sentimentos?

Ele acordou e pegou-me no flagra!

Rodrigo: Tá me olhando com essa cara, por quê? Vai se apaixonar desse jeito...

Juliana: Engraçadinho! Estava a esperar você tirar esse chumbo, que você chama de braço, de cima de mim.

Rodrigo: Ah! Desculpe-me, fiquei tentando cuidar de você e acabei pegando no sono. Não percebi estar em cima de você. 😄

Juliana: Sei, sei... 😒 kkkk

Rodrigo: Vai se arrumar, daqui a pouco o médico vem dar alta para você e vou te levar para casa.

Juliana: Tá bom, chato!

Rodrigo: Vou sair e aproveito para pedir o seu café.

Juliana: Prefiro tomar em casa...

Rodrigo: Você tomou muitos remédios, não é bom ficar de estômago vazio, em casa você toma café novamente.

Juliana: Vou explodir, desse jeito.

Rodrigo: Esse é o objetivo, assim você me dá menos trabalho... Kkkkk

Juliana: Eu vou te matar, Rodrigo. Saia agora daqui 😡

Rodrigo: Vai nada, você me ama!

Juliana: Ridículo! (grita, pois ele já havia saído do quarto e dá um leve sorriso)

Narrador

Nesse intervalo, Juliana pensou em como seria mais fácil se ela tivesse conseguido se apaixonar pelo Rodrigo. Ele cuida tão bem dela...

"Por quê não mandamos no nosso coração?!" - Ela pensou.

Ele é uma pessoa tão bacana, tão especial, a sua família a trata tão bem! E ela simplesmente não conseguiu sentir amor por ele. Vai entender...

Enquanto se trocava, ela ia pensando nessas coisas e perdeu-se tanto nesses pensamentos, que acabou por nem perceber que alguém havia entrado no quarto e estava observando-a.

Sim, Caio estava lá, olhando para ela, que estava de costas para a janela, penteando os cabelos, havia pelo menos uns 5 minutos. Ela estava tão perdida, que ele chegou a chamá-la, mas ela não ouviu...

Juliana narrando

Ouvi alguém chamar-me e virei-me rapidamente pensando ser o Rodrigo, mas para a minha surpresa, novamente, ele estava de pé na minha frente. O susto foi tão grande, que cheguei a desequilibrar-me e quase caí no chão, se não fosse por sua rapidez em segurar-me.

Nesse momento, os nossos olhos encontraram-se, nos conectamos como se fossemos imãs e mais rápido do que eu pudesse raciocinar, ele beijou-me.

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