Capítulo 19

POV ALANA

- Você sabe ser má quando quer. - Brad ria quando terminei de contar como foi quando Shawn apareceu na minha casa.

- Você não pode falar de mim porque fez a mesma coisa na confeitaria.

Ele levanta as mãos em sinal de rendição e eu não consigo evitar a risada.

Poucos minutos depois que Shawn saiu a campainha tocou de novo e dessa vez era Brad, até perguntei se eles não tinham se encontrado no elevador ou na entrada, mas Brad disse que não.

- Faço isso porque ele merece ter uma pulga atrás da orelha, mas não sei se a sua motivação é a mesma. - Brad diz sem olhar pra mim porque prestava atenção na estrada.

Estávamos indo visitar um novo apartamento pra ele, por isso ele passou lá em casa para me buscar, porque queria uma companhia para fazer a visita.

- Talvez eu só quero um pouco de vingança, não sei porque, mas pelo jeito ele se incomoda quando se trata de você. - Dou de ombros.

- Se ele soubesse que da fruta que você gosta eu chupo até o caroço ele não teria toda essa preocupação. - Brad gargalha de uma forma que é impossível não gargalhar também.

Brad era o típico amigo gay que servia para qualquer garota provocar ciúmes em qualquer carinha que estivesse afim.

- Você é idiota demais. - Falo em meio a risadas.

- Está na cara que ele ainda gosta de você, isso que ele sente não é incômodo, é ciúmes. - A convicção em sua voz era quase hilariante.

Eu não ia entrar nesse assunto de novo, por mais que Brad odiasse o Shawn, ele estava colocando a mão no fogo de que Mendes estava apaixonado por mim, as palavras que ele usou foi algo do tipo

“Te ver depois de anos deve ter mexido com ele e reascendido algo de novo”

Não que eu acreditasse nisso, mas se fosse verdade, eu gostaria de ver ele mal do jeito eu eu fiquei por conta dele. É insensível da minha parte, eu sei, mas acho que uma pessoa magoada faz muita coisa sem pensar nas consequências.

E depois de tanto tempo é impossível algo voltar a acontecer entre a gente, não somos mais os mesmos, estamos crescidos e amadurecemos, aqueles adolescentes ingênuos não existem mais.

- Cala a boca e dirige. - Reclamo pondo um ponto final nesse assunto.

Me acomodo melhor no banco voltando a ficar em silêncio.

...****************...

POV SHAWN

Não suporto a ideia de estar sentindo ciúmes de Alana, achei que isso estava totalmente sobre controle, mas pelo visto o meu coração gosta de me pregar algumas peças.

Eu vi quando o tal Brad estacionou na frente do prédio e desceu sorrindo para o porteiro, como se fosse muito íntimo dos funcionários

”ele deve passar muito tempo por lá”

Torço o nariz com o meu próprio pensamento, apenas a ideia já faz meu sangue ferver.

Enquanto dirigia aperto o volante com força quando o meu celular começa a tocar, atendo e ponho no viva voz.

\~Ligação On\~

- Alô? - Falo.

- Shawn, consegui uma apresentação de última hora em uma festa grande com figuras importantes, será muito bom para o seu reconhecimento, então se você estiver ocupado, desmarque tudo. - A voz autoritária de Lívia preenche o ambiente do carro.

- Para a sua felicidade eu confirmo que estou totalmente livre.

Não que isso fosse de fato os meus planos pra hoje, mas uma grande apresentação não seria uma má oportunidade.

- Perfeito, te mando os detalhes por mensagem.

\~Ligação Off\~

Ela desliga no momento em que termina de falar.

Pelo menos o resto do meu dia não seria uma total perca de tempo.

...****************...

- Porque temos que escolher guardanapos? Quem é que liga pra isso? - Faço uma careta enquanto levanto um pedaço de pano branco qualquer em uma das prateleiras.

Não sabia nem que tinha esse tipo de loja até ver isso na lista de Caroline e realmente pesquisar a respeito.

Ja estávamos a muito tempo vendo todo tipo de modelo de guardanapo possível, e eu nem sabia que era possível existir tantos tipos diferentes, até entrar aqui eu jurei que isso não iria dar trabalho algum, até porque imaginei que no máximo escolheríamos a cor.

Engano da minha parte, já vi guardanapo de tantos tecidos e cores diferentes que se me perguntar sobre todos eles eu não sei falar a respeito.

- Tudo bem Carol, estamos vendo os guardanapos, mas estarei em casa em algumas horas. - Alana falava com Caroline enquanto pegava e largava alguns itens da prateleira. - Sim, estarei em casa quando você chegar sim, nos vemos a noite. - Ela se despede e volta a prestar atenção em mim. - Será que você não consegue ficar sem reclamar não? - Alana diz sem olhar pra mim porque estava entretida demais vendo alguma espécie de prendedor de guardanapo.

Mais uma coisa que eu também não achei que era necessário e mais uma vez, eu também estava enganado.

Porém parecia muito ser um dinheiro jogado fora na minha opinião.

- Não estou reclamando, apenas fazendo uma observação. - Sorrio sem mostrar os dentes de forma forçada e ela revira os olhos. - Não faça isso. - A repreendo. Ela sempre soube que odeio quando reviram os olhos pra mim.

- Você odeia, eu sei. - Ela revira as íris verdes mais uma vez e sai em direção a outra prateleira repleta dos mesmos itens que já estávamos vendo.

Solto um suspiro e a sigo.

- Como foi a sua saída ontem? - A curiosidade dentro de mim falava muito mais alto do que o meu auto controle e eu queria muito tocar no assunto.

Ela para e me encara com a testa franzida, como se pensasse sobre o que eu estava falando, deixo ela refrescar a memória por alguns segundos até que ela solta um “ah” e ri.

- Foi boa. - Se vira e olha outra prateleira.

Só isso, ela não diz mais nada. Me priva de qualquer detalhe que possa explicar um pouco essa relação que eles tem.

Eu tentaria entrar mais a fundo no assunto mas como se estivesse fugindo de mim ela se vira para o balcão aonde a atendente se encontrava e caminha até ela.

- Gastamos muito desses dois modelos de prendedores e dos guardanapos de algodão, linho e seda. - Ela sorri como se fosse um anjo, e a olhando assim eu diria que parecia muito.

- Porque guardanapo de tecido? Não é mais simples e mais barato o de papel? - Falo baixo próximo do ouvido de Alana para que só ela escutasse.

Porém, ela me ignora e continua sorrindo para a atendente.

- Ótima escolha. - A moça simpática sorri também. - Eles são muito procurados para as festas de casamento, podemos gravar as suas iniciais, fica perfeito assim.

Me apresso em responder sorrindo.

- Adoraríamos gravar nossos nomes neles né amor? - Me aproximo de Alana enquanto passo o braço sobre seu corpo e pouso minha mão em sua cintura, sinto ela se encolher no mesmo instante.

- Por enquanto só queremos os orçamentos dessas opções por escrito por favor.

A voz de Alana soa baixa demais porém a mulher não percebe nada, apenas concorda e caminha até a parte de trás do balcão para passar as informações para um papel, posso ver o quanto as bochechas de Alana estão vermelhas.

- O que pensa que tá fazendo?

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