Capítulo 9

POV ALANA

- Legal essas tatuagens. - Shawn aponta para o meu braço aonde havia alguns pequenos desenhos que Brad tinha feito.

- Obrigada. - Respondo sem olhar pra ele.

- Não sabia que você queria fazer tatuagens. - Ele insistia em continua falando, não importava o quão grossa eu respondesse ele.

- Você esquece de que não me conhece mais, em cinco anos as pessoas mudam Shawn.

Ele fica em silêncio por um tempo e eu achei que finalmente tinha conseguido fazer ele calar a boca.

Eu tentava convencer a mim mesmo de que era isso que eu queria, mas respirei com mais tranquilidade quando a voz dele voltou a soar.

- Eu não tinha percebido essa sua tatuagem. - Ele aponta para o desenho de arame farpado em formato de coração no meu antebraço. Olho para o desenho e dou de ombros. - Tem significado? - Ele pergunta. Eu apenas o encaro por alguns segundos e não digo nada. - Qual é? Coração de ferro ou coisa do tipo?

Ele tenta adivinhar e da uma risada para tentar tranquilizar o clima que ele estava causando. E é tão fofo que eu tenho que me controlar para não rir com ele.

- Para que serve uma cerca de arame farpado? - Pergunto enquanto brincava com os pingentes da minha pulseira, sem olhar pra ele.

- O que? - Ele parecia inseguro sobre o que responder.

- Pra que serve? - Insisto.

- Para machucar alguém se tentar invadir? - Ele fala em tom de pergunta como se tivesse dúvidas disso.

- Quando você coloca o arame farpado não quer machucar quem se aproxima da cerca. - Tento não deixar meus pensamentos irem tão longe enquanto falo. - Você só que proteger o que está dentro. - Olho pra ele e quase me arrependo, ele estava com os olhos vidrados em mim. - A intenção nunca é machucar, é se proteger. - Explico.

Não me arrependi de ter o encarado porque eu sentia muita falta de poder olhar os seus olhos assim tão de perto, a vontade que eu tinha de levantar a mão e poder tocar o seu rosto era sufocante, seus lábios estavam rosados e só perdiam a minha atenção quando se tratava do par de olhos castanhos que me hipnotizavam, como sempre faziam a anos atrás.

POV SHAWN

Parecia que tudo que Alana falava nunca era tão simples, era sempre profundo e eu sempre queria saber mais e mais dela, mesmo estando longe eu sempre tentei saber de tudo que estava acontecendo com ela, até quando ela estava quase namorado um cara da faculdade, neguei ver fotos dele, mas Caroline fez questão de me mostrar em uma das minhas visitas a cidade. E por mas que eu sempre ouvisse falar dela agora eu me dava conta de que isso não era nada, nada comparado a saber o que se passava dentro da mente e do coração dela.

Já fazia quase uma hora que estávamos esperando, o sol estava muito quente.

- Vamos entrar no carro pra ligar o ar condicionado, não faz sentido ficarmos passando calor.

Pulo do capô e espero ela fazer o mesmo mas ela continua na mesma posição.

- Estou bem aqui.

- Alana eu estou vendo o suor escorrer do seu pescoço. - Ela estava com um coque deixando todo o pescoço a mostra, os fios de cabelo estavam colados e molhados na nuca e na testa.

Eu sustendo o seu olhar até ela descer e entrar no carro, antes mesmo do que eu. Ligo o ar e já começa a refrescar no mesmo instante.

- Muito melhor né? - Pergunto sorrindo.

Ela não responde, inclina um pouco o banco e se encosta pra trás fechando os olhos. Estava tão linda , seu peito subia e descia no ritmo lendo da sua respiração, sua pele brilhava um pouco por conta do suor ainda, suas mãos estavam entrelaçadas sobre sua barriga.

- Para de me olhar. - Diz em tom firme sem abrir os olhos.

- Como… como você sabia que eu estava olhando? - Gaguejo um pouco ao perguntar.

- Previsível demais Shawn. - Ela faz um bico.

Previsível? Como assim previsível?

- Você por acaso está namorando? - As palavras saltam rápido da minha boca.

- Como é que é? - Ela volta a se sentar rápido no banco.

Eu queria muito saber se aquele rapaz que vi com ela era alguém que eu devesse me preocupar, na verdade eu não deveria me preocupar com ninguém porque a chance de ela se quer olhar pra mim de outra forma, como já havia olhado um dia, era praticamente nula.

Mas eu estava me corroendo de curiosidade de saber se ela tinha alguém ou não.

- Ficou surpresa? Achei que eu fosse previsível. - Dou de ombros tentando agir da forma mais normal possível.

- Eu não vou te responder isso. - Ela faz uma careta.

Se ela não queria responder é porque existia algo sim, as pessoas não dificultam respostas quando não tem nada a esconder.

- Então você está!?

Minha voz sai embargada, eu me sentia decepcionado, mas não deveria.

- Você sabe que isso não é da sua conta né? Você não tem nada a ver com a minha vida pessoal.

Ela tira o óculos de sol que estava no topo da cabeça e joga no painel do carro. Esse diálogo estava ridículo.

- Não acredito que você não quer me responder uma simples pergunta. - Falo indignado.

Bato no volante e olho pra frente através do pára-brisa, tirando totalmente os olhos de cima dela. Se estava namorando era só ela falar que estava, não precisava de todo esse drama.

- Você é tão infantil. - Ela reclama.

Vejo pelo canto do olho que ela começar a arrumar a posição do banco, e se escora nele com os braços cruzados. Eu acabei com o clima “tranquilo” que estava.

- Você está namorando por acaso? Pra querer saber de mim? - Fico surpreso ao ouvir sua pergunta.

- O que tem a ver uma coisa com a outra? - Arqueio a sobrancelha

Se ela não queria responder eu também não iria.

Ela tinha razão, isso estava infantil demais.

- Eu tinha esquecido o quanto você me estressa.

E eu tinha esquecido o quanto ela poderia fazer o meu sangue ferver tão rápido, eu estava irritado e mesmo assim na minha cabeça estava uma vontade absurda de calar a boca dela com a minha.

- Eu te estresso? Você dificulta tudo, eu te fiz uma simples pergunta que poderia ser respondida apenas com sim ou não. E mesmo assim você não responde nada. - Meu corpo já estava novamente virado na direção dela.

- Eu não estou tá legal? Não tô namorando. - Ela grita.

Ainda bem que estávamos em uma rua deserta,caso contrário, com certeza alguém já teria chamado a polícia achando que nos mataríamos aqui.

- Eu também não. - Grito de volta.

- Ótimo. - Pontua ela

- Perfeito.

Nosso tom de voz alto nos deixou eufóricos, nos olhávamos e eu podia ver a vermelhidão no seu pescoço me mostrando o quanto ela tinha ficado irritada com o assunto.

Meu olhos caem dos seus para a sua bochecha rosada e depois para a sua boca, tão convidativa que era impossível desviar o olhar.

Me inclino em sua direção e ela não recua, algo dentro de mim estava muito surpreso por perceber isso, eu estava me aproximando e ela aparentemente estava permitindo.

Levanto minha mão pondo na lateral do seu rosto com os dedos encostando no seu pescoço e o polegar roçando na sua bochecha, ela fecha os olhos com o toque e eu me sinto flutuar de poder finalmente tocar nela.

Eu me deliciava ao máximo durante os segundos que me aproximava dela, já podia sentir a sua respiração se misturar com a minha, seus olhos ainda permaneciam fechados e eu levei isso como um sinal de consentimento.

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