POV ALANA
O expediente finamente tinha acabado e estamos nos preparando pra ir embora.
- Juízo, que você já se divertiu demais por hoje Alana, boa noite. - Max sai rindo pela porta na minha frente, enquanto eu o seguida também rindo.
- Nos vemos amanhã. - Aceno e atravesso a porta de saída ainda olhando pra ele.
Quando lhe dou as costas e me viro para seguir o meu caminho algo me faz parar imediatamente.
Não sei se estava vendo coisas, se talvez era efeito das duas doses de vodka que eu tomei escondido com as três garotas no bar que comemoravam a despedida de solteira de uma das amigas, mas eu estava vendo Shawn parado exatamente como na primeira vez que nos falamos de novo.
Como um Déjà vu, ele escorado no poste e mexendo no celular.
Não consigo falar nada, me aproximo dele devagar e ele não percebe isso, talvez estava tão entretido que nem tenha nos escutado falar tão próximo dele. Paro bem ao seu lado e toco o seu braço para chamar a sua atenção.
- Alana. - Ele diz meu nome de forma assustada.
- Aconteceu alguma coisa? O que você tá fazendo aqui? - Pergunto verdadeiramente curiosa, porque a última coisa que eu esperava era encontrar com ele essa noite.
- Aconteceu sim. - Ele diz sério enquanto estalava os dedos nervoso.
- Aconteceu o que? - Estava tensa.
- Eu não consegui dormir. - Sua fala soa como uma confissão.
- Porque não? - Não sei porque mas eu estava com medo da resposta.
Mudo minha mochila de mão quando o peso dela começou a me incomodar, ele coça a lateral da cabeça o que só me deixa mais apreensiva ainda.
- Shawn eu já estou ficando preocupada, desembucha. - Falo impaciente.
- Não consegui dormir porque estava pensando em você.
Ele joga as palavras no ventilador assim, sem aviso prévio e com certeza sem pensar no peso que elas teriam em cima de mim.
Tenho certeza que meu coração para por um instante e posso sentir minhas pernas tremerem.
“Isso não pode fazer tremer as suas pernas.”
Reprimo a mim mesma.
Ele fica olhando diretamente nos meus olhos sem desviar aquelas íris castanhas em nenhum nenhum momento, eu não sei o que responder, queria muito que eu não tivesse gostado de ouvir isso, mas infelizmente eu gostei
“Você não pode se apaixonar de novo”
Uma voz soa no interior da minha mente, isso era uma promessa feita para mim mesma e eu não quebraria isso.
- Eu não tenho tempo pra isso. - Obrigo minhas pernas a saírem do lugar, mesmo que com muito custo.
Dou passos apressados na intenção de me distanciar e ele não vir atrás de mim, mas assim como na primeira noite, ele ignora tudo isso e me segue.
- Essa tarde, com você, foi muito bom. - Ele parece escolher muito as palavras que usa.
- Sim, foi bom. Ajudar amigos é sempre bom. - Falo como se a única coisa que aconteceu essa tarde foi a escolha de bolos.
Respiro devagar enquanto conto mentalmente, para talvez pensar em qualquer coisa menos no que ele tinha me falado.
- Você sabe do que eu estou falando, nós iríamos nos beijar. - Ele faz uma pausa. - De novo. - Fala com ênfase.
- Não iríamos não, já te falei que aquele dia foi um erro, um erro que não voltaremos a repetir. - Direciono meu olhar para que ele pudesse ver que eu estava falando sério, mas um erro mesmo foi eu ter feito isso.
Ele estava andando tão próximo de mim que seu braço quase estava roçando no meu
- Porque você vê tudo dessa forma? Como se tudo fosse coisa ruim? - Ele parecia inconformado.
- Se tratando de nós dois é sempre assim. - Falo firme.
A palavra “nós” saindo da minha boca faz a minha língua formigar.
Não podia me deixar levar pela meiguice de suas palavras, até porque a cinco anos ele falava muito mais do que isso e mesmo assim foi capaz de ir embora.
- Você não pode ter esse ódio de mim o resto da sua vida. - Ele quase ri quando diz isso.
- Ah, posso sim. - Respondo como se fosse um aposta entre nós dois.
Já estávamos quase em frente ao meu prédio, faltava apenas alguns metros.
- Você tá falando sério? - Ele para de andar abruptamente e mesmo que eu quisesse que meu corpo continuasse o seu caminho, ele para também.
- Se eu posso te odiar o resto da vida? Posso sim. - Reafirmo. Isso não era verdade.
“Você não odeia ele”
Algo grita dentro de mim.
- Você me odeia mesmo Alana? - Tinha dor em seus olhos e ele não parecia acreditar nisso.
Junto todas as células do meu corpo que eram capazes de mentir e respondo ele.
- Odeio. - Falo fria.
“Você não odeia ele”
Ignoro a voz na minha mente.
Me viro para continuar andando, porém quando eu estava quase atravessando a porta ele me puxa pelo braço fazendo olhar pra ele mais uma vez.
- Você não é capaz de me odiar, não depois de tudo que a gente já passou, me recuso acreditar nisso.
Algo dentro de mim ferve ao ouvir ele falar sobre coisas que já vivemos, o que isso poderia importante tanto pra ele? Não era o que ele demonstrava com suas atitudes.
Ele não solta meu braço e diz as palavras com muita convicção, poderia até acreditar que ele estava sendo muito sincero com seus sentimentos no momento, mas provavelmente só não aceita que está perdendo em algo.
- Se recusa? - Dou uma risada alta demais para o horário que estávamos na rua. - Tudo o que a gente passou junto foi apagado pra mim, não existe mais, acabou. - A cada palavra que eu dizia podia ver algo apagar em seus olhos. - Durante todos esses anos a única coisa que permanece intacta, é o ódio que eu sinto por você. - Puxo meu braço fazendo com que ele me largue e dessa vez ele não tenta me impedir, seus olhos nem piscavam enquanto me observavam atentamente. - Depois de tudo que deixou pra trás, isso foi tudo que restou de você. - Cuspo as palavras
“Você jamais vai odiar ele”
Viro as costas antes que não tenha mais coragem e nem palavras para dizer a ele. Eu sempre soube que a minha decisão de me manter longe dele não seria fácil, mas eu não poderia voltar a baixar a guarda pra ele, pra ele não.
Durante o trajeto até o elevador eu sinto que desaprendi a andar, não tenho a audácia de olhar pra trás pra ver se ele permanecia lá, mas algo dentro de mim dizia que sim.
POV SHAWN
“Ela não me odeia.”
Isso não é verdade, ela é apenas uma boa mentirosa, muito convincente.
“Ela não me odeia.”
Eu ficava repetindo isso na minha mente afim de me convencer e isso fazer algum sentido, ela só estava magoada, apenas isso.
Mas ela está muito enganada se acha que eu vou desistir de tentar só porque ela tem coragem de falar palavras pesadas pra mim, ela tem coragem de me machucar mas esquece que eu também já fiz isso com ela antes.
Não é algo que eu tenha que me orgulhar, minha atitude foi muito equivoca a anos atrás, mas nós dois fizemos isso pelo mesmo motivo, proteger ela.
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Atualizado até capítulo 87
Comments
DALILA
maravilhosa ❤️
2023-10-10
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