POV ALANA
Quando retornei ao bar as músicas de sempre das caixas de som eram as que preenchiam o ambiente, senti uma mistura de alívio e frustração com isso. Fiquei com raiva de mim mesma por querer olhar pra ele mais um pouco.
O restante da noite se arrastou de uma forma como nunca acontecia.
- Boa noite Alana. - Max acena pra mim assim que saímos do bar já que sempre íamos em direção opostas.
- Até amanhã Max. - Aceno de volta.
Desfio o olhar de Max para seguir o meu caminho mas algo me impede. Shawn usava calça e blusa de moletom e estava com as costas escoradas em um poste logo a minha frente, com uma perna esticada e a outra dobrada para que a sola do pé também estivesse no poste, ele estava distraído com o celular na mão quando levanta o olhar e me vê, ele guarda o aparelho imediatamente e endireita a postura.
- O que você tá fazendo aqui? - Não sei nem como consegui falar, mas essa foi a primeira pergunta que fiz pra ele depois de todo aquele tempo.
POV SHAWN
Depois que eu deixei o Jack’s não conseguia parar de pensar nela, dos seus olhos colados em mim, minhas mãos formavam de forma estranha que era até difícil dedilhar o violão.
Cheguei a deitar pra tentar dormir mas meus pensamentos não me permitiam isso, olho ao relógio e já era quase uma da manhã, Caroline diz que esse é o horário que geralmente Alana deixa o bar.
Me levanto em um pulo da cama sem nem trocar de roupa, vou da forma que estava mesmo, espiro aliviado quando chego em frente ao local e as luzes ainda estão acesas, isso indicava que ela ainda não teria ido embora.
Paro bem próximo a saída e nem precisei esperar muito até ouvir a sua voz.
- O que você tá fazendo aqui? - Ela recua um passo quando me vê.
- Alana, eu queria conversar com você. - Guardo o celular no bolso nervoso, eu nem sabia o que iria falar.
- Conversar? - Ela ri um pouco. - Você quer conversar? Isso é novidade.
Ela começa a andar como se eu nem estivesse ali, seus passos eram apressados e eu demoro um pouco até perceber que ela não iria parar, me apresso e alcanço ela segurando seu braço para que ela prestasse atenção em mim.
Quando minha mão toca o braço dela é como se uma corrente elétrica passasse por nós dois, ela puxa o braço com força como se estivesse reagindo a um choque, eu me assunto.
- Não me toca. - Ela diz entre dentes, parando de andar.
- Tudo bem, tudo bem, desculpa. - Levanto as duas mãos e me afasto um pouco, mas continuamos ali. - Eu queria pedir desculpas também por aparecer sem avisar, logo no seu local de trabalho.
Ela parecia muito desconfortável e deveria estar mesmo.
- Avisar? Quando você se preocupou em me avisar de algo? - E lá estava ela com quatro pedras na mão.
- Alana não dificulta as coisas, por favor. - Peço.
- Longe de mim querer dificultar as coisas pra você Shawn. - Ouvir depois de tanto tempo o meu nome sair da boca dela, era pra ser bom demais, mas a expressão que estava no rosto dela não indicava nada de bom.
- Eu queria me desculpar… - Começo a falar mas ela me interrompe e começa a andar de novo, porém eu vou atrás dela.
- Se desculpar pelo que? Por parecer no meu serviço? Por ser tão amigo da minha melhor amiga? O que me irrita profundamente. Por ter ficado mais de cinco anos sem falar comigo? Por ter ido embora? - Ela vai levantando um dedo de cada vez enquanto vai faltando, achei que tinha acabado, mas ela vira o rosto pra mim e fala sua última questão com o tom bem mais baixo. - Ou por ter me abandonado?
Eu deveria ser masoquista por querer muito estar aqui com ela mesmo que fosse pra ela me tratar dessa forma, pelo menos estou falando com ela, vendo ela e por alguns segundos até toquei ela.
- Eu nunca quis abandonar você. - Sinto gosto de sangue na boca, não sei se era pelas palavras que acabaram de sair dela ou pelo fato de eu ter forçado tanto o dente no meu próprio lábio.
Eu queria tanto abraçar ela.
- Nunca quis? Mas foi isso que você fez. Sabe de uma coisa Shawn? Não sei o que você está fazendo aqui, você não precisa vir aqui se explicar por algo tão pequeno assim, se você conseguiu ficar todo esse tempo longe sem tentar se explicar, você não deveria se preocupar agora se algo me incomoda ou não.
A mágoa que ela tinha por mim e pelo fato de eu ter ido embora era muito explícita, e eu não podia julgar ela, não deve ter sido nada fácil passar por tudo aquilo.
Já andávamos a um tempo e já estava bem próximo do apartamento dela.
- Eu aceito que você nunca vai me perdoar por isso, só acho que como vamos ajudar Carol e Cam, temos que saber conviver.
- Não coloca eles no meio disso, não precisamos sermos amigos pra isso, vamos fazer o que tiver que fazer e pronto, ok? - Ela aponta o indicador pra mim.
- Tá certo.
É só o que respondo, eu não podia forçar demais na primeira vez que falasse com ela, cinco anos não se resolveriam tão rápido assim. Continuamos andando em silêncio.
- Shawn. - Cada vez que ela falava o meu nome era como um presente. - Achei que já tínhamos conversado, pra onde você tá Indo? - Ela parecia impaciente e falava alto demais pra quem estava andando na rua de madrugada.
- Estou te acompanhando, está tarde. - Falo como se fosse óbvio, ela começa a rir.
O sorriso que ela exibia parecia apenas querer esconder o que de fato sentia, eu sei que ela não lidava tão bem com o fato de eu estar aqui, quanto queria que eu pensasse isso.
- Eu faço esse trajeto a anos, toda noite, você nunca esteve aqui, porque precisaria estar agora? - Arqueia a sobrancelha.
Ela tinha o dom de conseguir me machucar com as palavras, mas eu iria reclamar de que? Já que fiz isso tantas vezes com ela, escondo o fato de ter doído ouvir aquilo e ignoro, mas continuo andando.
- Você não mudou em nada, continua teimoso. - Ela bufa impaciente.
- Você tá errada, eu mudei muito. - Falo determinado.
- Parece o mesmo garoto de sempre. - Ela enfatiza a palavra garoto, soou como uma ofensa aos meus ouvidos.
- Porque você não vai com o seu carro? - Preferia tomar as rédeas das perguntas.
- Não tenho carro. - Responde seca.
- Como não tem? Óbvio que tem - Ela me impede de continuar falando.
- Caroline comprou o meu carro, eu não dirijo mais. - Não parecia ser um assunto agradável, mas talvez por ser eu falando, nenhum assunto seria agradável.
- Você adorava a ideia de dirigir. - Falar sobre algo que ela gostava como se eu ainda fosse íntimo dela me fez ter uma sensação estranha.
- Não mais, não depois do acidente. - Ela não me olha aí responder.
Claro, o acidente dela, isso com certeza deve ter mexido com a confiança dela, afinal muita gente fica com trauma depois de sofrer um acidente.
Não falo nada e muito menos ela, continuamos em silêncio até estar na porta do prédio dela.
- Já estou em casa, está contente? - Ela para, se vira na minha direção e abre os braços. Por um momento achei que estava me chamando para um abraço, mas não, acho que era só uma atitude irônica dela mesmo.
- Boa noite Alana, na segunda feira eu te pego aqui as duas horas da tarde, para cumprir o primeiro item da lista.
Me distancio alguns passos dela mas não desvio os olhos, ela abre a boca como se não soubesse o que falar por um tempo e eu reprimo a vontade de sorrir.
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Atualizado até capítulo 87
Comments
Maria Julia Valença
vai ser difícil, mas nós vamos conseguir sua garota de volta Shawn, não desiste cara, quem vai acabar desistindo sou eu, mas tudo bem, tudo bem.
Querido, vc sabe que eu sou uma estudante do segundo ano do ensino médio que precisa estudar e passar no simulado dessa semana, sim? então pronto, se você sabe, preciso que você fique com essa garota pra eu não focar minha mente em vocês. Bora lá, você consegue, eu sou teu apoio moral, e você é o meu.
Alana minha flor, sei que você ainda guarda suas mágoas, e sei que Shawn é um imbecil e burro por te deixar, mas vamos lá né, vamos superar todos os seus medos, precisamos de ti.
Obrigada Drika! ❤️❤️
2023-09-18
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Rosana Antunes
Amo ❤️
2023-09-18
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