Capítulo 4

POV SHAWN

Minha empresária entrou em contato comigo para me falar sobre a primeira apresentação que faria em Toronto, a única informação que ela tinha me passado até o momento é que já estava confirmado e que seria em um bar noturno, geralmente era o ambiente que eu estava cantando.

Durando a universidade comecei a fazer algumas pequenas apresentações em lugares que alguns amigos me indicavam, teve vezes de não receber nada em troca, apenas ter a oportunidade de cantar, eu sabia que não seria fácil então a qualquer momento que conseguia mostrar a alguém o que eu fazia e tentar mostrar o meu talento, eu não desperdiçava.

Em uma noite Livia estava em um desses lugares enquanto eu me apresentava, ela esperou que eu terminasse e depois se aproximou para falar comigo, se apresentou como empresária e disse que estava em busca de novos talentos, eu fiquei em choque mas já marquei um almoço no dia seguinte e desde então tenho seguido o caminho com ela, deixando que ela tome as decisões se eu devo ou não me apresentar, ultimamente já estou ganhando melhor e já tem algumas pessoas que procuram ela para agendar as apresentações, como por exemplo o bar que vou cantar essa semana.

- Eu preciso de um favor seu. - Cameron entra no meu quarto com receio.

Estranhei, porque não era do seu feitio, o fato de estar com receio óbvio, porque o entrar no quarto sem nem bater já é normal pra ele.

- Manda aí. - Largo meu caderno de lado.

- Lembra que te falei que vou ter que viajar para o campeonato? - Ele puxa a cadeira em frente ao meu notebook e se senta, balanço a cabeça para que ele continue a falar.

Cameron tinha seguido caminho no Lacrosse e estava em um time amador da cidade que estava crescendo rápido, estavam entrando em um campeonato que ficariam semanas fora para cumprir a agenda de jogos. Ele estava muito feliz que estava finalmente dando certo e eu ficava contente por ele.

- Carol está envolvida com o ateliê, eles estão desenvolvendo uma nova coleção e tem que preparar desfiles e ir atrás de modelos e está sem tempo pra nada.

Eu não sabia aonde ele queria chegar com esse assunto, mas já parecia que estava falando demais.

- Pra que tanto rodeio para me pedir um favor? - Arqueio a sobrancelha.

- Já escolhemos a data do casamento. - Essa informação me pega de surpresa

- Uau, não imaginei que seria tão rápido, ficaram noivos a uma semana. - Me recupero da informação. - Que data escolheram?

- Não queremos esperar, vamos casar no dia 15 de maio. - Ele diz rápido.

15 de maio estava muito perto, como eles iriam programar um casamento inteiro em tão pouco tempo? Não seria possível.

- Como é que é? Isso é daqui. - Paro alguns segundos para pensar. - Tipo pouco mais de três meses, não tem como organizar um casamento em três meses, quer dizer, eu nunca organizei um mas imagino que seja muito trabalho.

- Essa é a oportunidade então. - Ele sorri sem mostrar os dentes.

- Oportunidade de que Cameron? - Estava esperando pelo momento que ele iria começar a fazer sentido.

- Ajudar a organizar um casamento. - Dá uma piscadinha.

- Cara você usou alguma coisa? Sério, eu sei que esse lance de casamento pode te deixar meio nervoso e talvez esteja preocupado com o campeonato, mas não acho bom você virar um viciado a essa altura. - Ele começa a rir sem parar.

- Larga de ser idiota, quero que você me ajude com algumas funções do casamento enquanto eu estiver longe. Como você disse, três meses é um prazo apertado e precisaremos de ajuda.

- Ah entendi, é muita coisa pra Caroline sozinha realmente . Então prometo que vou ser um bom acompanhante em tudo que ela precisar fazer, isso até que você volte. - Me levando da cama sorrindo na intenção de ir até ele.

Ele aperta os lábios em uma linha fina e estala os dedos algumas vezes, estava querendo falar mais alguma coisa, era nítido isso.

- Caroline não vai conseguir dar muito atenção nas primeiras semanas por conta da nova coleção, por isso quero contar com você pra isso. - Ele repete mais uma vez.

- Cameron você ficou maluco de vez se você acha que eu consigo organizar um casamento sozinho, eu nunca fiz isso. - Bagunço os cabelos já nervoso com o assunto. - Você usou alguma coisa, certeza.

Ele se levanta da cadeira e volta a falar.

- Não vai ser o casamento todo, é só nos ajudar em algumas questões, e não precisa ser a decisão final, só diminuir as opções para que a gente não perca muito tempo depois, isso já iria ajudar demais. Caroline já está pensando em toda uma lista com passo a passo para tudo, você sabe como ela é controladora com tudo né. - Ele solta uma risada nervosa. - E outra que você não vai estar sozinho.

- Como assim não vou estar sozinho? - Franzo a testa sem entender.

- Caroline vai falar com a Alana também, queremos que vocês fiquem responsáveis por isso.

Ele já estava preparado para a minha reação, porque assim que termina de falar ele se vira de costas pra mim e olha para o lado de fora da janela. Começo a rir sem parar como se tivesse escutado a melhor piada do mundo.

- Alana? Eu e Alana vendo coisas sobre o casamento de vocês? Juntos? - Paro de falar para rir mais ainda. - Agora eu não preciso nem perguntar, você deve estar drogado.

Eles estavam muito no equívoco se em algum momento chegaram mesmo a achar que Alana aceitaria isso. Caroline deixava muito claro o quanto ela não gostava nem de ouvir e muito menos falar no meu nome.

Cameron fica olhando pra rua sem falar nenhuma palavra, minhas risadas cessam totalmente mas ele não se vira pra mim.

- Cameron você não pode estar falando sério, a Alana me odeia e você sabe disso, ela não vai aceitar. - Falo já em tom sério.

- Ela não odeia você, ela só não tem muito apreço pela sua pessoa. - Ele diz como se isso fosse uma coisa boa, ou talvez menos pior. Agora ele já estava me olhando de novo.

- Ela não gosta de mim, não vai aceitar. - Insisto.

- Tudo bem, ela pode não gostar de você, mas ela ama a Caroline. Ela é a pessoa que Caroline mais confia e você é a minha pessoa. Vocês tem que aceitar isso, é o nosso casamento.

E pronto, eles já tinham decidido e era como se só restasse concordar, ali já estava lançado a chantagem emocional que eu definitivamente já tinha caído.

POV ALANA

- Qualquer coisa Carol, qualquer coisa na vida que você quiser, eu faço por você, juro. - Junto as mãos na minha frente como em oração e ela já sorri esperançosa. - Mas isso não, eu não vou ficar andando pra cima e pra baixo com ele, você não pode me pedir isso. Pelo amor de Deus. - Praticamente imploro.

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