Reencontros

Não conseguia desviar dos olhos dele, ele estava deslumbrante, me perguntava de onde ele vinha para estar vestido em tais vestes, era incrível o charme que exercia sobre ele, e eu acho que até ele mesmo era capaz de saber aquilo, pois quando me viu olha-ló ele sorriu.

   - Irás cravar um buraco sobre meu rosto, me digas, o que está acontecendo?

Não poderia dizer que são meus guardas, eu teria muito que me explicar, e a partir do momento que ele soubesse quem eu sou ele se afastaria de mim. Vi meus soldados me procurando e cada um foi para um lado, Dao Li passava as mãos sobre o cabelo desesperado tamanha sua preocupação.

   - Vamos sair daqui, poderemos conversa em algum lugar discreto.

Ele saiu me puxando e entramos em uma rua e ele não parava de correr e seus cabelos voavam sobe o vento, adorava ver essa imagem dele, parecia livre.

Chegamos a uma parte da floresta e paramos para descansar, ele tirou uma cumbuca de água e me ofereceu, aceitei e tomei um gole, Dao Li me repreenderia severamente pelo meu ato, aceitando coisas de estranhos, poderia conter veneno, mas ele não era um estranho, sentia que o conhecia a anos. Para minha surpresa ele pegou o recipiente da minha mão e tomou um gole, minhas bochechas coraram no mesmo segundo de seu ato era como se fosse um beijo indireto.

Goticulas de água descia por seu maxilar e eu acompanhava aquela gota como se estivesse dançando ali, quando levantei o rosto para olha-ló seu olhar estava preso no meu, seus olhos eram penetrantes e exercia tal poder sobre mim que poderia esquecer como respirar.

   - Ainda esta com sede? - Desviei os olhos no mesmo instante, não acredito que o encarei. - Ficamos tanto tempo sem nos vermos e quando acontece você me ignora?

   - NÃO, não foi isso, desculpe.

Ouço uma risada sendo carregada pelo vento

   - Não precisa ficar nervosa, só estou brincando com você.

Olhei novamente em sua direção e seu rosto parecia suave e com um sorriso brincalhão.

Eu não sabia o que dizer eu só conseguia admirar suas feições.

   - Me diga, o que você fazia lá? Você fez alguma coisa? - ele viu o pingente na minha mão e o tomou. - Você roubou isso? Venha, eu irei pagar e pedirei que ele não te acuse.

   - Não, eu não roubei. - fiquei incrédula pelo que ele disse.

   - Desculpe, só consegui pensar nisso, não me olhe assim, você tinha guardas atrás de você. - ele ficou de costa para mim .

   - Eu ganhei do guarda, ele me deu.

Ele se virou tão rápido na minha direção que quase senti o vento corta.

   - O guarda te deu? Vocês... - ouve uma pausa incomoda.

   - Ele me deu como um presente, mas não temos nada.

A expressão dele suavizou, pareceu aliviado com o que acabará de falar.

Me sentei sobre uma das árvores e ele ficou me observando, só podia ouvir o som da floresta, o vento batendo sobre nós, ele segurava o pingente na mão como se aquilo fosse algo amaldiçoado, pedi que ele me devolvesse pois me foi dado como um presente e a reação dele foi sem qualquer ânimo.

   - Tem um porque ele ter lhe dado esse presente? Se eu soubesse que era uma celebração teria lhe trazido um presente.

   - Eu estava passando pela barraca e o vi, achei bonito mas não podia comprar, e então ele me deu, não tem nada por trás disso.

Ele me entregou o pingente, e foi sentando na minha frente, pegou sua guzheng e começou a tocar, o som sobre a mata ficou polido, parecia uma canção triste, meu coração doeu ao ouvi-lá.

Depois de um tempo tocando ele parou e suspirou, olhou para mim com olhos tristes.

   - Eu fiz essa canção enquanto ficava sentado sobre a árvore lhe esperando, eram horas e dias intermináveis, eu lhe esperava todas as horas, e quando via que tinha cartas suas eu sentia que poderia voltar a tocar alegremente.

Toda vez que ouvia sua voz eu sentia meu peito se aquecer, tais palavras nunca soube que seria possível chegar até a mim, eu queria vê-lo e saber como ele se sente faz com que eu tenha um pouco de esperança.

Sem que eu percebesse levei a minha mão sobre seu rosto, a sua pele estava quente e o rosto dele era macio ao toque, ele fechava os olhos enquanto o tocava, ele pegou minha mão e a beijou, um beijo demorado que fez meu corpo se esmurecer, ele foi abrindo os olhos devagar e parecia me capturar.

   - Você pretende se casar com aquele soldado?

   - Eu não poderia.

   - Por que ...?

   - Eu acho que estou apaixonada por outra pessoa.

Seus olhos era uma incógnita, eu não conseguia decifrar, parecia ter um pouco de esperança e dúvida.

   - Quem seria tal rapaz que conseguiu rouba o coração de uma dama da floresta sendo ela tão livre?

Eu não pude segurar o sorriso, e ele sorriu comigo, eu poderia ficar horas admirando e adoraria ver mais do seu sorriso.

   - Eu não posso lhe contar, eu teria que te matar.

Ele se levantou e passou a mão sobre os cabelos, olhando bem além da floresta.

   - Não importa quem seja, ele seria feliz só por lhe ter ao seu lado, mas tenho que lhe dizer, mesmo que eu morra terás que me contar, assim saberei o nome daquele que terei que empunhar minha espada para te recuperar.

Tais palavras fizera meu coração bater descompassado, eu tentava acalmar meu coração, não conseguia ouvir nada, o som era tão alto que doia os ouvidos, ele percebeu meu nervosismo e me puxou para perto dele, olhei para ele e meu rosto queimava, seus olhos brilhava tanto que poderia ser confundidos com estrelas, ele passou a mão sobre meu rosto e beijou minha bochecha, eu fechei os olhos com o ato, seu lábios sobre meu rosto era suave, ele me puxou para um abraço e mesmo me sentindo nervosa eu desejei aquele abraço, eu senti que o meu fio vermelho estava com certeza conectado ao dele, ele era feito para mim, eu sentia, mas como eu podia me sentir feliz mesmo estando agora em seus braços? Eu sentia como se estivesse o traindo.

Ele se afastou e abri os olhos, ele me olhava com ternura.

   - Eu sinto que desde o nosso encontro, nossas cartas, eu tenho pensado muito em ti, e quando você sumiu sem deixar nenhum rastro só as cartas para me conforta eu percebi o quanto você me fazia bem, sentia sua falta eu pensei que iria enlouquecer, até entrei em um reino que é totalmente desconhecido para mim só para te ver.

Ele não parava de tocar o meu rosto.

   - Eu tentei te encontrar, mas nunca apareciamos na hora certa, quase me conformei de utilizarmos só as cartas.

   - Não, isso novamente não, eu amava chegar e ver suas palavras e ria de baixo da árvore, mas não acho que tenha o mesmo efeito de quando te vejo.

Me lembrei que haviamos passado muito tempo ali, e que estaria um caos nas ruas com o meu sumiço.

   - Está ficando tarde, e o nosso caminho é longo, não queria te deixa já que sempre nos desencontramos, mas eu sempre aparecerei depois do pôr-do-sol.

Segurei sua mão sobre meu rosto e me virei, sem lhe da chance de me parar.

Essa noite eu tinha muitas coisas para pensar, eu noiva de um futuro Imperador e me aventurando na floresta, com certeza eu teria que anular esse casamento.

♡

Ao chegar na feira havia soldados para todos os lados, eles destruiu varias tendas, estava a minha procura, aquilo foi chocante, tudo por minha culpa, um soldado me avistou e me segurou pelo braço me olhando de todos os lados procurando vestígios de algum machucado.

   - Achei a princesa. - gritou ele eufórico.

Todos os olhares caiu sobre mim, me senti mal, enquanto eu saboreava o amor muitos sofria por meu sumiço.

Dao Li veio correndo em meio as pessoas, quando me viu pareceu que ia cair, parecia exausto.

   - Princesa, graças a Deus, eu pensei que tivesse acontecido algo com a senhorita, não sabia mais o que fazer, estava tão desesperado, até mesmo o rei espera por notícias suas, não está machucada está?

Cheguei perto dele e toquei seu ombro, ele me olhou como se fosse estranho o gesto.

   - Eu estava pro outro lado da cidade, eu estava tão feliz que quando vi me perdi de vocês, desculpe.

   - O importante é que você esteja bem, eu pensei no pior.

Ele estava ofegante e todo suado, sua carranca agora se suavizava, acho que logo logo ele pedirá pra ir as guerras e não cuida de uma princesa que lhe dá mais trabalho.

Todos começou a ajeitar suas tendas e pedi desculpa a todos, eu sempre causava problemas ao povo.

Fui caminhando em direção ao castelo, Dao Li achou melhor eu ir para os meus aposentos, e pediu que trouxesse água quente para que eu tomasse um banho. Disse que diria ao rei que eu estava bem e que iria lhe visitar logo pela manhã.

♡

Enquanto tomei banho as damas me deixaram a par de tudo, que o Ye não foi ao quarto, mas que a chamou para jantar e ela logo se empolgou e vestiu as melhores roupas, conhecendo minha irmã nada ira lhe derrubar.

Ao chegar a noite tive meu jantar no quarto, não queria encarar meu pai, minha irmã e Ye a mesa, sabia que não seria um jantar bom de se engolir, meu pai sempre falando sobre o reino e sobre o casamento, e sei que minha irmã estara lá toda feliz por estar ao lado de Ye.

Essa noite eu não conseguiria dormi, pois pensava o quanto estava feliz por ter visto o músico, mas também preocupada pelo que o destino nos reservava.

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