_ Como assim, Júpiter? – Fenrir estava ligeiramente irritado – Então tudo que a gente fez até agora foi perca de tempo?
_ Não exatamente... – Vênus que o respondeu, mas, foi ignorado pelo guarda.
_ Me perdoe, mas eu perguntei para o meu oficial!
_ Essa lua está precisando de um pouco de disciplina.
_ Com todo respeito, mas, poderia calar a boca Vênus. E, Júpiter, que merda é essa?
_ Bem, essa decisão não foi tomada agora, como está parecendo. – a voz de Júpiter estava calma. – Antes mesmo do Diaz ser preso, a gente já estava planejando tudo isso, certo, Vênus? – O aster apenas assentiu com a cabeça.
_ Antes de eu ser preso? – Diaz estava tão confuso quanto os outros guardas.
_ Sim. Já faz mais de um mês que Vênus recebeu ordem para lhe prender, mas, ele não podia o fazer sem uma prova verdadeira.
_ Então eu te vigiei dia e noite, esperando o momento em que você usaria a benção proibida, ou sequer a manifestasse de forma inconsciente. E, graças aos deuses, você sofreu aquele acidente no porto, que causou um ferimento na sua mão esquerda.
_ Sim, eu sofri um acidente, mas, não tem nada a ver com bençãos!
_ Você já viu uma mão atravessada por uma faca, se fechar em uma semana? – o tom sério do aster era um pouco assustador.
_ Bem, não, mas, o Nickolas me deu alguns remédios que ele conseguiu. E teve até uma médica que me costurou com precisão.
_ Por mais incrível que seja essa médica, é impossível uma cura rápida dessas sem uma benção. Ela possuía uma?!
_ Não...
_ Então só me resta uma escolha. – Enquanto falava, Vênus levou sua mão para dentro do uniforme branco que usava, como se buscasse alguma coisa.
_ Eu não vou permitir isso! – Fenrir se colocou a frente deles, ficando entre o aster e Diaz.
A benção de sangue já havia perdido seu efeito, e todo o cansaço armazenado veio sobre suas costas subitamente, mas, ainda assim, ele usou de todas as suas forças restantes para se manter de pé e erguer a sua espada.
_ Isso não vai ser necessário, Fenrir!
_ Por que não, Júpiter? Você realmente quer o deixar morrer depois de tudo isso? Eu não vou permitir.
_ Ei, ei, eu não conheço bem vocês, mas, se alguém ameaça um oficial, seus subordinados têm o direito defendê-lo! – Dion se aproximou, ficando do lado esquerdo de Vênus, com ambas as adagas em suas mãos.
_ Mesmo que eu não goste dele, é meu dever proteger um colega. Você entende, né, irmão? – Europa também se aproximara, ficando um pouco à frente de Fenrir.
_ Fique à vontade, Europa.
Apenas Perséphone não se aproximou. Ela estava sentada em um banco de pedra, um pouco afastada, tentando manter o seu corte fechado.
_ Ei, pequeno, você quer ficar igual a sua parceira? – Fenrir não parecia apto para lutar, mas, sua língua estava tão afiada quanto a sua espada.
_ Você tem certeza que aguenta lutar? – Dion também demonstrava deboche em sua voz.
_ Pode vim.
Antes que qualquer um dos dois pudesse dar um passo, Vênus puxou um revólver negro de dentro de seu uniforme, e deu dois disparos para o alto, chamando atenção dos guardas para si.
_ Você acha que vai me vencer apenas com uma arma?
_ Eu poderia te vencer com meus punhos nus, mas, a minha intenção agora não é essa. - Vênus estava sério, e um pouco ameaçador – Eu não pretendo matar Diaz, e será que eu posso explicar o nosso plano?
_ Tenta me convencer!
_ Infelizmente, depois de ver a benção de Thanatos se manifestando tão visível nele, é impossível garantir que ele fique vivo por muito tempo, mas, existe uma forma de garantir, no mínimo, que ele não seja morto de uma forma injusta.
_ E qual seria?
_ Se ele for a julgamento, com toda certeza receberá a sentença de morte, mas, pelo que Júpiter me contou, esse tal Sísifo não vai permitir isso.
_ Por que você contou sobre isso para ele, Júpiter?
_ Porque a troca de informações era parte do plano! Por que você acha que Júpiter foi escolhida para ser a escolta dele?
_...
_ Posso continuar explicando?
_ Sim.
_ Tendo em mente esse possível contra tempo, eu decidi ver com meus próprios olhos o que essa benção é capaz de fazer, e se existe uma chance dele realmente poder controlá-la.
_ Espera um pouco. – Diaz estava se esforçando para acompanhar a conversa – Quem é Sísifo?
_ Ah é, a gente não te contou ainda. Sabe a pessoa que te possuiu naquela sala? Ela disse se chamar de Sísifo. – Júpiter sorriu enquanto explicava, um pouco envergonhada por esquecer de informá-lo.
_ Como ele era?
_ A sua cara. – Fenrir apenas respondeu o que todos pensaram.
_ Eu quis dizer sua personalidade.
_ Bem... Ele era mais assustador que você.
_ O que importa aqui, é que você parece ser capaz de usar essa névoa estranha, mesmo inconsciente. – Vênus cortou os dois, buscando voltar ao assunto principal.
_ Névoa?! – Diaz finalmente olhou para sua mão, e se calou, ao ver que ela estava um pouco nublada, como se uma fumaça a envolvesse.
_ Sim. Como pode ver, essa sua benção lhe dá uma espécie de escudo que também serve para o ataque. Existem mais segredos sobre a benção de Thanatos do que sobre a origem das bençãos!
_ Ok, mas, o que a névoa tem a ver com a sentença dele? – Fenrir voltou a ser arrogante com o aster, mas, este também o ignorou.
_ Diaz, você acha que consegue controlar essa névoa?
_ Eu nem sei como fazer ela sumir, quem dirá aparecer!
_ Você vai ter apenas uma chance, ok?
_ Como assim?
Vênus não respondeu à pergunta, e, ainda com o revolver negro em sua mão, o apontou para a testa de Diaz, que estava a alguns passos da arma.
_ Você possui três escolhas, Diaz: desvie, se proteja ou morra!
_ Júpiter! Você vai mesmo permitir isso?! – Fenrir tentou avançar contra o aster, mas, a pequena Europa o segurou com facilidade graças ao seu cansaço extremo. – Me solta sua pequena...
_ Cuidado com a língua, Fenrir, ela está apenas obedecendo as minhas ordens.
_ Então me responde Júpiter! Ou, melhor ainda, o impeça de fazer essa porcaria!
_ Vou ser sincero contigo. Eu também não aprovo os métodos dele, mas, infelizmente, Diaz vai ser morto de um jeito ou de outro, o que muda é se ele vai fazer algo pra mudar isso, ou, vai simplesmente morrer.
_ Se ele for simplesmente aceitar a própria morte, é melhor que eu o mate, de uma forma que não haja tanto sofrimento. – Vênus engatilhou a arma e, olhou para o garoto com um olhar bem mais sério – Então, Diaz, o que você vai fazer?! – Ao fim de sua frase, ele puxou o gatilho da arma, disparando contra o garoto.
Desde que a arma foi apontada, Diaz teve poucos segundos até que o disparo acontecesse. Sua mente ficou acelerada durante aquele curto tempo, e, ele como se ela fosse explodir (literalmente). Muitos pensamentos surgiram de repente inundação sua cabeça e, ele mal conseguiu processar o que estava acontecendo. O clarão que a arma produziu, quase cegou seus olhos de forma que não enxergou nada na sua frente, e, após um milissegundo, sua mente e sua visão escureceu, fazendo com que ele, mais uma vez, se encontrasse em um mar de escuridão sem fim.
_ Eu sempre achei muito irritante essas armas humanas!
_ É um prazer te conhecer, Sisifo! – Vênus fez uma pequena reverência, como uma demonstração de respeito.
Antes que a bala acertasse o crânio do garoto, uma fina e espessa camada de névoa cobriu o seu corpo, e Sisifo tornou a controlar o seu corpo, usando de uma velocidade assustadora para segurar o projetil com a mão esquerda, coberta por uma luva acinzentada de fumaça.
_ Como você se feriu tanto, em tão pouco tempo, Fenrir?
_ Não foi nada muito importante.
_ Perséphone, certo? – ele se dirigiu para a garota que ainda estava sentada um pouco mais atras do grupo – Creio que você precise de mais treino, mas, parabéns pela performance!
_ Como assim? – Fenrir e Perséphone perguntaram quase ao mesmo tempo.
_ Eu apenas te fiz essa pergunta, Fenrir, por pura educação, já que eu vejo e escuto tudo o que acontece ao redor desse corpo. Dito isso, Vênus, que acordo você quer fazer comigo? Você acha mesmo que eu, poderia de alguma forma, o obedecer? Que ingênuo!
_ Sendo sincero, o resultado meu teste foi melhor do que eu esperava. Minhas expectativas não eram tão altas.
_ Eu deveria de lhe matar por sua arrogância e, por brincar com a vida deste garoto!
_ Você realmente se preocupa com ele?
_ Não. Mas, aquilo que está junto de sua alma, é mais importante que a minha própria existência.
_ E o que está dentro dele?
_ Pensei que você havia contado tudo para ele, Júpiter!
_ Você realmente ouviu toda a conversa, né? – A mulher parecia mais desapontada do que surpresa – Infelizmente, Vênus é a pessoa mais teimosa que eu conheço.
_ Se eu não me engano, eu lhe avisei o que aconteceria se um de vocês se tornassem meus obstáculos, certo?
_ Eu peço perdão pela minha curiosidade, mas, eu gostaria de ouvir de sua boca! – Vênus não hesitou enquanto falava, e sua face não mostrava sinal de medo.
_ Você realmente deseja morrer, “guarda”?
_ Acho que eu só estou curioso quanto a sua força. As palavras de Júpiter, não foram tão convincentes.
_ Então você é tolo o suficiente para ousar me testar!
_ Tudo parece diferente com outros pontos de vista.
_ Sim, realmente, então vou te dar uma última chance. Você tem algum acordo para me propor?
_ Eu não tinha a intenção de formar aliança com você, mas, parece que o controle dessa névoa está com você.
_ Por enquanto, sim.
_ Interessante...
_ Quais são os seus objetivos?
_ Você já sabe que buscam a cabeça desse garoto, por causa dessa tatuagem sinistra. Somente o rei poderia mudar essa ordem, mas, infelizmente, aquele homem evita confusões ao máximo possível.
_ Então?
_ Então eu gostaria de mostrar a ele que as habilidades dessa benção podem ser muito úteis para ele.
_ Você realmente quer transformar esse garoto em uma arma! Eu gostei de você.
_ Eu agradeço, mas, não é tão simples assim.
_ Continue...
_ A única maneira dele continuar vivo, seria se transformando em uma arma viva, mas, eu também busco conseguir liberdade para ele. E, apesar de quase impossível, existe uma maneira.
_ Ele tem que se tornar um aster.
_ A quanto tempo que você compartilha a vida com ele?
_ Desde que a tatuagem surgiu.
_ Isso explica você já saber sobre os nossos privilégios.
_ Vocês, ásters, possuem muitas vantagens que não deveriam.
_ Não posso dizer que é mentira, mas, continuando, para que se torne um aster, ele precisa mostrar um enorme valor como uma arma do rei, e, para isso, ele precisa ter total controle sobre essa névoa.
_ Não posso garantir que ele vai conseguir usar esses poderes totalmente, mas, garanto que ele pode crescer muito mais.
_ Você vai cooperar comigo?
_ Enquanto isso não me atrapalhar, eu posso permitir que você faça o que quiser.
_ Quais são os seus planos, Sisifo?
_ Isso eu não pretendo explicar. Aquilo que já te foi contado, é o máximo que saberá.
_ Isso pode me causar problemas no futuro.
_ E eu deveria me importar?
_ Então temos um acordo? – Vênus estendeu sua mão, e deu um passo para a frente.
_ Por enquanto, sim. – Sisifo não aceitou o aperto de mão, mas, devolveu a bala para Vênus, completamente amassada.
Assim que o projétil voltou para a mão do áster, toda aquela névoa que cobria o corpo de Diaz, se dissipou completamente, e a presença de Sisifo sumiu, trazendo o garoto de volta ao controle de se próprio corpo.
_ Pensei que eu tivesse morrido. – Diaz estava ofegante quando voltou, e, seu rosto expressava um verdadeiro medo.
_ Dessa vez, você escapou. – Vênus também parecia aliviado, enquanto guardava o seu revólver novamente dentro de seu uniforme.
_ Você é maluco, Vênus? – Fenrir ainda estava irritado, apesar de não tentar mais avançar no aster. – E se o seu plano não tivesse funcionado?
_ No máximo, nós teríamos dois corpos para enterrar, e eu ganharia mais uma medalha por “capturar” mais um fugitivo perigoso.
_ Seu... – Fenrir se virou, e cambaleando um pouco, começou a andar para o banco mais próximo, acompanhado por Europa.
_ Por que seriam dois? – Júpiter perguntou ocasionalmente, já sabendo a resposta.
_ Fenrir parece ter dificuldades em obedecer a ordens “diferentes”!
_ Muito pelo contrário, ele já completou diversas missões que me causam pesadelos até hoje, o único problema é que quando envolve algum conhecido, ele demora para digerir as informações.
_ Você deveria fazer com que ele treinasse mais a própria mente.
_ Eu sei que nós estamos juntos por conta de um objetivo semelhante, mas, isso não te faz superior a mim, Vênus.
_ O que você quer dizer com isso, Júpiter?
_ Este guarda é meu subordinado, então eu também tenho o dever de protege-lo.
_ Espero que você não deixe o emocional guiar suas ações.
_ E eu desejo que você não se torne um motivo de pena, Vênus.
_ Alguém poderia me explicar o que aconteceu aqui? – Diaz estava muito confuso, e, as ameaças de ambos apenas o angustiava cada vez mais.
_ Eu vou deixar que você o explique tudo, Júpiter. – Acompanhado de perto por Dion, o áster se virou, e foi em direção da guarda sentada que ainda cuidava de seus ferimentos.
_ O que aconteceu com ele? Quando eu estava na carruagem, ele parecia alguém tão legal.
_ Esse é um dos problemas dele. Vênus consegue ser o amigo de todos, mas, ao mesmo tempo, o pior inimigo. Muitos não gostam dele por conta dessa bipolaridade dele.
_ Isso vai ser problema pra mim?
_ Talvez... Mas, agora você tem outras preocupações, e, a primeira delas, é controlar essa sua benção.
_ Ok. Mas, o que aconteceu quando eu apaguei? O Sisifo surgiu de novo?
_ Sim. Vênus conseguiu fazer um acordo com ele. E, agora nós temos uma chance verdadeira de te salvar.
_ Sério? – Um brilho surgiu no olhar de Diaz, mostrando uma clara alegria – E como vai ser isso?
_ Simples, você só tem que se tornar um áster. – Júpiter sorriu enquanto falava, devido a ironia de sua fala.
_ Hum...
_ Eu sei bem o que você pensa sobre a maior parte dos ásters, mas, essa é a sua única saída.
_ Infelizmente, eu sei que você está certa. – Diaz deu um longo suspiro antes de prosseguir – Então como eu vou fazer isso?
_ Primeiro, você não pode ser morto após o julgamento!
_ Espera um pouco... Pra que vocês me tiraram lá de dentro, se eu vou precisar voltar pra lá?
_ A gente precisava ter certeza de qual lado do rio você está. E, a melhor forma foi te colocando sobre pressão.
_ Faz um pouco de sentido. Então como eu faço pra ficar vivo?
_ Controlando totalmente essa sua benção.
_ Por que você fala coisas que parecem impossíveis?!
_ Esse é um pequeno problema meu. Mas, o ponto principal é o seguinte, nós temos poucos dias até o seu julgamento, e, nós iremos usar as três salas lá em baixo, para te fortalecer, e, dessa forma, arrumar um jeito de salvar o seu pescoço.
_ Quantos dias exatamente?
_ Três.
Diaz começou a rir quando ela o respondeu.
_ Você acha mesmo que eu posso ficar tão forte, em tão pouco tempo?
_ Você não precisa alcançar o limite, mas, precisa evoluir o suficiente para se tornar uma arma do rei.
_ Arma do rei?
_ É uma coisa que o Vênus usou para explicar o que você deve fazer.
_ Entendo. Então não me sobra escolha, a não ser me tornar mais uma ferramenta daquelas pessoas lá de cima?
_ Infelizmente, sim.
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Atualizado até capítulo 21
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