ofegante

As pessoas daquele vilarejo eram simpáticas e muito receptivas, porém tinha algo estranho rolando pareciam esconder algo, Max me apresentou pra algumas pessoas e me fez decorar todo o caminho.

- Max tem quanto tempo que você mora aqui?

- desde dos meus 13 anos

- e seus pais?

- você tem muitas perguntas

- só quero te conhecer melhor

- não tem necessidade de me conhecer melhor.

eu parei de caminhar, fiquei triste com aquelas palavras, parecia que ele iria me abandonar a qualquer momento, logo a tristeza se transformou em irritação.

- você é um bundão.

eu saí andando bem rápido bufando de raiva, ele ficou meio sem entender nada, ele até tentou me acompanhar.

- pra onde você tá indo?

- pra casa

- espera, temos que passar em um lugar antes

- não quero

- larga de ser teimosa garota ou você vem comigo ou eu vou te arrastar pelo vilarejo.

- você é muito chato

andamos até uma taberna, ele comprou alguns livros, papel tinteiro.

- isso tudo e pra quê?

- pra te ensinar a ler

- então tudo isso e pra mim? eu posso escolher os livros

- eu já peguei os livros

- mas esses tem capa feia

- a capa não importa, você só vai precisar do conteúd...

eu já estava com alguns livros na mão quando ele destruiu meus sonhos.

- esquece o dinheiro e seu, leva qualquer coisa tô indo pra casa.

eu larguei os livros, virei de costas e saí andando em direção a nossa casa, quer dizer a casa dele, às vezes eu esqueço que ele tinha me comprado e que eu só estava ali para ele me usar, eu sou sua escrava; eu dei passos largos e cheguei bem rápido em casa ele demorou uns 20 minutos pra chegar eu estava no quarto escutei umas leves batida na porta.

- Amélia? posso entrar?

- não!

- comprei bolinhos, quer alguns?

Isso vai usar comida para atrair uma morta de fome, ele é muito covarde; quando ele falou bolinhos quase pulei da cama e arranquei das suas mãos mais eu também sou uma mulher de orgulho mentira tratando de comida eu não tenho um pingo de orgulho pode me julgar, mas eu já passei fome, eu tirei a cara do travesseiro e fui me levantando e saí do quarto, ele estendeu o saco de bolinho e eu estava meio envergonhada, notei que ele também estava um pouco retraído, peguei os bolinhos e agradeci.

- Depois de comer seus bolinhos, vem pra sala

- tá!

ele virou as costas pra sair quando eu chamei pelo seu nome calmamente.

- Max

ele se virou com o rosto meio confuso, eu peguei um bolinho de dentro do saco e coloquei em sua mão.

- e que tem muito

- obrigada

eu me entupi de bolinho, ainda não tinha me acostumado com toda a fartura, parecia que a comida ia fugir das minhas mãos, eu terminei de comer e fui pra sala, Max estava terminado de acender a lareira.

- vem sente-se aqui

Ele apontou para uma poltrona marrom que ficava ao lado da lareira, eu me sentei e fiquei observando ele, eu já tinha notado que ele era bonito mas parando e observando bem de perto havia coisas tão atraentes a forma dos seus lábios seu maxilar marcado a pele dele tinha uma textura macia como seus olhos tinha uma ternura seus braços tinha algumas cicatrizes que pareciam estar alí a bastante tempo eu não tinha percebido mas meus olhos não desgrudavam dele eu o seguia a cada movimento.

- algo errado?

- como assim?

- você não para de me encarar

- só tava observando

- nunca viu uma lareira?

- não tava observando lareira e sim você

- e oque tem de interessante em me observar?

- suas cicatrizes

- elas são interessantes?

- não elas em si e sim a história que te levou a ter elas, se meteu em muitas confusões?

- para conseguir liderar e ter a confiança da minha tribo eu tive que mostrar meu valor ser o mais forte o mais rápido aquele em quem eles possam se apoiar.

- nossa você sempre quis fazer isso? ser essa pessoa?

- eu tive que ser

- como assim?

- eu já nasci com esse legado

- deve ser cansativo ser responsável por todos

- eu já me acostumei

eu não sabia identificar a expressão em seu rosto era uma confusão de sentimento.

- não se preocupe, eu vou te ajudar a cuidar de todo mundo assim você divide o peso da responsabilidade.

- você? fracote desse jeito

- eiiii! você tá me treinando e eu tenho certeza que consigo

- eu duvido disso

- eu te prometo aparti de hoje você não terá que lidar com o fardo sozinho, eu vou me esforçar para te ajudar, eu vou fazer sua vida ser mais leve.

eu falei com tanta determinação que meu coração palpitava ele me olhava com atenção até sua expressão mudar de seria pra um largo sorriso, ele começou a dar gargalhadas altas.

- do que você está sorrindo? eu tô falando sério

- Tá bom, eu acredito

- viu eu já tô tornando sua vida mais leve, você tá até sorrindo

ele se acalmou, pegou um embrulho que estava na mesa e me entregou.

- oque e isso?

- seus livros

eu abri e tinha todos os livros que eu tinha escolhido com capas coloridas e fofas as que me chamaram atenção.

- achei que usando oque te chama atenção você iria aprender mais rápido.

- eu não sei o que dizer

eu fiquei tocada, achei que ele não se importava já que eu era só algo que ele comprou eu nunca pensei que teria alguém que me desse coisas bonitas, sem outras intenções meu coração se apertou e eu comecei a chorar.

- desculpa, achei que queria os livros

- sim eu quero os livros (voz embargada de choro)

ele tentou me acalmar, ele não leva muito jeito pra acalentar alguém.

- então porque tá chorando? eu fiz algo de errado?

- e que eu tô muito feliz

eu larguei os livros e pulei no seu colo ele ficou paralisado ou o abraçava forte, ele ainda meio sem jeito me retribuiu o abraço, passou o braço pela minha cintura eu repousei a cabeça em seu peito eu sentia a sua respiração o seu peito se enchendo de ar seu coração batendo e de repente meu coração começou a disparar deu um frio na minha barriga se eu podia sentir ele então, ele também podia me sentir então eu me afastei bem rápido dele.

- desculpa, eu fiquei muito emotiva

- não, não está tudo bem

- eu vou me deitar, eu preciso ir.

Eu peguei os livros e saí correndo, entrei no quarto e me joguei na cama, meu rosto estava vermelho oque seria isso?

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