capítulo 17

#JULIANA#

Se cada um tem um inferno para si, eu acho que tô no meu, a minha vida não poderia estar pior.

Tô casada com um moleque insuportável, que só fica falando de si mesmo e de que deveríamos estar transando.

Só não meto uma bala na testa dele porque uma guerra não me convinha.

As coisas estão ainda piores com a Dandara, ela não me atende, não responde as minhas mensagens e quando vou visitá-la, ela mal olha para mim.

Sinto que estou perdendo ela e o pior, é que não posso fazer nada, se deixar ela ir embora, corro o risco de nunca mais vê-la, mais se continuar deixando ela presa, também a perderei.

Após alguns dias de tensão ao extremo, queria relaxar pelo menos um pouco, a Fer me chamou para almoçar em um restaurante e eu aceitei.

FERNANDA - O que acha dessa história do Allan se casar com a Maya?- Disse dando uma garfada na torta de limão, a sua favorita.

JULIANA - O muleque é racudo, vai assumir a mãe e vai cuidar da criança como se fosse dele, ele sabe que pai é quem cria, foi assim com nós duas.

FERNANDA - Sabe, na época que eu pensava que o vovó era o meu pai, eu ficava triste, ele só ia me ver obrigado, eu pensava que a culpa era mim, afinal, minha mãe também me tratava com indiferença.- Disse abaixando a cabeça.- Já a Rebeca e o Soberano foram pais incríveis.

JULIANA - E pensar que fomos feitas de materiais defeituosos, da escoria do mundo e apesar disso, até que estamos na média.

FERNANDA - Você ainda tem o sangue da Rebeca, no caso eu sou a ovelha negra da família.

JULIANA - Mesmo assim, olha para você, você é legal.

FERNANDA - Agradeço o elogio.- Disse sorrindo.- Aproveitando que estamos aqui, você pode tirar o segurança que você mandou me seguir.

JULIANA - Que segurança?

FERNANDA - O que está me seguindo a mais de um mês.

JULIANA - Eu não mandei ninguém desde que disse para eu parar.

FERNANDA - Estranho.

JULIANA - Me passa a descrição dele.

Ela me disse como era o homem, e eu passei a descrição para um dos meus hacker, queria saber tudo sobre aquele homem, se ele quer fazer mal a minha família, quero estar um passo a frente.

Terminamos de almoçar e cada um foi para um lado, a Fernanda iria encontrar com o Camilo, ele é um cara legal e não achei nada de estranho na vida dele.

Dirigi até o prédio onde a Dandara estava morando, como eu era a dona , subi sem nenhum empecilho.

Destranquei a porta, entrei e comecei a escutar risadas vindo da cozinha, fui direto para lá.

Chegando na cozinha, vi uma baita de uma morena, sentada em cima de um dos balcões, a Dandara estava no meio das pernas dela, colocando pedaços de um bolo na boca dela com um garfo.

JULIANA - Atrapalho?- Perguntou tentando não tirar a minha arma do coldre.

MULHER - Quem é ela mulata?- Disse com um sotaque meio francês.

Mulata? Porque não mato ela?

JULIANA - Eu sou...

DANDARA - É a minha prima, da parte mais branca.

JULIANA - E você quem é?- Perguntei com ódio.

MULHER - Bonjour, eu sou a Angel, moro no apartamento do lado.

JULIANA - Serio?- Perguntei em um tom irônico.- Então, o que faz aqui?

DANDARA - Eu convidei ela para me fazer companhia.

JULIANA -Se tava se sentindo sozinha era só me ligar.

ANGEL - Mulata, eu vou indo, mais tarde eu venho lhe buscar, Jusqu'à plus tard.

DANDARA - Até.- Disse enquanto observava a tal Angel saído.- O que?- Perguntou, quando me viu com uma cara de desaprovação.

JULIANA - O que exatamente estava acontecendo aqui?

DANDARA - Nada de mais, eu a convidei para tomar um café comigo, fiz uma torta para ela.

Não tinha nada de mais? A tal Angel usava um short jeans bem curto e um top preto, dava para ver a alma da mulher, debaixo daquele mini pedaço de pano.

JULIANA - Você viu como ela estava vestida?

DANDARA - Vi, o que tem de mais?

JULIANA - Ela tava quase pelada aqui.

DANDARA - Ela não está acostumada com o clima do Brasil, ela acha aqui muito quente.

JULIANA - Você é inocente, ou tá se fazendo, ou tá gostando da atenção da francesa.

DANDARA - Eu não vou discutir isso com você, eu vou sair mais tarde e tenho que descansar.

JULIANA - E quem disse que eu vou deixar? Acha mesmo que eu vou permitir que outra galinha sisque no meu terreno?

DANDARA - Eu não tô te pedindo permissão, eu só estou te comunicando.

JULIANA - Porque tá agindo assim? É ciúmes?

DANDARA - Se tá me perguntando isso, você não me conhece.

JULIANA - Vamos conversar e nos acertar, vamos ficar juntinhas hoje, um programa de casal.

DANDARA - Se não te avisaram, não somos um casal, acho que nunca fomos.- Após terminar, ela foi em direção a escada e subiu.