Capitulo 4

Quando volto para sala, Belzebu e o Urubu já estão do lado de fora e o chefe do tráfico reforça as Boas-vindas.

_Seja bem-vinda, Patrícia.

Sorrio mais logo meu sorriso murcha quando percebo o Urubu olhando para mim e sorrindo de canto.

Minha mãe se despede e fecha a porta.

_Pronto filhinha aqui no morro do São Camilo você está segura, o Belzebu me garantiu que ninguém fara mau a você, aqui todos respeitam a ordem dele.

Esqueço do Urubu, e me lembro da doçura de Daniel, não entendo como um traficante pode ser tão educado como ele, lá na Rocinha o chefe do tráfico falava em gírias, uma pior que a outra, já o Daniel é muito educado e aposto que ele deve ter muitos admiradores tanto homens como mulheres não só por ser traficante e fazer o bem pela sua comunidade, mas sim pela sua educação e carisma.

Esqueço de Belzebu e do canalha do Urubu e falo para a minha mãe:

_Mãe, eu preciso arrumar um emprego, não posso ficar em casa só dependendo da senhora.

_Eu sei querida, fica sossegada, eu já tenho tudo planejado, só não tive tempo de falar com você, porque o Zé-boiadeiro veio saber quem estava aqui em casa, e quando o Felipe dormiu, e podíamos conversar chegou o Belzebu com o Urubu e não podia deixar de recebê-los.

_Sério mãe? E o que a senhora tem planejado para mim?

_Liguei para a minha ex-patroa e ela disse que precisa de uma empregada para trabalhar para ela e cuidar da filhinha dela, enquanto ela trabalha, a filha da minha ex -Patroa se deu bem na vida estudou e é diretora-executiva em um hotel daqui da região, ela precisa de uma empregada em tempo integral e você poderá levar o Felipe para o emprego para que ele brinque com a sua menina, a mãe dela não quiz por na escolinha, pois acha ela muito pequena ainda, e o melhor de tudo na nossa década é que podemos pôr as crianças no pré aos seis anos.

Minha mãe tem razão, a década de noventa é a melhor, as músicas são românticas e a programação da televisão é excelente.

E poder levar o Felipe para o meu trabalho é a melhor coisa que poderia me acontecer, finalmente o sol vai brilhar para mim afinal.

_Quando eu começo?!

_Amanhã mesmo filha.

Minha mãe me entrega o papel com o endereço e percebo que ela mora em um bairro bom na cidade, o Malota.

Não é tão longe, eu pego o ônibus e vou até lá.

_Mãe, que horas eu tenho que chegar lá?

_Ela falou que por volta das dez, da manhã.

Fiquei feliz, pois não precisarei tirar o Felipe tão cedo na cama, enquanto eu faço o serviço da casa ele brinca com a menininha, assim eu posso trabalhar e ter o meu filho por perto.

_Filha melhor você dormir, amanhã você tem que levantar cedo e seu menino também!

_Mamãe, acho melhor eu deixar o Felipe com você amanhã, quero conhecer o ambiente primeiro.

_Concordo com você Patrícia, para o Felipe foi uma grande mudança, e eu acho que ele precisará do carinho de avó para se sentir a vontade.

_Obrigada mãe.

Arrumo o sofá-cama, pego o travesseiro, não mecho na cama de Felipe, pois a minha mãe disse que hoje ele dormirá no quarto com ela.

Coisas de avó que se apaixona pelo neto e quer ter sempre ele por perto.

Deixei, pois estou muito cansada da viagem.

Minha nova vida no interior de São Paulo começa amanhã e minha mãe foi maravilhosa em ter pensado em tudo e ter falado com sua ex- patroa por mim e ter me arrumado um serviço. Agora não vou deixar faltar nada para o meu pequeno, Felipe, vou poder comprar brinquedos, roupas, calçados e algum doce ou besteira que ele queira comer.

Me deito e pego no sono e no dia seguinte eu acordo assim que a claridade entra pela janela da sala, me levanto, tomo um banho e me preparo para o primeiro dia de trabalho, como serei babá e cuidarei da casa optei por um moletom e um tênis bem confortáveis, penteio meus cabelos e prendo-os em um rabo de cavalo, por ser mais prático.

Faço o café da manhã e espero a minha mãe se levantar acordei cedo, pois estava ansiosa para o meu primeiro dia de trabalho, como babá e empregada doméstica para a filha da ex-patroa da minha mãe que se chama Angélica.

Minha mãe também se levantou cedo e tomou café comigo, meu pequeno Felipe dormia, pego a minha bolsa e saio em direção para o ponto de ônibus mais próximo de casa para, o terminal Aldo Marani que é um conjunto de pontos de ônibus de onde saem ônibus para todos os bairros de Jundiaí.

A caminho do ponto de ônibus sinto que estou sendo observada por alguém, olho para trás e não vejo ninguém, então no ponto de ônibus embarco rumo ao terminal, e para minha sorte já têm um ônibus para o bairro Malota.

Embarco no ônibus para a mudança de minha vida se Deus quiser para melhor.

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