Patricia Oliveira
Optei por ir à Rodoviária Novo Rio de Ônibus, são duas horas e dezoito minutos de ônibus, a linha escolhida foi a 2018, meu filho estava animado para ver sua vozinha, vamos iniciar uma nova vida em São Paulo, em Jundiaí a viagem será longa, mais valera a pena, quero criar meu filho longe de todo esse mundo maléfico do tráfico de drogas, sei que em Jundiaí minha amada mãe mora também em uma comunidade, que ela julga ser mais calma. Eu prefiro estar ao lado de minha mãe em Jundiaí ao ficar sozinha na Rocinha criando meu filho ou tentando criar meu filho em um lugar onde os jovens são aliciados para o mundo do tráfico de drogas muito cedo.
A minha pequena casa de madeira deixei para a Joana cuidar e combinamos de dividir o dinheiro que ela conseguir com o aluguel, não pretendo voltar ao Rio de Janeiro nunca mais.
Se eu tivesse ouvido a minha mãe e batido meu pé para ficarmos em São Paulo, talvez meu marido não tivesse morrido e nos deixados sozinhos e desamparados.
Observo o caminho até a rodoviária enquanto meu filho dorme com a cabeça encostada nos meus joelhos, e acabo pegando no sono também.
Acordo com a gentileza do cobrador de ônibus me chamando:
_Moça, moça, chegamos a rodoviária. Pego meu filho no colo e com a ajuda do cobrador que me ajudou com as malas eu compro a minha passagem para a rodoviária do Tietê, o rapaz muito prestativo coloca nossas malas no bagageiro do ônibus e se despede de nós, voltando para o seu trabalho rotineiro no ônibus da linha 2018 para a Rocinha.
Agora eu vou enfrentar mais 850 quilômetros de viagem, totalizando oito horas e vinte de ônibus.
Olho em meu relógio e vejo que são duas horas da tarde, chegaremos por volta das oito e vinte da noite na rodoviária do Tiete e depois encararemos mais uma hora e meia de varro até o morro do São Camilo.
Eu chego até estar ansiosa para ver a minha mãe e começar uma nova vida e criar o meu filho Felipe com dignidade.
Pretendo assim que chegar na casa de minha mãe procurar um emprego para ajudá-la, minha pobre mãezinha é aposentada, e mesmo ganhando uma boa aposentadoria, não seria justo com ela eu e seu neto vivermos a suas custas, eu tenho que bancar o meu filho e isso eu vou conseguir com o suor do meu rosto e com a força do sangue que corre nas minhas veias.
As oito e vinte da noite chegamos na rodoviária e do lado de fora vejo a minha mãe me esperando para me receber, ando rapidamente até ela a abraço e choro muito.
Minhas malas ela coloca no porta, malas de seu carro, e eu apresento a meu filho a sua avó
_Felipe, essa é sua vovó Luiza.
Meu filho abraça a perna de minha mãe e diz um oi tímido.
_Felipe a vovó preparou um bolo gostoso de chocolate para você, vamos para casa da vovó.
_Filha, eu estou feliz por você estar de volta, não sabe o quanto eu pedi há Deus para ele proteger vocês. Mas o lugar onde você morava no rio de Janeiro era muito perigoso, e ceifou a vida de seu marido Ernesto aos vinte e cinco anos, e você só tem vinte anos.
Sim, me casei com o Ernesto com quinze anos, na época minha mãe me emancipou para podermos casar, eu já esperava o Felipe, mas só descobri depois que casei e aos dezesseis ganhei o meu mais precioso tesouro. Apesar de morarmos na Rocinha, meu marido trabalhava e nunca deixou faltar nada em nosso barraco de madeira, por fora era tudo simples, mas por dentro era muito bonito e tinha tudo de qualidade, pois meu marido me proporcionava tudo do bom e do melhor.
Uma pena que essa fatalidade o tirou se mim, mas sei que de onde estiver ele olha por nós dois.
Com a ajuda de minha mãe, eu coloco o Felipe no banco de trás do carro em segurança, e na frete me sento com ela.
Passamos o caminho conversando com ela e a viagem de pouco mais de uma hora passou rápido.
Quando chegamos a casa, o olheiro da boca, veio conversar com minha mãe a pedido do traficante. Ele queria saber quem eu era.
_Não se preocupe, Zé boiada, essa é minha filha e esse é meu neto, minha filha é uma pessoa de bem e logo começará a trabalhar.
_Não fique assustada dona Luiza, a senhora conhece bem o Belzebu, ele gosta das coisas, corretas, eu falo com ele dona Luiza._Seja bem-vinda moça ao morro do São Camilo.
Não tinha muito o que dizer, então apenas agradeci ao Zé boiadeiro pela sua "hospitalidade" e preocupação.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 115
Comments
Valdenice Mariano
nossa sou de Jundiaí 😍
2023-06-05
5