À noite, na casa dos Almeida, a família se reuniu na sala de estar, onde a luz suave das lâmpadas criava um ambiente acolhedor. Henrique, sentado no sofá, parecia mais animado do que nas semanas anteriores. Helena, sua mãe, aproximou-se com um sorriso caloroso, beijando-lhe a testa e acariciando-lhe o rosto.
Helena: — As suas duas sessões com o psicólogo realmente fizeram diferença. — Comentou alegre, vendo o brilho de disposição nos olhos do filho.
Madalena, sentada na poltrona ao lado, aproveitou a ocasião para mencionar uma visita recente.
Madalena: — Viviane esteve aqui hoje à tarde. Ela parece ser uma moça de boa índole.
Hugo, irmão de Henrique, balançou a cabeça em concordância enquanto mexia no celular.
Hugo: — Tenho alguns amigos em comum com ela. Pelo que dizem, é uma garota muito legal. — Informou, sem levantar o olhar do aparelho.
Henrique, porém, tinha outra perspectiva sobre Viviane.
Henrique: — "Quando irritada, ela é uma fera." — Pensou, lembrando de uma discussão recente.
Érica, prima de Henrique, inclinou-se levemente para frente, ansiosa por mais informações.
Érica: — Viviane falou algo sobre Leila? — Perguntou, estudando o rosto de Henrique com um olhar inquisitivo.
Henrique: — Só disse que ela está bem. — Revelou, num tom seco.
O pai de Henrique, Daniel, que até então estava em silêncio, decidiu intervir.
Daniel: — Henrique, você precisa parar de procurar por essa moça. Deve esquecê-la e seguir em frente. — Disse, com a voz firme de quem já deu o mesmo conselho várias vezes.
Henrique: — Eu sei, pai. Mas posso ser amigo de Viviane, como o Hugo disse, ela é muito legal. — Respondeu, tentando encerrar o assunto.
Madalena observava tudo com uma expressão preocupada. A menção de Viviane parecia causar desconforto em Érica, cuja expressão tornou-se visivelmente enciumada.
Madalena: — "Agora essa amiga de Leila vem complicar a vida da minha filha." — Pensou, enquanto via Érica lançar um olhar furtivo a Henrique.
Na casa de Viviane, o ambiente era igualmente acolhedor, mas havia um ar de seriedade no jantar. Ela, curiosa, decidiu perguntar ao pai sobre algo que ouvira mais cedo.
Viviane: — Pai, ouvi você falar sobre propósito... O que exatamente isso significa?
Viriato, seu pai, colocou os talheres de lado e a encarou com um olhar pensativo.
Viriato: — Pelo que entendi, propósito é um objetivo importante que se pretende alcançar na vida, algo pelo qual se deseja ser lembrado. — Explicou com seriedade.
Eduarda, a mãe de Viviane, comentou em tom de admiração.
Eduarda: — É algo realmente profundo! — Disse, ponderando a importância do conceito.
Viviane inclinou-se sobre a mesa, seus olhos brilhando com uma ideia repentina.
Viviane: — Eu estava pensando em ajudar Henrique a encontrar o propósito dele. — Disse, como se estivesse decidida a seguir por esse caminho.
Viriato a olhou com preocupação, sua voz carregada de seriedade.
Viriato: — Não sei se essa amizade com ele é boa para você. — Disse, preocupado com o envolvimento da filha.
Eduarda, mais curiosa, perguntou diretamente.
Eduarda: — Por que esse interesse repentino nele?
Viviane suspirou, tentando explicar sua lógica.
Viviane: — Quero ganhar tempo para que ele esqueça Leila. Se ele tiver outra coisa em que se ocupar, acabará deixando-a de lado. — Expressou sua ideia com confiança.
Eduarda sorriu de leve, como se tivesse pensado em algo promissor.
Eduarda: — Viriato, talvez nossa filha possa realmente ajudá-lo. E eu tenho até uma sugestão... — Disse, lançando um olhar de cumplicidade a Viviane.
Viviane: — Pode falar, mãe. — Respondeu, animada.
Eduarda explicou que ele poderia seguir o exemplo de homens importantes que fazem obras de caridade.
Viviane: — Gostei! — Disse, claramente entusiasmada. — "E vou pesquisar essas personalidades famosas e sugerir a Henrique que esse perfil atrai Leila." — Pensou, já formulando seu plano.
Mais tarde, no seu quarto, Viviane estava sentada na cama, mexendo em seu laptop, quando o celular tocou. Era Leila.
Viviane: — Leila, eu estava pensando em um plano para ajudar Henrique. — Começou a contar, empolgada.
Leila, do outro lado da linha, ouviu atentamente, mas sua resposta foi cautelosa.
Leila: — Pense bem! Você quer mesmo se envolver com o Henrique? Essa decisão pode te trazer dor de cabeça. — Advertiu, preocupada com a amiga.
Viviane sorriu, confiante.
Viviane: — Sei sair de campo quando vejo que a partida não está favorável. — Disse, com uma confiança inabalável.
Leila deu um suspiro, lembrando-se dos raros momentos em que Henrique era agradável.
Leila: — Pelo menos vai se manter distraída. Há momentos, raríssimos, em que o Henrique consegue ser simpático. — Disse, com um toque de ironia.
Viviane riu ao lembrar de uma ocasião específica.
Viviane: — Como aquele almoço no restaurante francês? — Sugeriu, ainda rindo.
Leila: — Exatamente. — Confirmou, rindo também.
Mais tarde naquela tarde, Jeovanni, determinado, conseguiu descobrir o endereço de Mateus e foi até a casa dele. Quando chegou, foi Estefânia, a atual companheira de Mateus, quem o recebeu na porta.
Estefânia: — Você é um amigo do Mateus? — Perguntou, desconfiada, mas ao mesmo tempo atraída pela presença forte de Jeovanni.
Jeovanni: — Algo assim. Fiquei sabendo que ele voltou e quis conversar sobre um assunto. — Respondeu, com uma desculpa vaga, mas convincente.
Estefânia, impressionada com a presença dele, mal conseguia esconder sua atração.
Estefânia: — "Que homem... e essa voz, faz qualquer mulher perder os sentidos." — Pensou enquanto o conduzia para dentro da casa. — Pode entrar e esperar. Ele saiu, mas já deve estar voltando. — Disse, com um sorriso largo.
Jeovanni entrou na sala, observando o ambiente com cautela.
Jeovanni: — Com licença. — Disse ao sentar-se.
Estefânia, tentando ser uma boa anfitriã, ofereceu-lhe algo para beber.
Estefânia: — Pode ficar à vontade. Quer um suco? Tenho de goiaba, acabei de fazer. — Ofereceu, tentando prolongar a interação.
Jeovanni recusou educadamente.
Jeovanni: — Não, obrigado. Aceito apenas um copo de água. — Pediu, mantendo o tom formal.
Estefânia foi à cozinha, mas antes que pudesse retornar, a porta se abriu novamente, e Mateus entrou com as chaves na mão.
Mateus: — Amor, trouxe as coisas que você pediu... — Começou a dizer, mas parou ao ver Jeovanni na sala. — O que você está fazendo aqui? — Perguntou, surpreso.
Estefânia lançou um olhar desapontado ao ver que o momento havia sido interrompido.
Estefânia: "É uma pena, ele podia ter demorado um pouco mais." — Pensou, desapontada.
Jeovanni levantou-se, com um olhar sério e determinado.
Jeovanni: — Mateus, tenho uma recomendação para você. — Disse, ignorando o tom provocativo do outro.
Percebendo a tensão, Estefânia decidiu se retirar.
Estefânia: — Vou para o meu quarto. — Disse, tentando sair discretamente. — "Mas vou ficar perto da parede e escutar tudo." — Pensou, cheia de curiosidade.
Mateus, com um sorriso cínico, tentou provocar Jeovanni.
Mateus: — Vai me ameaçar para eu voltar com sua irmã? — Perguntou, com deboche.
Jeovanni: — Quero mais é que ela esqueça o lixo que você é. — Jeovanni se aproximou, a raiva brilhando em seus olhos. — Nunca fui com a sua cara, sempre te achei um falso. Julia quer voltar para a pessoa que você fingiu ser no passado. — A proximidade entre eles tornou o ar quase palpável, e a tensão era como uma corda esticada, prestes a se romper.
Mateus: — Saiba de uma coisa, eu também nunca gostei de você. — Ele revelou, a verdade saindo amarga de seus lábios.
Jeovanni: — No seu caso, é pura inveja. — A palavra saiu como uma lâmina afiada, e a reação de Mateus foi imediata; seus olhos se estreitaram, e ele começou a falar alto, quase gritando, como se tentar impor sua voz pudesse mascarar a insegurança que sentia.
Mateus: — Diga logo o que veio fazer, e depois vá embora! — Ele disse com rispidez, os nervos à flor da pele, incapaz de manter a compostura.
Jeovanni: — Exijo que tenha respeito pela minha irmã e mãe do seu filho. — A voz de Jeovanni era cortante, sem espaço para discussões.
Mateus: — Ela te conta o que conversamos? — Ele perguntou, sua expressão oscilando entre a surpresa e o desespero. — Eu não desrespeitei ninguém, ela inventa coisas. — O sorriso cínico que ele tentou forçar falhou em esconder a mentira evidente.
A raiva que Jeovanni sentia explodiu. Ele agarrou a camisa de Mateus com ambas as mãos, puxando-o para perto. O olhar furioso de Jeovanni era o suficiente para fazer qualquer homem vacilar.
Jeovanni: — Retire o que disse agora. Julia é honesta. — Ele ordenou, a voz baixa e carregada de ameaça.
Mateus: — Eu retiro. — A resposta saiu trêmula, quase um sussurro, seus olhos cheios de medo.
Jeovanni: — Você é patético. — Jeovanni o empurrou com desdém, como se o simples toque em Mateus o enojasse.
Mateus: — Eu posso fazer uma denúncia de agressão. — Ele ameaçou, tentando recobrar alguma dignidade, mas o medo em sua voz o traía.
Jeovanni: — Eu nem sujei minhas mãos com você. Mas aviso: não terei tolerância se continuar a ser mal-educado com minha irmã. — Com essas palavras, Jeovanni se retirou, deixando Mateus sozinho no meio da sala, onde o eco de sua própria fraqueza parecia se multiplicar em cada canto.
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Atualizado até capítulo 53
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