Henrique Cap 18

Viviane estava saindo de sua aula de informática avançada, ao lado de Luke, seu amigo de curso. O sol da tarde já começava a se pôr, pintando o céu com tons alaranjados enquanto conversavam.

Luke: — A parte de construir a tabela foi bem difícil para mim — comentou ele, com um leve tom de frustração.

Viviane: — Eu consegui pegar as instruções do professor, mas talvez na próxima aula você já esteja mais familiarizado — respondeu ela com um sorriso encorajador.

De repente, um homem apareceu do nada, aproximando-se de Viviane com o olhar fixo. Ela deu um passo para trás, surpresa.

Viviane: — Oi! O que você quer? Eu não te conheço! — disse ela, a voz tremendo levemente.

Luke, percebendo a tensão, se colocou entre ela e o homem.

Luke: — Senhor, poderia nos dizer seu nome? — pediu, mantendo-se firme.

Henrique: — Sou eu, Henrique — respondeu o homem, a voz rouca e cansada.

Viviane arregalou os olhos ao reconhecê-lo, mas ficou atônita com a aparência dele. Henrique estava irreconhecível: barba e cabelos compridos e desalinhados, roupas rasgadas, e uma cicatriz marcada no rosto.

Viviane: — Henrique!? — exclamou, surpresa. — O que aconteceu com você? E essa cicatriz no rosto? — Ela não pôde deixar de notar o estado deplorável de suas roupas e sapatos.

Henrique: — Quero que veja o que aconteceu comigo depois que Leila me deixou — disse ele, com uma expressão que misturava desespero e resignação.

Viviane cruzou os braços, incrédula.

Viviane: — Você está parecendo um velho, e quer culpar a Leila por isso? — perguntou, chocada.

Luke olhou confuso para Viviane.

Luke: — Você conhece esse... senhor? — perguntou, sem entender a situação.

Viviane: — Não é um senhor, é o Henrique! — aproximou-se de Henrique e, com um movimento brusco, puxou sua barba.

Henrique:— Ai, que dor! — reclamou, recuando.

Viviane: — Esse cabelo todo deve ser uma peruca — disse, indo puxar também.

Henrique: — Não! É um aplique — ele informou rapidamente, segurando a mão dela.

Luke observava a cena sem saber o que pensar.

Viviane: — É por essas loucuras que Leila não quis ficar com você! E não pense que vai me importunar agora — disse ela, a raiva evidente em sua voz.

Luke:— Calma! Você está muito irritada — tentou acalmar ela.

Viviane: — Desculpa, mas esse sujeito, junto com a família de Leila, é a razão pela qual ela não está aqui, e isso está acumulando com outras coisas na minha vida — explicou tentando conter a fúria.

Henrique, com a voz vacilante, implorou: — Quero saber como Leila está, por favor.

Viviane suspirou, irritada.

Viviane: — Já está na hora de superar, Henrique. Esquece a Leila e segue com a sua vida. E, sinceramente, se conseguiu fazer essa palhaçada de hoje, é porque já está bem do término — rebateu ela.

Henrique abaixou a cabeça, envergonhado.

Henrique: — Pensei que, se aparecesse assim, você comentaria com Leila, e ela voltaria por pena... — admitiu, derrotado.

Viviane cruzou os braços novamente, mas desta vez o olhar era de pena.

Viviane: — Talvez eu acreditasse se tivesse fugido de casa e estivesse assim há um mês, mas com o dinheiro que você tem, não é possível.

Henrique pareceu desmoronar com a sinceridade dela, mas ainda pediu uma última chance.

Henrique: — Por favor, Viviane, eu preciso falar com você.

Viviane revirou os olhos, mas acabou cedendo.

Viviane: — Tudo bem, mas volte para casa e se arrume. E para não perder tempo, me leve junto — disse, e ele, surpreso, não questionou.

Na casa de Henrique, ele pediu que Viviane ficasse à vontade na sala. Uma empregada surgiu para atendê-la, e Viviane, aproveitando a fome, pediu um sanduíche e um suco.

Enquanto Henrique se retirava para o quarto, ela saboreou o lanche, pensando consigo mesma.

Viviane: — "Esse sanduíche estava muito bom, delicioso" — refletiu satisfeita.

Alguns minutos depois, Madalena e Érica entraram na casa, conversando sobre o dia de trabalho de Érica.

Érica: — Mãe, não sei mais como me aproximar de Henrique. Ele está me evitando — queixou-se.

Madalena: — Difícil, filha, mas só se passaram alguns dias... — ela interrompeu-se ao notar Viviane sentada na sala. — Olá, moça — cumprimentou.

Viviane:— Boa tarde — respondeu, educada.

Érica: — Você é a amiga da Leila — disse com um tom de desdém.

Viviane: — Viviane — apresentou-se ela, seca.

Madalena: — Veio trazer algum recado da sua amiga? — perguntou sondando a situação.

Antes que Viviane pudesse responder, Henrique reapareceu, desta vez arrumado e bem-apessoado.

Henrique: — Eu pedi que ela me desse informações sobre Leila — explicou ele.

Érica foi correndo abraçá-lo.

Érica: — Parece muito bem — comentou, sorrindo.

Viviane observou a cena com um sorriso irônico.

Viviane: — Parece mesmo. Vocês deveriam ter visto como ele estava antes... um horror — riu ela.

Madalena e Érica não entenderam.

Henrique: — Erica, madrinha, podem nos deixar a sós? — pediu.

Madalena assentiu, puxando Érica para fora da sala.

Henrique sentou-se no sofá, encarando Viviane.

Henrique: — Eu sei que errei, mas ainda acho que posso ter uma chance com Leila. Só preciso provar que tudo será diferente.

Viviane balançou a cabeça.

Viviane: — Você não mudou nada, Henrique. Mudar não é só falar, é agir — afirmou ela, firme.

Ele abaixou a cabeça, derrotado.

Henrique: — Não vai me dizer como ela está? — perguntou, a voz tingida de esperança.

Viviane: — Ela está bem — respondeu sem muita emoção.

Henrique: — Ela falou sobre mim alguma vez? — insistiu ele.

Viviane: — Não — respondeu, sem rodeios.

Henrique pareceu desmoronar com a resposta.

Viviane respirou fundo, tomando uma decisão.

Viviane: — Henrique, vou te ajudar, como uma boa ação.

Henrique: — Vai me ajudar com a Leila? — perguntou, surpreso.

Viviane: — Explicarei o que pretendo fazer outro dia. Agora, por favor, me leve para casa.

Henrique a olhou desconfiado.

Henrique: — Está falando sério? Ou quer me enganar?

Viviane se inclinou para frente, fitando-o nos olhos.

Viviane: — Olhe bem para mim. Parece que estou brincando?

Henrique: — Não — respondeu ele, ainda desconfiado.

Viviane:— Então confie em mim — finalizou ela, séria.

Henrique sorriu, aliviado: — Tudo bem, vou confiar em você.

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