A chuva aumentou, Natália olhou ao redor, mas não achou lugar nenhum para se proteger da chuva. Não podia ligar para ninguém e naquela hora, não conseguiria ir para casa de nenhum conhecido. Sem escolha, sentou no chão, encostado na parede do prédio e abraçou suas pernas.
— Mãe, espero que hoje você não esqueça de orar por mim. Talvez eu precise de um pouco de proteção além do normal. — Natália disse em meio às lágrimas que se misturavam com a chuva.
As horas se passaram daquela forma, apenas quando já estava amanhecendo, que a chuva parou. Natália tremia de medo e frio. Ela contava as horas para o dia amanhecer. Não conseguiu cochilar nenhum segundo sequer, com medo que algo pudesse acontecer com ela.
— Senhorita Natália? O que faz aqui nesse estado! Você está pálida! Venha comigo. — Rosa disse desesperada ao ver Natália sentada no chão toda molhada.
— Senhora Rosa, obrigada. Está tudo bem. O pior já passou. Não consegui entrar no prédio. Meu celular descarregou. Estava tarde e não consegui ir para outro canto. — Natália explicou para senhorinha que tinha um brechó na esquina.
— Vem comigo menina. Você pode trocar de roupa lá na loja. Certeza que tem algo que consiga usar. — Rosa puxou Natália com tudo.
— Não posso aceitar, dona Rosa. Não tenho como pagar. Posso colocar meu celular para carregar na sua loja? Assim falo com minha tia. Não quero incomodar. — Natália disse ao se ver sendo puxada por uma senhorinha metade do seu tamanho.
— Sua tia é irresponsável. Quem deixa uma menina da sua idade na rua? Por isso sempre dizem, nem cuida da gente melhor que nossa mãe. Tenho certeza que essa sua tia não faria o mesmo se fosse a filha dela. Olha seu estado! Esqueça isso. Farei um café da manhã para gente lá na loja bem quentinho. Você escolhe uma roupa. Pense como um pagamento, por toda dica que me deu sobre as roupas e como vender elas. Me ajudou bastante. Podemos combinar assim? — Rosa estava preocupada. Natália parecia muito mais pálida do que o normal.
— Vamos fazer assim. Pago a você parcelado, a partir do próximo mês. Eu comecei a trabalhar agora. E eu sei como está sendo difícil para senhora com seu filho doente em casa. Vamos fazer dessa forma? — Natália sugeriu.
— Eu não me importaria de dar, mas acho que você não vai aceitar de todo jeito. A última vez que visitou a loja foi do mesmo jeito. Tudo bem. Você paga quando puder. Agora vamos logo. Farei um café bem quentinho com leite. — Rosa disse abrindo a loja.
— A senhora não veio muito cedo para abrir a loja hoje? — Natália perguntou enquanto Rosa abria a porta da loja. O lugar costumava abrir oito horas, mas ainda eram seis.
— Ah! Querida. Eu recebi uma grande doação. Uma madame aí estava com o closet super lotado. Ia jogar tudo fora. Uma das empregadas é amiga do meu filho. Então, ela pegou algumas roupas para ela e o resto doou para ajudar no tratamento do meu menino. Ela é um anjo, né? Então, ela vai passar aqui antes do trabalho. Por isso, vim mais cedo. — Rosa explicou.
— Posso ajudar a catalogar depois. Pode ter algo valioso no meio. — Natália disse antes de começar a tossir.
— Como você pensa em trabalhar nesse estado. — Rosa correu para uma porta, abriu e aprontou para ela. — Aqui. Tome um longo e quente banho. Irei preparar o café. Aqui tem um roupão. Quando terminar você pode escolher qualquer roupa.
— Obrigada, dona Rosa. A senhora é sempre um anjo na minha vida. — Natália agradeceu antes de entrar no banheiro.
Enquanto Rosa cuidava do café da manhã, Natália tomou um banho bem quente e demorado. Estava com bastante frio. Quanto terminou foi procurar uma roupa barata, útil e que fosse confortável para trabalhar. Depois de olhar muito, encontrou algumas peças que poderia usar futuramente em outros looks.
— Natália, minha querida! Você deve ter um dom. Quem imaginaria que peças tão aleatórias que estavam em promoção juntas poderiam ficar tão bem. Você está fabulosa. — Rosa sempre se surpreende com as combinações de roupas que Natália usava.
— Obrigada, dona Rosa. Fico feliz que gostou. Também estou satisfeita. Parece confortável para trabalhar. — Natália respondeu com sorriso.
— E você vai trabalhar nesse estado, menina? Seus olhos gritam que você não dormiu. Tem certeza que não é melhor faltar? Posso explicar ao seu chefe o que aconteceu. — Rosa sugeriu preocupada. Era nítido o cansaço nos olhos de Natália.
— Não precisa se preocupar. Fico apenas a parte da manhã com as crianças. Quando elas forem para aula, aproveito para descansar um pouco. Não poderia jamais faltar na primeira semana de trabalho. Algo me diz que não cai bem. Já fiz besteira o suficiente. Não posso perder meu emprego agora. — Natália explicou.
— Ainda acho que é uma péssima ideia, mas venha cá. Vamos conversar comendo. Você precisa se alimentar. Parece que pode desmaiar a qualquer momento. — Rosa já havia notado que Natália era bastante decidida.
— Obrigada, dona Rosa. — Natália gritou abraçando Rosa. A garota não lembrava nem quando tinha sido a última vez que tinha comido, estava morrendo de fome.
— Se sirva a vontade. Fiz tudo isso para gente. — Rosa apontava para uma mesa cheia e repleta de comida.
Natália não pensou duas vezes antes de avançar na comida. Quando se deu conta, percebeu que já estava atrasada para o trabalho. Com um abraço forte e uma dor de cabeça estranha, Natália saiu correndo atrás do ônibus lotado que estava passando.
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Atualizado até capítulo 106
Comments
Maya
Mas foi mesmo muita irresponsabilidade da tia não ter avisado que não seria possível dormir em casa porque o prédio estaria interditado, isso que ela sabia qua a sobrinha volta pra casa somente a noite. E também o fato de ter recebido uma chamada da sobrinha e não ter procurado saber onde ela estava, se estava bem e o que queria
2024-06-05
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Nil
Sempre aparece um anjo para nós ajudar nas horas difícil ☺️☺️☺️
2024-02-26
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Andrinne Silva
Essa bolsa é de marca em rsrs
2024-01-26
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