Natália logo se recompôs, acompanhando Pedro até a escola das crianças. No caminho, eles conversaram um pouco e descobriram que estudavam na mesma universidade, até mesmo combinaram de ir juntos para aula depois do trabalho.
— Oi, bom dia, sou Natália, vim buscar Lenin, Lucas e Lisa. — Natália se apresentou na portaria da escola.
— Um minuto. — o segurança disse antes de falar algo no rádio comunicador. — Sim, a secretária informou que seu nome foi registrado para buscar as crianças. Posso tirar uma foto? Precisamos registrar você.
— Ah? Claro. Eu acho. — Natália nunca tinha passado por essa burocracia para buscar seus irmãos na escola. Na cidade pequena onde viviam, todos se conheciam, os alunos ficavam esperando alguém vir buscar e corria até eles. Não havia segurança ou alguém para avisar.
— Poderia entrar? A professora quer conversar com você. É a primeira sala à direita. — O segurança disse.
Natália entrou, não tinha notado como a escola era grande. Havia um parque enorme, na frente, uma horta. Os alunos estavam todos sentados com bolsas de carrinhos de lado. Natália riu, lembrando que seus irmãos sempre pediam uma dessa, a mãe acabou amarrando a bolsa deles em um suporte para compras.
— Olá, você deve ser a Natália, eu me chamo Elisa. O ideal era falar com o responsável, mas sabemos que Ulisses é bastante ocupado. Hoje os trigêmeos causaram uma briga generalizada dentro de sala de aula. Precisamos que isso seja reprimido. Esse tipo de atitude é condenada nessa escola. — Elisa, professora das crianças disse.
— E o que levou eles a brigarem? — Natália questionou.
— Isso é importante? Atitudes como essas devem ser reprimidas, não estimuladas. Tentar compreender eles só vai justificar suas atitudes. Não é o que queremos aqui. — Elisa explicou.
— Não faz sentido, como posso repreender alguém se entender o que realmente aconteceu, isso não justificará o que fizeram, mas vão me fazer compreender por qual razão e o que leva eles a tal atitude. Ou a ideia é só colocar de castigo sem explicar o erro a eles? — Natália achava completamente equivocado o pensamento da professora.
— Você é apenas uma babá, não compreende mesmo. Aqui é uma escola de outro nível. Crianças com atitudes selvagens não têm espaço aqui. Ou eles tomam jeito ou são expulsos da escola. Não importa a razão que fizeram isso, não será aceitável — Elisa estava irritada por ter sido questionada por Natália.
— A única pessoa que não compreendeu foi você. É uma pena. De qualquer forma, como babá, irei informar aos pais dele o recado. Se me der licença, a humilde babá está saindo da frente da ridícula professora preconceituosa. — Natalia sorriu debochada. — Vamos, crianças, não se misturem com essa gentalha.
— Você vai se arrepender de ter feito isso. — Elisa disse enviando uma mensagem.
— Boa sorte. Enquanto tiver fazendo eu me arrepender, revise seus conceitos, eles são sem noção como seu look. — Natália respondeu segurando na mão de Elisa, que segurava a do seus irmãos.
Natália se arrependeu na mesma hora que falou, mas não iria deixar que alguém diminuísse ela. Ser babá não era motivo de desonra para ela, era uma profissão como todas as outras. O que fazia dela menor ou maior que outras? Todas profissões tinham sua importância e a ausência delas, atrapalharia todas as outras.
— Crianças, quem gostaria de me contar o que aconteceu? — Natália perguntou entrando no carro. As crianças se olharam, Lucas abraçou Lisa e Lenin parecia irritado.
— Uma das meninas disse que Lisa não poderia fazer parte do grupo porque não tinha mãe, pessoas como nós não temos educação e nem modos. Que não queria se misturar com gente assim. — Lenin ficava cada vez mais irritado ao falar.
— E o que fizeram ao ouvir isso? — Natália questionou.
— Lisa tentou argumentar, tentar fazer amizade, eu joguei suco na roupa da garota. — Lucas respondeu.
— Eu coloquei um chiclete no cabelo dela. — Lenin disse orgulhoso.
— Eu chorei. Não é de propósito que não tenho uma mamãe. Ela virou uma estrelinha quando nascemos. Eu não fiz nada para merecer isso. — Lisa disse. As três crianças abaixaram a cabeça com isso.
— Aquela menina mimada não sabe de nada. Ela não sabe o que está perdendo por não ser amiga de vocês. Os três são maravilhosos! Talvez não tenham uma mãe, mas tem um pai que ama vocês mais do que tudo e se desdobra para que nada falte para vocês. Então não se preocupe com o que os outros falam, ainda mais aqueles que nem sabem sobre a vida de vocês. Estão entendendo? E fico muito feliz de saber que vocês estão cuidando um do outro. A família sempre tem que se apoiar e ajudar. Assim como vocês fizeram hoje. Estou muito orgulhosa. — Natália disse às crianças que sorriram aliviadas.
— Quero ver se senhor Ulisses vai aprovar seus discursos. Querendo ou não, os monstrinhos aí partiram para violência. Vai acabar bem mal isso. — Pedro alertou Natália
— Há diversos tipos de violência, não apenas a física, eles apenas reagiram à violência verbal gratuita que receberam. Não mudo minha opinião, quem deveria está recebendo sermão era aquela garota abusada. — Natália estava irritada.
— Obrigada, Nath, eu me sinto melhor agora. — Lisa disse sorrindo segurando a mão de Natália
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Atualizado até capítulo 106
Comments
Maya
É importante saber o que originou o problema para resolvê-lo, repreender uma criança sem saber exactamente o porquê pode causar revolta nela
2024-05-20
1
Elba Anunciacao
Minha professora de alfabetização deixava as outras crianças puxarem meu cabelo, dizia que achava um absurdo eu ter olhos claros e os filhos dela não. Às vezes eu ficava com os olhos inchados
2024-04-23
4
Elba Anunciacao
A professora está defendendo o bullying que os trigêmeos sofrem.
2024-04-23
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