— Onde diabos eu estou? — Acordei totalmente desnorteada. Em um quarto que nunca vi na minha vida. Quanto mais eu pensava, tentava lembrar, menos fazia sentido.
— Luna! Meu Deus! Você acordou! Vou chamar a todos. — Uma mulher na casa dos seus sessenta anos gritou ao me ver sentado na cama. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ela sumiu.
Em poucos segundos, o quarto estava lotado de gente. Todos pareciam aliviados e preocupados ao mesmo tempo. E eu sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo. Como todos me conheciam e eu não conhecia ninguém?
— Senhorita Luna, se me der licença, irei te examinar. Você passou muito tempo inconsciente. Quero avaliar se está tudo bem.— Um homem vestido de branco disse, suponho que seja um médico.
— Claro, só tem um probleminha, meu nome é Heloíse, não Luna, acho que está havendo alguma confusão aqui. E quem são vocês mesmo? — Falei percebendo que todos estavam me chamando de Luna.
Ao dizer isso, o silêncio se fez e os sorrisos de alegria se desfizeram, mas por pouco tempo, logo começaram vários cochichos. Será que isso é um sonho? Pesadelo? Bem, isso explica as roupas de época que todos estão usando. Ninguém conseguiria usar um vestido desse no Brasil, em pleno verão, morreria de calor em pouco tempo.
— Senhorita Luna, qual a última coisa que se lembra? — O médico me perguntou, insistindo ainda em me chamar de Luna.
— Que eu estava atrasada para minha apresentação, estava correndo e a última coisa que me lembro foi ver tudo girando e várias pessoas ao meu redor — Expliquei. Quando mais eu falava, mais desespeadas as pessoas ao meu redor ficavam.
— Aí Meu Deus! Minha pobre filha! Será que foi amaldiçoada? — Uma mulher ruiva gritou abraçando um homem alto.
— Querida, mantenha a calma. Vamos esperar que o médico diga o que exatamente está acontecendo. Talvez não seja nada grave — O homem alto, de cabelo preto me olhava preocupado enquanto consolava o que acredito que seja a mulher dele.
— Luna, você sofreu um acidente, caiu de um penhasco. Acredito que a queda tenha sido forte até mesmo para você. Talvez esteja alucinando um pouco ou misturando a realidade com algum sonho que teve enquanto estava dormindo. Também pode ser uma espécie de amnésia. Teremos que avaliar nos próximos dias — O médico disse enquanto escrevia algo em um caderno.
— E o que vamos fazer doutor? — A mulher ruiva gritou.
— Deve ser algo passageiro. O impacto foi grande. Tenho absoluta certeza que logo ela voltará ao normal. Apenas fiquem de olho. Ela deve está misturando as memórias com sonhos. Com o tempo ela deve saber distinguir as verdadeiras memórias dos sonhos. — O médico disse — Aqui está as medicações que ela deve tomar e os horários. Qualquer coisa podem me chamar. E Luna, você ganhou uma segunda chance, segure ela com toda sua força. Não desperdice.
— Certo. — Sorri sem entender exatamente o que tinha acontecido. Eu tenho certeza que não me chamo Luna, meu nome é Heloísa. Estou sonhando, certo?
— Luna, mamãe e papai estão com você, certo? Vamos cuidar muita bem. Vai ficar bem. — A ruiva disse me abraçando forte.
— Você tem o sangue dos lobos mais forte dentro de você, minha querida e única filha. Só precisa de um tempo para mente ficar em ordem. Vou pedir para organizarem uma festa para comemorar sua volta. — O homem gritou saindo por fora animado. Ele disse sangue de lobo?! Que viagem é essa?
— Querido, espera! Ela ainda não está totalmente curada. Não é hora de fazer uma festa. — A ruiva corria desesperada — Carmem, organize um banho para ela. Seus cabelos já estão em um estado caótico. Tomem cuidado com ela.
— Sim, rainha. — A senhorinha que havia visto antes de todos concordou com o comando. Ela acabou de chamar ela de rainha?
— Licença, onde eu estou? — Perguntei tentando compreender do que se tratava tudo aquilo.
— No reino de Ungues, princesa. — Carmem respondeu se aproximando de mim. — Você não se lembra de nada? Nem dos seus pais? Absolutamente de nada?
— Você acabou de me chamar de princesa? — Questionei um pouco apavorada. O único reino que conhecia chamando Ungues era do livro lua de sangue. Ele era totalmente fictícia.
— Sim, princesa. Você não se lembra disso? Você é Luna Rubrum, princesa do reino de Ungues. A nossa maior esperança e orgulho — Carmem explicou me ajudando a levantar.
Luna Rubrum, é a princesa do reino de Ungues, uma loba poderosíssima e mais importante, a vilã do meu livro preferido, Lua de sangue. Eu só posso está sonhando. Devo ter levado a senhora pancada naquele acidente.
— Quantos anos eu tenho? Quais os nomes dos meus pais? Em que ano estamos? — perguntei com um misto de sentimentos. Não sabia o que pensar.
— Princesa, a senhorita tem 17 anos. Sua mãe se chama Samantha e seu pai Clóvis. Creio que estamos em 1700. — Carmem respondeu me deixando surpresa. Que tipo de pessoa sonhava com tantos detalhes? Será que estou impressionada por ter lido o livro ontem? Por isso, estou com esses sonhos.
— Tenho irmãos? — Questionei para confirmar.
— Theodoro e Bernardo, são gêmeos, ambos com 20 anos. — Carmem disse me direcionando ao banheiro, mesmo que tentasse parecer calma, parecia preocupada.
Tudo estava batendo, os nomes, época, o lugar. Tudo. No livro " Lua de sangue ", Luna Rubrum era uma mimada princesa, que tinha toda a sua família aos seus pés, mas no fim, acaba perdendo todos e até a si mesma em nome de uma vingança. O final do livro é uma tragédia, onde Luna acaba morta nas mãos dos seu ex-noivo.
— Senhorita, irei pegar um vestido para senhora. Creio que seu noivo deve está vindo. Você ficou desmaiada por cerca de um mês, ele te visitou todos os dias, se sentindo culpado por não conseguir impedir sua queda. — Carmem explicou. Eu tive uma crise de riso. No livro, Luna realmente se machucava e passava um mês em coma, mas o culpado foi realmente seu noivo, ela o flagra aos beijos com uma de suas amigas de infância. Se enfurece e perde o controle de si, virando uma loba e partindo para cima de sua amiga. — Você está bem, princesa? Podemos deixar para tomar banho depois.
Estávamos na frente do espelho, quando me olhei, não acreditei. Meus cabelos eram longos, ruivos, até a cintura, totalmente encaracolados. Minha pele era branca como a neve e meus olhos pareciam duas esmeralda. Eu paralisei ao me olhar no espelho.
— Eu sou Luna Rubrum? — Perguntei ao ver meu reflexo no espelho. O que está acontecendo aqui? Que tipo de sonho bizarro esse?
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Cristiane de Oliveira
Qui amiga da onça viu..../Angry//Angry//Angry//Angry//Angry/
2025-02-18
0
Cristiane de Oliveira
Mais não agora
2025-02-18
0
Cristiane de Oliveira
Eita é brasileira...!!!...será que é nordestina...kkkk/Facepalm//Chuckle/
2025-02-18
1