A vingança é um prato que se come frio

Era divertido. Imagino o quando Luna sofreu ou sofreria na mão desse playboy. Diferente de Louis, que tinha uma aura misteriosa e sexy, Elliot era apenas bonito. Não posso julgar Luna, também já sofri por gente sem graça.

— Louis, você sabe que ela é a minha noiva, certo? O que você está fazendo é um crime. — Elliot tinha um sorriso no rosto. De quem tinha se livrado de dois coelhos de uma vez só.

— Eu quero uma explicação agora. — Mikael, pai de Louis, rei dos vampiros, gritou.

— Minha filha querida! Estou tão feliz que você está bem. Estava tão preocupada. Você ainda está se recuperando do acidente. Mikael, minha filha não está totalmente curada, depois de um descanso, você poderá perguntar o que quiser a ela. Vamos para casa, querida. — Meu pai disse me olhando sério. Estava com medo de como isso poderia afetar o clã.

— Rei Mikael! Pai! Poderiam pedir para todos saírem e ficarmos apenas eu, vocês e Louis? — pedi para eles.

— Não! Eu sou seu noivo. Tenho que ficar. — Elliot gritou nervoso.

— Sou esposa de Mikael, não posso apenas ficar longe dele fora do castelo. — Esther, mãe de Elliot, disse.

— Mikael, tenho algo que indico que não deva ser falado na frente de todos, para manter a segurança de todos. E pai, peço que confie em mim. — Falei me levantando do colo de Louis.

— Tudo bem. Nada pode acontecer. Esperem lá fora. — Mikael concordou. Meu pai apenas acenou. Parecia cansado.

— Papai! — Elliot disse. Seu pai olhou sério para ele. Que apenas baixou a cabeça e saiu.

— Pronto. Somos apenas nós quatro. — Mikael disse sentando ao perceber que uma cadeira apareceu ao seu lado.

— Louis, poderia fazer com que nada que for falado aqui, seja ouvido por ninguém além de nós quatro, por favor. — Pedi. Louis me analisou um pouco, como se estivesse pensando se era uma boa ideia e me deixar fazer o que quiser.

— Não está exagerando um pouco? — Mikael perguntou ao ver seu filho estalando os dedos.

— Nenhum pouco. Cerca de quarenta dias atrás, descobri que seu filho estava tendo um caso com uma das lobas do meu reino. Sentido a dor da traição, me transformei em loba e parti para cima dela. Por instinto de proteção, seu filho me atacou e eu caí de um penhasco. O resto você já sabe. Sendo assim, para evitar qualquer conflito entre os clãs devido ao pacto, eu peço para que meu noivo seja alterado para Louis. E possamos esquecer tudo que aconteceu. — Sugeri.

— Não lembro de ter concordado com esse noivado. — Louis sussurrou no meu ouvido.

— Tarde demais. — Sorri para ele.

— Como assim, possamos esquecer tudo? O maldito Elliot tentou te matar, não apenas isso, também traiu o pacto. Isso é motivo para que sua cabeça seja cortada como exemplo, na frente de ambas as cidades, em sinal de respeito. — Meu pai gritou.

— Pai, isso apenas traria uma guerra desnecessária. Tudo bem por mim apenas ser esquecido. Desde que eu possa casar com Louis e a terra proibida seja de total responsabilidade dele, dando a ele autonomia para gerir como o rei desse novo reino que vai nascer. Se ambos concordarem com isso, podemos fazer assim. Todos ficaram satisfeitos e eu ficarei feliz, papai. — Na verdade, ficarei segura, mas era suficiente.

— Calma. Está dizendo que devemos concordar em transformar a terra proibida em um reinado e passar todos poderes dela para Louis? Não acha que é um pedido grande demais? — Mikael sorria sem graça para mim.

— Não sei, me responda. Se não aceitar a minha proposta, será a cabeça de Elliot que pedirei por ofensa a mim e aos antepassados. E não haverá ninguém do lado dos vampiros que possam curar mordida de lobos. Deixo que você escolha, rei. — Falei com um sorriso perverso.

— O que você acha, Clóvis? — Mikael passou a bola, esperando meu pai cortar.

Nossos pais estavam conversando entre si, eu estava um pouco nervosa. Era de extrema importância transformar esse lugar em um reinado para me deixar totalmente protegida contra Elliot, até mesmo quando ele se transformar em rei.

— Certo. Ambos conversamos e concordamos. Desde que ambos se mantenham casados e façam visitas periódicas aos dois reinos. Assim poderão mostrar que os três reinos estão trabalhando juntos. E acho que é uma ótima ideia. Criar um reino da união de ambos os clãs. Mostra que a época de guerra terminou. E aqueles que querem viver juntos, de raças diferentes, tem um lugar para ficar. — meu pai concordou. — Vocês podem fazer um país livre como desejam.

— Eu concordo com a união, mas desde de já, senhorita Luna deve passar a morar nesse castelo. O casamento deve acontecer em um mês a partir de hoje. Assim que ocorrer, iremos anunciar a criação do reino neutro, administrado pelo novo rei, Louis Dens e a sua rainha Luna Rubrum. Podemos combinar assim? Ambos deverão ter responsabilidade pelo território. Em nome dos lobos e dos vampiros. — Mikael parecia um pouco agitado com a ideia.

— Mikael, as crianças crescem tão rápido, em vez de cortar a cabeça do seu filho traidor, que tal passar em um bar e beber um pouco? — Meu pai sugeriu. Diferente dos vampiros que costumavam ser bem formais, os lobos eram mais...Despojados?

— Acho que preciso de um whisky bem forte depois dessa. — Mikael disse colocando a mão na cabeça.

— Posso pedir que o que foi conversado fique apenas entre nós? Para que não haja qualquer incitação de nenhuma das parte?? — Reafirmei.

— Você criou bem sua garota, Clóvis. — Mikael sorriu para mim. Acho que entendeu onde eu queria chegar.

— Até me assusto um pouco, era uma menininha até uns dias atrás — Meu pai dramatizava.

Inesperadamente, Elliot arromba a porta. Louis tem uma crise de riso tão grande que ecoa no castelo inteiro.

— Do que vocês está rindo, Louis? Você roubou minha mulher. Que tipo de maldição você usou para isso. — Elliot gritou apontando a espada para Louis.

— Não precisou de magia, apenas caráter. E ele não roubou sua mulher. Eu nunca fui sua. E agora, me chame de cunhada, ok? — A vingança era mesmo um prato delicioso. Acho que compreendi porque me tornei a vilã.

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