Capítulo 19

Aurora retirava suas joias sentada em frente ao espelho, quando Hassan sai do banheiro, pela primeira vez, ela o vê seu peito desnudo, ele vestia uma calça larga, mas estava com o peitoral nu. Aurora tenta desviar seus olhos, mas não consegue, através do espelho ela o observava arrumar o sofá onde dormiria. Por um momento seus olhos se encontraram, Hassan se aproxima dela e a faz se levantar, ele então repousa uma de suas mãos em sua cintura e com a outra, acariciava seu pescoço, Aurora se sentia lânguida, suas pernas fraquejavam, pois o toque dele em sua pele era perturbador.

Hassan aproxima seu rosto do de Aurora e fecha seus olhos, ele roçava seus lábios nos dela, ensaiando se deveria beijá-la ou não. Sem conseguir resistir, ele acaba se apossando de seus lábios. Ela dava passagem para sua língua ávida e quente, os dois se entregavam àquele beijo de forma sincera, pois ambos queriam aquele beijo havia muito tempo. Ele a apertava contra seu corpo como se quisesse que os dois virassem um só, Aurora se entregava sem resistência alguma ao beijo e as carícias dele.

O beijo ia se tornando mais intenso e agora Hassan a conduzia para a imensa cama do quarto, continuavam abraçados e grudados pelos seus lábios. Hassan a deita na cama e em seguida se deita sobre ela, ele passeava suas grandes mãos sobre seu delicado corpo. Aurora havia se rendido muito facilmente, pois queria estar nos braços dele. Enquanto o beijo ia se tornando mais intenso, Aurora soltava pequenos gemidos, ao sentir a pequena barba de Hassan percorrer seu pescoço. Bruscamente Hassan se levanta da cama e se afasta dela, estava visivelmente perturbado e passava suas mãos pelos cabelos.

- O que houve, Hassan? – Pergunta Aurora confusa.

- Não podemos continuar com isso, nosso casamento não é real, nada disso é real.

- Como não? Eu sou real, estou aqui com você.......ninguém sabe do nosso acordo, somente nós dois.

- Eu sei disso, mas ainda assim é errado, não posso fazer isso com você!

- Fazer o quê, Hassan? Somos casados, e eu quero, quero muito.

- Tem certeza que quer mesmo, Aurora? E se você se arrepender depois? Somos de culturas completamente diferentes, e se de um dia para o outro você decide partir?

- Não vou me arrepender, eu te garanto. Eu gosto daqui.

- Acho melhor não continuarmos com isso. Não quero que saia desse casamento machucada, nem eu pretendo me machucar, nós dois somos adultos, mas esse acordo tem prazo de validade, e agora que já assumi definitivamente o controle do país, em pouco tempo estaremos divorciados, é só uma questão de tempo, podemos alegar incompatibilidade total, ou se preferir podemos dizer que você não se adaptou, não sei, pensaremos em algo convincente.

- Mas Hassan, eu.......

- É melhor assim, Aurora, acredite! Embora a deseje muito, não quero começar algo que em breve terminará, ou melhor, nem deveria ter começado, estive pensando muito sobre nossa situação, e me arrependo de ter agido no desespero, acho que foi um grande erro forjar um casamento, pois para meu povo, o casamento é algo sagrado, e eu simplesmente o banalizei, e não me entenda mal, não tem a ver com você, pois escolhi uma mulher honrada, mas eu é que não podia tê-la usado em meus planos tão levianamente, me desculpe por tudo......sinto muito, sinto muito mesmo!

Hassan sai do quarto apressado e tinha a expressão séria. Aurora permanece imóvel na cama sem saber o que fazer, pois acabara de quase se entregar ao seu marido, o que em outras circunstâncias seria perfeitamente normal, mas no fundo, ela sabia que Hassan estava coberto de razão, não podiam começar algo que estava fadado ao fracasso.

Desde o dia da festa, se passa mais um mês, agora Aurora se ocupava única e exclusivamente com seu trabalho no jornal de Yamal. Todas as manhãs ela ia para sua sala e passava a revisar matérias, analisar pautas e muitas outras tarefas. Hassan se mantinha apenas cordial, a cumprimentava formalmente quando estavam sozinhos, mas na frente de outras pessoas não faltavam elogios dele, para ela. Aquele teatro dos dois a incomodava cada dia mais, pois desde que Hassan havia a beijado, ela não conseguia o tirar de seus pensamentos.

Todas as tardes ela tentava visitar os aposentos do rei Youssef, mas sempre alguém dizia que ele estava descansando e que não era possível. Porém, em mais de uma ocasião, ela podia jurar pelo que era mais sagrado no mundo que ela havia ouvido sons de risadas vindo do quarto dele, e não era somente de uma pessoa, e sim de duas, e como boa jornalista que era, iria descobrir o que estava acontecendo.

Numa das tardes que tentava visitar o rei, acabara recebendo novamente o recado de que ele não estava bem, ela então dá meia-volta e finge ir embora corredor afora. Ela se esconde atrás de uma das imensas pilastras do corredor e espera até que o segurança saia da frente da porta, pois ela sabia exatamente o horário que isso acontecia, já havia estudado a movimentação por alguns dias, e estava decidida a descobrir o que estavam escondendo.

No momento em que o segurança sai de frente da porta, ela aproveita e entra, já tinha experiência nisso, pois fora exatamente daquela forma que se metera naquela situação toda de se tornar esposa de mentira. Assim que ela entra no quarto do antigo rei de Yamal, Youssef, o encontra em pé bebendo uma taça de xerez (Xerez é um tipo de vinho fortificado, licoroso, típico da Espanha, envelhecido no sistema de soleira. Seu nome é derivado da região onde é elaborado, Xerez da Fronteira). No mesmo instante, ela começa a ficar irritada ao se lembrar de todas as vezes que ouvira as risadas dentro do quarto, se sentia enganada, mas ao mesmo tempo sente orgulhosa por pelo menos daquela vez seu faro jornalístico não a deixar na mão.

- O que está acontecendo aqui? – Pergunta Aurora indignada.

No mesmo instante Youssef e Rafiq se olham assustados, pois haviam acabado de ser descobertos, tentavam a todo custo acharem uma desculpa convincente, um olhava para o outro, como se quisessem combinar algo, porém, Aurora que se mantinha em pé com as mãos na cintura e o olhar fixo, não parecia que iria se contentar com alguma mentira esfarrapada.

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