Capítulo 08

Aurora nem havia dormido, desde que chegara em seu apartamento depois da festa e colocara Bia para dormir, se ocupara com suas malas e os últimos detalhes de sua partida para Yamal. Sabia que teria que inventar alguma desculpa para seus pais, pois mesmo morando longe deles, tinham uma boa relação, e certamente teria que arrumar alguma boa justificativa para sua partida repentina para um país tão diferente e distante do seu.

Quando o relógio marcou quatro da manhã, ela resolveu tomar um banho e se arrumar. Pela breve pesquisa que havia feito, o clima de Yamal era extremamente quente, teria que se adaptar com a mudança de clima. Ela então se decide por um vestido simples na altura dos joelhos, sabia que embora o país não fosse tão conservador, não queria chocar as pessoas, não sabia exatamente o que era permitido ou não, então vestiria algo mais discreto. Seu vestido era simples, o decote era quadrado e muito discreto, mas deixava seus seios muito bonitos, pois lhe moldava perfeitamente, tinha ainda as mangas bufantes, lhe conferindo um ar muito romântico. Seus longos cabelos encaracolados chegavam quase à altura da cintura, era negro como a noite. Suas maçãs do rosto eram salientes e rosadas, seus olhos tinham um brilho sonhador, e seus lábios eram volumosos e carnudos. Aurora recebera esse nome, pois nascera ao nascer do sol, justamente o que significava seu nome, sua mãe havia tido um parto difícil e demorado, e assim que o sol nascia, ela nascia junto.

Bia dormia em sua cama tranquilamente, as duas já haviam se despedido e nenhuma delas estava muito preparada para dizerem adeus definitivamente, Aurora então, sugerira que ela tentasse dormir, pois queria sair sem se despedir, não queria que fosse um adeus, e sim, um até breve.

Às cinco e meia seu celular dá o primeiro sinal de que sua carona havia chegado, ela então avisa que já estava descendo. Pela última vez ela dá uma olhada pelo pequeno apartamento em que fora tão feliz, naquele pequeno espaço, havia rido e chorado muito ao lado de sua melhor amiga, quase irmã, aquele havia sido seu lar por muitos anos, e deixar aquele lugar de conforto e aconchego de uma hora para outra, não era nada fácil, uma lágrima escorria por seu rosto e ela decide sair, mas antes, vai até o quarto de Bia e beija sua testa, olha pela última vez para sua amiga maluca dormindo, pois queria guardar seu rosto em sua memória.

Aurora chega na portaria de seu prédio minutos depois, sabia que um motorista estava à sua espera. Assim que abre o portão e avista o elegante carro parado do outro lado da rua, seu coração quase sai do peito, pois Hassan a esperava em pé ao lado do carro. Ela então, pela primeira vez, nota como ele era bonito e elegante, tinha uma postura imponente e só com a forma de olhar para as pessoas, tinha certeza que ele conseguia o que desejasse.

Do outro lado da rua, Hassan aguardava do lado de fora do carro, até que sua agora esposa, descesse. Ele estava apreensivo com tudo o que estava acontecendo, tinha muitas dúvidas se tinha escolhido a mulher ideal, mas precisava o mais rápido possível deter seu tio. Assim que avista uma mulher cruzando pelo portão afora, franze a testa, pois acabara de perceber que tinha se casado com uma mulher linda, seus cabelos esvoaçavam ao vento, e seu corpo dançava enquanto se dirigia até ele, suas lindas bochechas rosadas pareciam macias como algodão, seu corpo parecia perfeito para se encaixar ao dele, naquele exato momento, se dera conta de que havia se casado com um belo cachorro quente! Sabia que teria que se controlar ao máximo para não se deixar envolver por ela, mesmo que fosse difícil, pois sua esposa era muito atraente, mas precisava se lembrar que era apenas um acordo.

- Bom dia senhor, Hassan! Espero não ter atrasado.

- Bom dia, Aurora. Sugiro que não me chame de senhor, afinal, somos casados!

- Me desculpe, estou encarando tudo como um trabalho, então é como se fosse meu chefe! Mas tem razão, preciso me acostumar a chama-lo de Hassan, apenas.

- Ótimo! Podemos ir?

- Sim, quanto mais rápido, melhor, ou então acho que serei capaz de desistir dessa loucura agora mesmo.

Hassan nada responde, apenas a olha muito profundamente, era como se ele a desnudasse, era como se a queimasse com aquele olhar profundo. Ele observava seu corpo, seus cabelos, a maneira como ela sorria, como andava, definitivamente, seria uma tortura tê-la como esposa. Os dois partem rumo ao aeroporto afim de pegarem o jato particular de Hassan, ele havia explicado que dentro de 14 horas de voo chegariam a Yamal.

- Será uma longa viagem Aurora, por volta de nove da noite chegaremos ao nosso destino.

- Nove da noite? Tem alguém esperando pela gente? Você avisou que estava retornando, não avisou?

- Não! Quero que seja a mais completa surpresa. Todos já terão se recolhido no palácio, mas a apresentarei formalmente no dia seguinte. Ninguém sabe que eu fiz essa viagem para escolher uma esposa, todos pensam que eu estava fora do país á trabalho.

- Palácio? Vou morar num palácio?

- Sim! Sou um príncipe, se lembra?

- Confesso que as vezes me parece surreal, não fico pensando nisso ou então vou enlouquecer! Mas.......ninguém faz ideia de que estou indo? Nem mesmo seu pai?

- Não.

- Você acha que me aceitarão bem? Aliás, quem mora com você?

- No palácio moramos em família, árabes tem esse costume de morar todos juntos, uma vez que as casas são enormes e espaçosas, é normal os filhos se casarem e morarem todos juntos. No palácio mora meu pai Youssef, eu, minha tia Zainab, que é viúva, a filha dela, ou seja, minha prima Lâmia, e meu primo Jamal, além dos empregados que já estão conosco há muito tempo, temos nossa governanta Malika e a Haya que certamente será sua ajudante pessoal.

- Nossa, terei que decorar todos esses nomes.

- Não se preocupe, não tem que se preocupar com eles, minha família a receberá muito bem.

- Mesmo eu sendo uma esposa estrangeira?

- Apesar de sermos tradicionalistas em várias coisas, nesse sentido temos a liberdade para casarmos com quem quisermos. Minha tia Zainab que é viúva se casou com um americano, ele foi ao nosso país e se apaixonou por ela, acabaram se casando, tiveram a bênção de meu avô para isso.

- Que bom! Não sei se ia conseguir morar numa casa com as pessoas me julgando pelo simples fato de não ser do mesmo país que eles.

- Isso não acontecerá, até porque agora é minha esposa, será a dona daquele lugar, suas ordens terão que ser obedecidas.

- Você me assusta falando assim, não quero ser a dona de nada, sabemos que isso não passa de um acordo.

- Aurora.........acho que você ainda não se deu conta do que se meteu, não é?

- Acho que não!

- Pois terá que se esforçar ao máximo para representar impecavelmente seu papel de esposa do futuro rei de Yamal. Espero que convença a todos que esse casamento foi feito de forma legítima e que nós nos amamos. Perto das outras pessoas, não podemos vacilar um segundo sequer, somente eu, você e meu primeiro ministro sabemos desse acordo, esse será nosso segredo.

- Não se preocupe, me esforçarei ao máximo para que nada saia errado. Eu realmente não sei no que me meti, mas não vou decepcioná-lo.

- Assim espero, pois será muito bem paga para isso.

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