Quando O Amor Acontece
Vamos, Aurora! Diga que sim, por favor!
- Não! Você sabe que não gosto muito desse tipo de festa, regada a bebida.
- Você não precisa beber!
- Mas e os bêbados? Você sabe que eu tenho algum tipo de ímã para eles, atraio um pior que o outro, sem contar as piadas sem graça que sou obrigada a ouvir!
- Você é mesmo chata, hein! Certinha demais, aff...
- Eu é que sou certinha, ou é você que é muito inconsequente, Bia?
- Não diria inconsequente, e sim.......feliz! Vamos, por favor, não é todo dia que temos a oportunidade de ir a uma festa à fantasia, ainda mais no salão do hotel mais elegante da cidade! Faço qualquer coisa para você ir comigo, o que quer em troca?
Aurora pensou por um breve momento, realmente não era todo dia que podiam pisar num lugar tão elegante, ainda mais sendo estagiária de jornalismo, viviam com o salário contado, e pisar num hotel daquele porte, era praticamente impossível. Bia realmente tinha muita sorte, pois havia ganhado dois ingressos num sorteio, para comparecerem ao evento do ano, uma grande festa à fantasia.
- Está bem! Vou aceitar sua proposta, mas saiba que você terá que lavar minhas roupas, por um mês!
- Um mês, Aurora?
- É pegar ou largar! Se quer mesmo que eu vá com você, terá que lavar todas as minhas roupas.
- Está bem, afinal, foi eu que propus uma troca! Ai, nem acredito que vamos numa festa daquelas, imagine só, nós duas entrando num salão daqueles, vou escolher uma fantasia bem bonita, você tem ideia do que vai se fantasiar?
- Ainda não faço ideia, mas terá que ser algo bem barato, afinal, nosso salário de estagiária é uma vergonha!
- E para que existem os cartões de crédito? Podemos parcelar em cinquenta vezes, se for o caso!
- Definitivamente, não! Acho que essa festa não valerá tanto a pena assim, para gastarmos tanto!
- Nossa Aurora, seu pessimismo me assusta! Podia ao menos fingir que está animada, né?
- Não é que eu não esteja animada, falando assim, parece que sou uma velha ranzinza, e você sabe que eu até gosto de festas, mas como falei antes, não tenho paciência para os bêbados que se aproximam, sem contar que não podemos gastar muito dinheiro. Mas você tem razão, acho que preciso mesmo me distrair um pouco, quem sabe nessa tal festa à fantasia, não esqueço um pouco dos problemas?
- É assim que se fala, Aurora! Você verá, tenho certeza que essa festa será inesquecível!
- Espero que sim, Bia! Mas agora vamos terminar nosso almoço e voltar para a redação do jornal, senão nossa chefe é capaz de mandar o FBI atrás da gente!
- Nem me fale, ela é mesmo o cão! Ô mulher chata! Mas depois que acabar nosso expediente, vamos comprar nossas fantasias, afinal, a festa é amanhã!
Aurora e Bia retornam ao trabalho e passam a se ocupar com suas tarefas, ambas trabalhavam num pequeno jornal no centro da cidade, como eram estagiárias, trabalhavam na produção de textos, agendavam entrevistas, revisavam as colunas dos mais variados segmentos, e prestavam apoio ao que fosse necessário.
As duas haviam se conhecido na faculdade, que ainda cursavam, e nunca mais haviam se separado, e apesar de serem muito diferentes na personalidade, sabiam que era exatamente por esse motivo que conseguiam se entender, pois uma completava o que faltava na outra.
Bia era extremamente farrista, não perdia uma festa, tinha uma certa pressa em viver, e por esse mesmo motivo, ia se metendo nas mais variadas confusões. Aurora, era a mais centrada e responsável das duas, era no colo dela que Bia se lamentava quando não dava certo em algum relacionamento.
Todo final de ano, Aurora e Beatriz voltavam para a cidade natal delas, e passavam as festas de final de ano com suas famílias, e logo em seguida, retornavam para a cidade onde moravam, trabalhavam e estudavam, para assim, continuarem vivendo suas vidas. A família delas já haviam se misturado, o relacionamento deles era de uma grande família, as vezes brigavam, discutiam, mas em seguida já estavam programando a próxima reunião.
Aurora sempre fora uma mulher responsável, desde pequena tinha instinto protetor, estava sempre disposta a pensar no bem do próximo ao invés do seu próprio, e assim que saíra de casa e começara a se sustentar sozinha, o senso de responsabilidade havia aflorado. Amava seu trabalho, e não via a hora de se formar e finalmente poder assumir alguma coluna num grande jornal, ou então ir à campo e fazer os mais variados tipos de reportagens.
O final do expediente chega, Aurora e Bia caminhavam pela calçada do movimentado centro comercial, em busca de alguma loja de fantasias, olhavam as vitrines atentas, pois o orçamento das duas, era extremamente limitado.
- Achei Aurora! Vamos! – Grita Bia, no meio da rua.
Ela ia arrastando Aurora para dentro da loja, enquanto se dirigia direto à vitrine.
- Olhe que linda essa fantasia! O que acha, Aurora?
- É realmente muito bonita, você ficará linda dentro dela, acho que foi feita para você!
- Concordo! Está decidido, irei fantasiada de Cleópatra! Agora vamos procurar alguma coisa para você, mas tem que ser algo mais...........como posso dizer.........algo mais romântico!
- Romântico?
- Sim! Afinal, você é doce e meiga, é chata as vezes, mas tem o coração gigante, então tem que ser algo mais romântico, uma princesa, ou uma fada, talvez!
- Nada disso! Vamos ao setor de promoções, com certeza encontrarei alguma coisa por lá, venha!
Bia revira os olhos enquanto seguia Aurora até o fundo da loja, havia uma grande caixa com dezenas de fantasias jogadas de qualquer jeito, o preço realmente era bem mais baixo, mas em compensação, não tinha nada de atrativo, apenas fantasias de sapos, dinossauros, abelhas, ou seja, coisas comuns. Aurora revirava a caixa até chegar ao fundo, e assim que retira a última peça do fundo da caixa, seus olhos brilham, finalmente havia encontrado a fantasia perfeita!
- Achei, Bia! Essa ficará ótima!
- O quê? Você só pode estar brincando! Vamos ao hotel mais caro desse país, numa festa extremamente luxuosa, e você quer usar isto?
- E por que não? É perfeita!
Aurora mantinha um sorriso sincero no rosto, realmente havia gostado da fantasia, e já que era para se divertir na tal festa, que fosse de forma espontânea. Assim que as duas saiam da loja de fantasias, passam em frente à uma loja de doces turcos, e como Aurora era apaixonada por figos desidratados, ela entra afim de comprar alguns, porém, Beatriz decide comprar uma sandália nova, não entra na loja de doces com ela.
Aurora olhava os doces muito atentamente, pareciam todos muito gostosos, eram tantos que em sua vida inteira, não conseguiria provar todos. Perto da janela da loja, uma senhora tomava seu café tranquilamente, e no momento em que o olhar de Aurora cruzou com o daquela velha mulher, seu corpo se arrepiou por inteiro.
- Se aproxime, minha jovem!
Aurora caminha até ela, como se tivesse um ímã, pois sua voz era suave, porém, firme. Aurora então se senta à frente da senhora, na cadeira que ela indicara.
- Aceita beber um café?
- Não, obrigada! – Diz com um pouco de receio.
- Beba!
Aurora percebera o tom autoritário da velha mulher e acaba aceitando. O café era estranho, era bem mais fino que o pó de café normal, mas não podia deixar de acha-lo delicioso. Ao final, Aurora deixa sua xícara sobre o pires, mas a velha senhora vira a xícara para baixo, em cima do pires, em um movimento rápido. Ao desvirar e destampar, ela começa a observar atentamente dentro da xícara.
Aurora então entendera que se tratava de um costume de alguns árabes, a cafeomancia, chamada popularmente de leitura da borra de café, é um oráculo usado para adivinhar o futuro de acordo com os desenhos que aparecem no pires e na xícara de café depois de bebê-lo. Ela não entendia o motivo de estar ali, mas alguma coisa havia a feito entrar naquela loja. Enquanto observava a velha senhora olhar atentamente para aquela xícara, seu coração batia acelerado, pois por mais que fosse cética quanto àquelas coisas, não sabia se estaria preparada para o que ouviria.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Maria Luísa
15/09/24
2024-09-16
0
Mara Lessa
Começando a ler 26/08/24/
2024-08-27
1
Maria Aparecida Monteiro Firmino Cida
lendo em 22.06.24 às 06:45 manhã 🌄
2024-06-22
1