Capítulo 15

Aurora havia aproveitado que estava falando com outro país, e acabara ligando para sua mãe e explicando tudo o que havia acontecido, escondera apenas o fato de que havia se casado e que era um casamento de mentira, ou seja, havia escondido o principal, havia dito que tinha conseguido um emprego que pagava muito bem, mas que era um pouco longe. Sua mãe havia ficado surpresa pela mudança repentina, mas feliz por sua filha estar dando voos mais altos. Aurora havia prometido que daria mais notícias assim que possível.

Depois de falar por horas com Bia e com sua mãe no escritório de Hassan, ela sai com um sorriso nos lábios, era bom ter uma conversa franca com alguém, pois desde que pisara no palácio, tinha medo de responder até um simples bom dia!

Ela caminhava pelos corredores do palácio admirando as inúmeras obras de arte contidas nas paredes, era tudo um verdadeiro tesouro. Sem perceber ela acaba se aproximando do quarto de Youssef, o que era proibido, pois ninguém tinha a permissão de ultrapassar aquele limite. O mais estranho, era que ela ouvia sons de risada vindo do quarto dele, o que era no mínimo estranho, pois ele não estava bem de saúde, passava a maior parte do tempo sedado.

- Princesa Aurora! Não pode ficar aqui, é proibido, lembra-se? – Diz o homem saindo do quarto de Youssef.

- Me desculpe, acabei saindo do escritório de Hassan e me distraí olhando as paredes do palácio, são tão bonitas! O senhor é.......Rafiq, não é?

- Isso mesmo! Sou o primeiro ministro e braço direito de Hassan. Estava fazendo um pouco de companhia para o rei, ele não está nada bem!

- Não? Mas eu ouvi sons de risadas vindo daí de dentro!

- Risadas? Acho que está enganada, princesa. O rei se encontra sedado, eu passo em seu quarto diariamente para saber se teve alguma evolução em seu quadro clínico ou não, mas garanto que ele não deu risada alguma.

- Mas eu ouvi......Não estou maluca!

- Aconselho a princesa a não se aproximar mais desta ala, está bem? E não comente com ninguém sobre ouvir sons de risadas, ou realmente vão achar que está enlouquecendo!

- Eu..........

- Vamos, é melhor sairmos daqui.

Aurora tinha certeza que havia ouvido sons de risadas vindo do quarto de Youssef, não estava maluca, só não entendia o motivo de Rafiq ter mentido, porque ela tinha amis absoluta certeza que ele havia mentido, mas por que?

Havia completado um mês que Aurora estava em Yamal, era tão pouco tempo, mas parecia que já tinha vivido por longos anos ali. O tempo não passava, não tinha o que fazer, dia após dia andava pelos corredores sozinha, pois Zainab desde que a levara ao centro e tivera uma insolação, nunca mais a convidara para nada, pois Hassan havia ficado furioso com sua tia. Haya andava atrás dela a cada passo que dava, mas isso a incomodava demais, pois a mulher parecia sua sombra, e em dado momento pediu que a deixasse um pouco sozinha, e que se ela precisasse de ajuda, pediria.

Jamal, primo de Hassan não se aproximara dela em momento algum, os dois tinham quase a mesma idade, Aurora contava a idade de vinte e sete anos, e acreditava que o primo de Hassan tivesse mais ou menos a mesma idade. Ela sabia que Jamal trabalhava com seu marido, pois viviam juntos, só não sabia exatamente o que ele fazia. Lâmia passava a maior parte do tempo fora do palácio, e quando voltava, trazia consigo inúmeras sacolas, a cada dia que passava, a quantidade de sacolas aumentava, e nas breves vezes que as duas se encontravam pelo palácio, Lâmia fazia questão de a olhar com ódio.

Hassan não conversava muito com ela, somente o necessário, de noite perguntava como havia sido o dia dela, e lhe desejava uma boa noite de sono, e durante o café da manhã, fingiam que eram um casal feliz, Aurora já havia se acostumado a fingir que ela e seu marido eram cúmplices e que se entendiam bem. Aurora se perguntava quando seria a proclamação do rei, anunciando que Hassan seria seu sucessor, pois desde que chegara, ninguém havia dito mais nada, sem contar que o tal tio misterioso que queria usurpar o trono, jamais havia aparecido.

Aurora não podia se sentir mais entediada dentro daquele palácio, parecia que estava presa numa gaiola de ouro, nem ao menos o jornal que Hassan havia dito que ela poderia trabalhar, ela conhecia, se é que ele realmente existia. Ela se sentia cada vez mais triste e solitária naquele lugar, pois quando aceitara ajudar Hassan com seu plano, topou pela possibilidade de conhecer outras culturas, porém, estava sendo uma experiência bem diferente do que havia imaginado.

Decidida a não passar seus dias enfiada dentro daquele palácio, sem ocupação alguma, ela resolve ir ao centro, mas dessa vez faria da maneira certa, iria colocar uma roupa adequada, passar bastante protetor solar, e levar muita água com ela. Não queria que ninguém a acompanhasse, pois queria ter uma experiência sozinha pelo centro.

Aurora pede que o motorista a leve até o centro da cidade, ele se mostra relutante a princípio, se retira um minuto, mas volta em seguida pronto para leva-la. Assim que chega ao centro comercial, ela caminhava por entre os turistas, ouvia o som dos vendedores negociando suas mercadorias, ouvia também as buzinas do trânsito movimentado de Yamal, e ainda ouvia sons de Derbak, por entre as ruas. Ela caminhava despercebida por entre a multidão, quando de repente à sua frente, Hassan surge caminhando, estava vestido em trajes árabes, os mesmos que ela já havia visto antes e que a fazia sentir suas pernas bambas. Ele caminhava em direção a ela e mantinha seus olhos fixos nela.

- Por que não me avisou que queria vir ao centro?

- E por que eu precisava avisar? Sou sua prisioneira por acaso?

- Venha comigo, não podemos discutir em público!

Hassan a conduz gentilmente até um beco afastado e a faz parar de frente para ele.

- Por que não me pediu que a acompanhasse, Aurora?

- Você mal fala comigo, Hassan! Não quero atrapalhá-lo!

- Não vai me atrapalhar em nada, mas não pode andar por aí sozinha. Apesar de nosso país ser um lugar seguro, temos que redobrar os cuidados, afinal você é a esposa do futuro rei deste país!

- Sou mesmo?

- O que está insinuando?

- Nada, absolutamente nada.

- Está querendo cumprir com seus deveres matrimoniais, querida esposa? Este é um pedido para dividir a cama comigo?

- Mas é claro que não! Nunca! Jamais, ouviu bem? Jamais deixaria você me tocar!

- É mesmo? Por que me lembro muito bem do dia que minhas mãos passearam pelo seu delicado corpo, confesso que não consigo esquecer a sensação deliciosa que foi.

- Ora, seu......seu......

- Não precisa ficar nervosa, apesar de a achar incrivelmente atraente, não tenho a menor intenção de desposá-la. Não quero uma esposa, embora precise de uma, mas não ficaremos juntos por muito tempo. Mas se quer andar pelo centro, eu mesmo a levarei para conhecer. Vamos!

Aurora sentia seu coração disparado, ouvir que Hassan a achava atraente a deixava confusa, ela sabia que era uma mulher bonita, já tiveras alguns namorados, mas ele conseguia deixa-la incrivelmente embaraçada, só não sabia o real motivo.

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