Capitulo 4

Raviel estava sentado em sua cadeira no escritório repassando mentalmente tudo o que aconteceu naquele quarto, enquanto olhava pela janela.

Por um momento, ele tenta analisar aquela mulher.

Ele tinha que admitir que nunca vira uma mulher tão bonita e corajosa ao mesmo tempo.

Geralmente as garotas da máfia eram bonitas, mas sempre se mostravam intimidadas e se mantinham quietas seja em qualquer lugar.

Já essa não. Mesmo sabendo que estava encrencada, ela se fez de desentendida e ainda o enfrentou.

Nem mesmo um homem teria tido essa coragem. Mas ele ainda estava intrigado.

Ela dissera com tanta convicção que não o conhecia que ele quase acreditou ou ainda estava na dúvida se ela dizia a verdade ou não.

Nesse momento, Dexter entra no escritório sem bater.

Ele era o único que Raviel deixava fazer isso e até mesmo questioná-lo.

Dexter provara sua lealdade ao levar um tiro por ele e quando fora pego pelos inimigos, mesmo sob tortura, não disse uma palavra sobre sua máfia.

― E então Ravi. O que ela disse? ― Dexter pergunta sentando na cadeira a frente.

― Ela afirma que não me conhece e não sabe do porquê está aqui. ― Raviel dá uma risadinha com deboche. ― Como se eu fosse cair nessa.

Dexter inclina a cabeça para o lado pensativo.

Raviel revira os olhos e se joga no encosto da cadeira.

― Anda Dex, me fala o que está pensando.

― Acho que deveríamos averiguar melhor isso. Já é quase dia e até agora Carlo não se manifestou sobre o sumiço da mulher.

― Claro! Ficar calado para meus inimigos não perceberem minha fraqueza é a melhor solução. Eu faria o mesmo! ― Raviel fala um pouco exaltado.

― Mas pensa comigo Ravi. Nem sequer sabemos o nome da garota dele. Tudo o que temos são apenas fotos tiradas com ele.

― Ela o beijando não é prova suficiente?? ― Raviel joga a foto amassada deles na mesa.

Dexter pega a foto e suspira.

― Ainda assim... acho que deveríamos investigar mais.

Raviel revira novamente os olhos e se levanta irritado.

― Isso é perda de tempo! Eu deveria matá-la agora e entregar a cabeça dela numa bandeja dizendo que ele é o próximo!

Dexter se levanta também e insiste.

― Ravi... dizem muitas coisas de você. Que você é implacável, cruel, frio, arrogante e...

― Onde quer chegar?? ― Raviel o encara com raiva.

― Que a maioria do que dizem é verdade sim, mas que você também é justo.

― Ainda não entendi Dexter. Por acaso você está querendo dizer que eu estou sendo injusto com a mulher do meu inimigo? Acha que não devo matá-la?

― Desde que ela realmente seja a garota, coisa que não tenho certeza.

Raviel passa a mão no cabelo nervoso e dá um soco na mesa.

― Não é possível... eu a vi uma vez Dex. De longe, mas a vi. Se não é ela, são muito parecidas!

Dexter pega a foto da garota e assente tomando uma decisão.

― Vou investigar mais. Me deixe falar com ela e tirar informações. Você sabe que sou bom nisso.

― E eu não sou? ― Raviel fala debochado achando graça da situação.

― Você é sim. Com os homens, mas não com as mulheres kkkk.

Raviel levanta uma sobrancelha achando graça.

Dexter é um cara jovial. De boa aparência. Fazia muito sucesso com aqueles olhos verdes e cabelos loiros. Um pouco mais baixo que Raviel, mas em ótima forma também.

Realmente, a aparência dele deixava as mulheres mais à vontade, já a de Raviel, a intimidavam.

― Certo Dexter. Te dou dois dias para conseguir informações dela, depois disso, eu farei o que tiver que fazer!

― Tudo bem Ravi. Deixa comigo.

Dexter sai do escritório e Raviel olha novamente pela janela.

Talvez não tenha sido uma boa ideia, mas também Dexter tinha razão. Se tem uma coisa que ele não é, era ser injusto e matar inocentes.

“Vamos ver se ela realmente não sabe quem sou.”

...**************...

Ivy vê o dia raiar pela janela e consegue enxergar um jardim a frente.

Ela acha estranho já que aquele lugar parecia um calabouço. Não esperava ver um jardim e muito bem cuidado.

Suspirando, ela sente seu estômago roncar. Última vez que comeu foi no almoço do dia anterior.

“Droga... ninguém vai perceber que sumi, já que ontem foi sexta e só volto a clínica na segunda... isso se voltar!”

Ela esconde o rosto entre os joelhos pensando em como foi que a sua vida, ao invés de se ajeitar, estava ficando complicada.

Então, a porta se abre e ela já fica tensa ao pensar naquele homem.

Ao mesmo tempo que ele a deixa alerta, também a deixa curiosa para saber mais sobre ele.

Era estranho sentir isso pelo seu sequestrador.

“Será que estou com síndrome de Estocolmo? ”

Ela afasta os pensamentos quando dois homens entram. Um trazia uma poltrona e o outro uma bandeja colocando na mesa e em seguida saem sem dizer nada.

Ivy olha a bandeja e seu estômago reclama de novo, então um outro homem entra fechando a porta e ela engole em seco, mas tenta se acalmar vendo que era um homem de aparência mais amigável.

“Apesar que as aparências enganam...”

― Olá. Dou Dexter e você? ― Ele se apresenta simpático estendendo a mão.

― Agora me pergunta quem sou? Pensei que já soubessem. ― Ela responde ignorando a mão dele.

Para sua surpresa, Dexter dá uma risada e se senta na poltrona.

― Linguinha afiada a sua. Não é à toa que o chefe está louco com você.

Ivy franze o rosto confusa.

“Chefe...? Será o moreno? ”

― Por que ele estaria louco comigo? Para mim, ele já é.

Dexter contém o riso, pois sabia que ela podia estar atuando, então ele resolve ficar mais sério.

― Acho que seria bom você ser menos ríspida ao falar do chefe. ― Ele avisa abrindo a tampa da bandeja. ― Ele é uma boa pessoa, desde que não o provoquem.

Ivy não sabia se o arrepio que sentiu foi do aviso que Dexter havia dado ou pelo cheiro maravilhoso que veio da bandeja.

Ela está com muita fome.

― De qualquer forma, não vamos falar dele, certo? ― Dexter aconselha e aponta a poltrona a frente dele. ― Venha se sentar e tomar café. Aposto que está com fome.

Ivy apesar de toda sua razão dizer para não ir, seu estômago estava tendo vida própria e acabou não resistindo.

Ela se senta na poltrona e olha tudo com a boca salivando.

Tinha pães, frios, café, suco e frutas. Parecia um banquete que ela só vira nos filmes e novelas.

― Pode comer. Não se preocupe. ― Dexter a incentiva.

Sem pensar mais, Ivy começa a devorar um pãozinho com geleia.

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