Para Oliver, sua atitude de estar na casa da sua secretária é como se estivesse traindo a confiança da sua esposa, mesmo que ela não esteja mais ao seu lado. Oliver se escora na parede do banheiro e se senta, mas com sua mão ainda segurando a mão de Zoe. Esta, por sua vez, se abaixa e o aguarda a se acalmar. Zoe então diz carinhosamente:
— Senhor, antes de qualquer coisa, apesar de esse ser o primeiro dia em que a gente se vê... Não é como se o senhor tivesse o dever de estar em um relacionamento com alguém... Comigo... Mas pense que o seu coração precisa de amor. O amor cura... E eu não estou tentando te fazer me ver como possível companheira... Existem muitas formas de amor: amor-próprio, amor da família. Eu creio que a sua família sofre ao vê-lo nessa angústia, que a sua falecida esposa não iria querer vê-lo sucumbir e morrer sem ter sido feliz... A vida é muito curta! Sei que o que viveu com a sua esposa falecida, nunca viverá com mais ninguém, mas não queira viver em uma solidão até os seus últimos momentos. O meu pai sempre me aconselhava isso: não podemos viver nos culpando pelos acontecimentos que não foram ocasionados por nós, nem mesmo os que foram. Nós temos o direito de perdoar, de se perdoar... Se precisar desabafar, pode contar comigo.
— É tão difícil, Zoe. Acordar e não tê-los mais comigo, eu traí a memória de Anika com uma pessoa detestável e... — Oliver se justifica.
— Com a Vanessa? — Zoe pergunta e Oliver a responde:
— Infelizmente.
— Tente encarar de frente. Lute por si mesmo... Tente superar... Sei que parece egoísta da minha parte pedir isso, mas aos poucos quando a gente vai se abrindo e desabafando, a gente consegue ir se aliviando da dor... Como, por exemplo, não se constrói um prédio de um dia para o outro. Começa fazendo a base, depois vem os andares, um a um, gradualmente... E no final a ornamentação, mas em todo o processo, lento e eficiente, já se tinha uma ideia de como iria ficar o prédio, não é mesmo? Assim, podemos pegar isso para nós. O que a sua falecida esposa mais gostava no senhor? O que o senhor mais gostava nela? Pense nesses dois questionamentos e agregue isso: a sua esposa e filho estão num lindo lugar, mesmo que longe do senhor, e assim como eles estão felizes lá, desejam que o senhor também seja feliz aqui... — Zoe expõe.
— Zoe! O seu celular está tocando! — Sarah chama em tom de voz alto interrompendo Zoe e assustando Helena que acorda chorando.
— Vamos? — Zoe chama e Oliver se levanta.
Ambos saem do banheiro e Zoe vai até a sua filha. Pega ela no colo e Oliver, ao longe, observando Zoe com a filha, começa a pensar nas palavras ouvidas. Helena se acalma e Oliver pede:
— Posso segurá-la um pouquinho?
— Claro. Vou atender a chamada. Talvez seja da Central J para me avisar sobre o meu design. — Zoe comenta empolgada, entrega Helena para Oliver e sai do quarto.
Sarah se aproxima e pergunta curiosa:
— Como ele está?
— Muito deprimido e se sentindo culpado. Ainda bem que ele interrompeu antes de você falar mais coisas... — Zoe responde.
— Desculpa. Vou lá falar com ele também. — Sarah murmura e vai para o quarto falar com Oliver.
Zoe pega o seu celular e vê que a chamada perdida é do diretor Raymond, então liga para ele.
— Boa noite, diretor! Tudo bem? — Zoe pergunta assim que ele atende à ligação.
— Boa noite, Zoe! — Matt saúda e pergunta: — O Oliver está aí?
— Sim, senhor. Quer falar com ele? Nesse momento ele está se recuperando de... — Zoe informa com a voz tristonha.
— Entendo. Ele teve outra crise? Ultimamente ele está tendo com mais frequência. Acredito que seja por causa de tanto trabalho. Eu sempre o chamo para ir para baladas... — Matt comenta.
— Acho que é o ambiente para onde o senhor o convida que não o atrai. — Zoe se manifesta interrompendo Matt e este se corrige:
— É verdade. Acho que eu devo rever essas minhas sugestões. Então, por favor, Zoe, cuide dele.
— Claro, senhor. O que estiver ao meu alcance, eu farei. — Zoe consente.
— Eu liguei para você para perguntar o seu e-mail. Me manda depois por mensagem. O Oliver falou tão bem do seu projeto que gostaria que você lesse e opinasse sobre o projeto da senhora Taylor. A Sullivan não te deixou ver o projeto, não é? — Matt indaga.
— Não, senhor. Ela simplesmente ateou fogo... — Zoe relata.
— O quê? — Matt inquire incrédulo e então conclui: — Ela está acumulando muitas falhas... Mas agora não é essa a questão, vou te mandar o arquivo e depois me fale a sua opinião. Acabei de mostrar para a senhora Taylor, e ela simplesmente odiou o projeto que levei. Pior é que o Oliver não avaliou antes, mas não quero falar isso para ele, se não ele passa mais um dia sem dormir. E isso não está sendo bom para ele.
— Se o senhor diz... Vou dar uma analisada. O senhor poderia pedir para alguém trazer uma roupa para ele? O sujeito que me assediou na empresa me seguiu e o senhor Gautier me salvou, mas foi totalmente sujo com um lixo fétido. — Zoe relata para Matt, e este sorri contente, agradecido por seu amigo ter ido atrás de Zoe e então pergunta interessado:
— E ele está só de roupão, toalha?
— Não, senhor. Por sorte eu tenho uma calça moletom que coube nele. — Zoe responde.
Matt sorri alto do outro lado da linha imaginando a cena do amigo e pergunta curioso:
— Por acaso ele está cozinhando?
— Acredito que ele já tenha terminado de preparar o jantar, senhor. — Zoe confirma.
— Ótimo! Vou ver com a tia Hillary a questão da roupa. Boa noite! Não esqueça de dá uma opinada no projeto e muitíssimo obrigado, Zoe! — Matt agradece.
— Estou à disposição, senhor. — Zoe declara.
A ligação é encerrada e Zoe manda o seu endereço eletrônico para o diretor financeiro. Deixa o seu celular na mesa de centro da sala e retorna para o seu quarto. Enquanto Zoe conversava com Matt, Sarah pediu desculpas a Oliver e começou a falar de um desejo estranho que Zoe teve quando estava grávida de Helena. Zoe aparece na porta, porém não interrompe a narrativa de Sarah. Oliver que está sentado na cama com Helena em seu colo, esboça um sorriso meio tímido com a história contada e isso deixa Zoe contente.
Sarah, então se despede e sai do quarto. Antes lança um olhar provocativo para Zoe e segue para a cozinha para fazer a sua marmita. Oliver ver Zoe escorada na porta e declara:
— As grávidas têm desejos absurdos, às vezes.
— Isso é verdade. Agora podemos ir jantar? Há tempos que desejo deliciar aquele jantar... Estou morrendo de fome! — Zoe diz.
Ambos saem do quarto e Zoe prepara a mesa. Sarah assim que termina de preparar a sua marmita se despede:
— Estou indo. Ótimo jantar para os dois!
— Obrigado(a)! — Oliver e Zoe agradecem em uníssono e se encaram.
Sarah dá uma piscadela para a prima e sai do apartamento vibrando de alegria.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 94
Comments
Anatrix0509
o mulher! pela amor de Deus!
2025-01-04
2
Renascida das cinzas
kkkk safadooooo????
2024-10-31
1
Elis Alves
Pela descrição dos personagens achei que o Matt ia ser um cara chato e até assediador, mas parece ser gente boa, talvez fosse uma boa opção pra morar Susan 🤔😅
2024-09-28
0