Capítulo 2: O CEO depressivo

Oliver sobe até o seu quarto e toma um banho relaxante. A sua viagem à Nova York para vistoriar um dos seus hotéis e fechar negócios com alguns clientes, foi bastante cansativa. Não só pela questão do trabalho, mas também pela insistência dos clientes e colegas para levarem Oliver para a balada. Até mesmo o seu amigo e diretor financeiro da Gautier, Matt Raymond que o acompanhou, insistiu para que Oliver os acompanhassem. Oliver dispensou a comemoração, retornou ao seu hotel e pediu ao seu motorista para o levar até o aeroporto. Pela madrugada pegou um voo e chegou por volta das seis e meia na sua casa.

Para Oliver Gautier, mesmo sendo considerado um dos CEOs mais bonitos e famosos de Chicago, aos seus trinta e dois anos, não tem alegria de viver. Para ele, todas as manhãs são tristes e acordar se tornou um martírio contínuo. Tem dias que ele passa à noite em claro, recordando dos seus entes queridos falecidos que morreram há quase dois anos.

A morte deles foi o motivo que levou Oliver a sucumbir numa depressão profunda. Até tentou acabar com a sua dor, tomando uma dosagem exagerada de calmantes, porém, a sua mãe como sempre estava atenta, chamou a ambulância e antes dos paramédicos chegar ela forçou-o a vomitar. No hospital fizeram uma lavagem estomacal às pressas e assim, salvou a vida de Oliver.

Antes de Oliver acordar naquele quarto de hospital ele teve um sonho lindo com Anika, a sua amada esposa e com o seu filho Sebastian, que faleceram. No sonho, Anika sorria alegremente e pedia para que Oliver continuasse a ajudar as pessoas ao seu redor e também cuidar do seu corpo, algo que Oliver achou estranho, mas entendeu que o motivo do pedido era porque ela sempre gostava de vê-lo com o corpo bem definido.

Anika era uma enfermeira meiga e talentosa e é sempre lembrada no hospital, pois faz muita falta em sua equipe. Já Oliver não consegue superar a perda precoce da sua amada esposa. Por causa do sonho e pela angústia que os pais relataram que sofreram ao vê-lo quase morto, Oliver diariamente faz os seus exercícios físicos e se alimenta mesmo sem vontade.

Anika era uma descendente holandesa e naquele dia fatídico fora visitar os pais dela, na Holanda levando o filho Sebastian consigo. Oliver estava tão atarefado com o trabalho que decidiu pegar um voo apenas no dia da festa que os seus sogros estavam organizando. No entanto, o avião em que Anika estava caiu e todas as pessoas que estavam a bordo morreram. Oliver sofre e se culpa por não ter ido com eles.

Até mesmo os seus hobbies, esportes com amigos, Oliver não pratica mais. Todas as noites antes de dormir ainda chora bastante sentindo a falta da sua família. E a casa onde moravam, a sua mãe Hillary Gautier decidiu vender para ele não ficar remoendo as dores lá, sozinho.

Mesmo ainda em luto, Oliver teve que assumir a empresa da família, pois o seu pai ficou adoentado e o médico o aconselhou dar uma pausa no trabalho, ou melhor dizendo, se aposentar.

— O dia será exaustivo, hoje! Espero que a candidata atenda todos os requisitos. Pelo trabalho perfeito que ela me mandou, creio que ela deve ser bem instruída. Só espero que ela não seja mais uma atirada que pensa que conseguirá ser minha esposa... Já foi o suficiente ter que aguentar por quase seis meses a Amanda. Só de lembra dela já fico impaciente... Pior é que ainda tenho que entrevistar as candidatas para ser a secretária de Luke. — Oliver pensa consigo mesmo, saindo do seu quarto.

Ao descer as escadas, reencontra com a sua mãe, saindo da sala de jantar e pergunta:

— Mãe? E o Luke?

— Acredito que ele ainda está dormindo. — Hillary responde receosa.

— A senhora disse a ele que hoje será o dia das entrevistas? — Oliver indaga e a sua mãe o responde:

— Sim, querido. Vou no quarto dele chamá-lo.

Enquanto Hillary sobe as escadas para ir chamar Luke, Oliver vai até a sala de jantar para tomar o seu café da manhã. O seu pai, Kendrick está sentado, tomando o seu café e lendo um jornal. Apesar de toda a tecnologia avançada e noticiários em tempo real, ele ainda continua com a sua rotina de pegar o seu jornal impresso pela manhã e lê-lo enquanto toma o seu café. Kendrick vê o filho chegar e o saúda com um sorriso:

— Bom dia, Oliver!

— Bom dia, pai! — Oliver responde e se senta à mesa.

— E a expectativa para encontrar a sua nova secretária? — Kendrick interroga o filho esbanjando um sorriso travesso.

Oliver encara o pai e nota as segundas intenções nas suas palavras. Apesar de já estar viúvo há um bom tempo, Oliver ainda não pretende ter ninguém na sua vida para ocupar o lugar de Anika.

— Necessito de uma secretária que seja eficiente no trabalho, que não fique tentando me conquistar! Acho até que vou optar por um secretário. — Oliver responde indiferente.

— Se você diz... Soube que a Bela queria se candidatar... Se você não tivesse colocado uma imposição de que a sua nova secretária teria que ser novata, e não da empresa, ela já estaria no seu pé exigindo o cargo. — Kendrick comenta.

— Bela é a secretária de Matt! Eu tenho que escolher alguém por conta própria. Não quero ter o desprazer de ter uma pessoa incompetente ao meu lado. — Oliver declara decidido.

— Semana que vem, eu e a sua mãe partiremos em um cruzeiro, você já está bem familiarizado e não precisa mais do meu apoio... — Kendrick informa, porém Oliver o interrompe declarando:

— Sempre precisarei do seu apoio, pai.

— E estarei sempre à disposição, mas você já está bem melhor... Então eu e a sua mãe não precisamos nos preocupar com você... — Kendrick rebate, mas recua na sua explanação, afinal ele não quer que o filho se sinta mal.

Oliver compreende que o seu pai se refere ao fato dele tentar tirar a vida outra vez, mesmo sendo esse o seu pensamento diário. No entanto, Oliver se põe no lugar dos pais, e assim como ele sofre com a perda do seu filho, sabe o quanto os seus pais já sofreram bastante, por quase o perder, bem como perder o Luke, seu irmão mais novo.

Sabrina, a governanta da família, chega na sala de jantar para trazer o suco de laranja de Oliver e assim a conversa entre ele e o seu pai é interrompida. Oliver toma o seu suco enquanto o seu pai continua a ler o jornal. Após tomar o seu suco, Oliver se levanta e vai na direção das escadas. No caminho esbarra com Luke ainda de pijama.

— Bom dia, irmão! — Luke saúda com um sorriso cínico, sinal de quem está com uma ideia mirabolante e vai aprontar na empresa.

— Bom dia, Luke! — Oliver o cumprimenta e ordena: — Não chegue atrasado! Precisará estar comigo para escolher a sua secretária das candidatas de hoje.

— Tudo bem... Só vou tomar um café e vou me arrumar e... — Luke vai falando e Oliver se afastando.

Essa falta de compromisso do seu irmão com a empresa deixa Oliver irritado. Se os seus pais autorizassem Luke a competir novamente naqueles campeonatos de motocross, ele estaria radiante de felicidade, mais disposto, porém esse não era o caso. Para Oliver seria bom se o irmão se importasse um pouco mais com a empresa.

Oliver se despede dos pais, entra no seu carro e dirige até a sede da empresa em um dos bairros comerciais mais renomados de Chicago. Reservou o período da manhã para as entrevistas e depois almoçará com um cliente chinês que há tempos está em negociações com um projeto de marketing bastante lucrativo, mas que ainda não se concretizou.

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