Capítulo 4: Crise de ansiedade

Dentro do elevador, Oliver trava a porta, porém não aciona o botão para que o elevador suba. Oliver fica encarando Zoe, mas não pronuncia uma palavra. Começa a movimentar suas mãos em um abrir e fechar frenético. Zoe fica desconfiada aguardando a ação dele, enquanto ele fica imóvel e respira profundamente.

— O senhor está bem? — Zoe indaga preocupada percebendo o nervosismo dele.

— Não muito, mas vou ficar. — Oliver responde. Dá um passo e aperta o botão do seu andar.

O elevador sobe e eles ficam em silêncio até que o elevador para e os dois saem. Oliver sai primeiro e em seguida Zoe. Mesmo em plena manhã, com um sol lindo e radiante lá fora, o ambiente, o corredor que dá acesso à sala presidencial por onde eles caminham, está escuro, uma vibração melancólica fazendo Zoe sentir calafrios. Já na entrada da sala presidencial, a mesa da secretária está uma bagunça. Oliver se vira para Zoe e diz:

— Terá um pouco de trabalho para deixar isso em ordem, mas agora vamos conversar com mais tranquilidade sobre as suas atribuições e salário.

— Sim, senhor. —Zoe concorda.

— Entre! — Oliver diz abrindo a porta de sua sala e Zoe entra na sua frente.

Oliver caminha até a sua cadeira e antes de se sentar, Zoe dá uma espiada em seu celular. Antes de entrar na sala para a entrevista, a supervisora pediu para que todos desligassem os seus celulares e todos obedeceram à ordem. Quando Zoe liga o seu celular aparece quinze chamadas perdidas de Sarah e Zoe se apavora. Imediatamente Zoe liga para a prima que atende rapidamente:

— Zoe? Onde você está? — Sarah pergunta aflita.

— Na empresa Gautier, mas o que houve? — Zoe questiona preocupada e Sarah a responde:

— Minha mãe está no hospital agora e eu vim te deixar a Helena, desculpa prima...

— Como? Onde você está? — Zoe pergunta e Sarah informa:

— Quinto andar do prédio.

— Você está aqui na empresa? Quinto andar? — Zoe indaga assustada e diz para Oliver:

— Desculpe, senhor Gautier. Surgiu um imprevisto e eu preciso ir...

Zoe sai rapidamente da sala e Oliver vai atrás dela. Zoe vai até o elevador de onde saíra agora a pouco, mas o elevador está no segundo andar subindo. Zoe olha para o outro lado e tem outro elevador que está no andar abaixo e solicita. Tempos depois ela entra e aciona o botão para ir para o quinto andar. O elevador de Oliver chega e ele faz o mesmo.

No sexto andar o elevador onde Zoe está para e um funcionário entra e percebendo Zoe, sozinha, fica a encarando com um olhar leviano e trava o elevador.

— O que está fazendo? — Zoe interroga e o homem sorri maliciosamente se aproximando de Zoe.

— Amo as comédias românticas... Nossa... Eu queria concretizar uma fantasia aqui agora com você, delícia! — O homem responde e tenta empurrar Zoe contra a parede do elevador.

— Não encoste em mim! — Zoe adverte.

— Gosto de mulheres difíceis! — O homem diz tentando abraçar Zoe.

Zoe dá um chute entre as pernas do homem e se apressa para fazer o elevador continuar o seu trajeto. O homem se curva, se contorcendo de dor e enfim o elevador para no quinto andar. Zoe sai apressada à procura da prima e a vê ao longe conversando com o irmão do CEO e uma outra mulher que segura Helena toda sorridente.

O elevador presidencial para e Oliver sai. Seu semblante muda ao escutar uma voz feminina bastante familiar. A risada dela é irritante para ele. Quando se aproxima da mulher que está conversando com o irmão e com um bebê no colo ele a ouve falar:

— Claro que não, Luke! O Oliver tem que se responsabilizar!

As palavras ditas por ela fazem Oliver ficar perturbado. Seu corpo começa a fatigar, começa a sentir uma dor intensa em seu peito, e o seu coração acelera. Um medo intenso o consome e ele sai atordoado dali. Zoe que estava chegando ao ver o estado de Oliver diz:

— Senhor Gautier? Sarah!?

— Não pode ser meu filho! Não pode ser meu filho! — Oliver diz para si mesmo, enquanto anda apressado, desnorteado e entra em uma sala vazia.

As lembranças daquele dia vêm à tona e Oliver sente como se não conseguisse respirar. Sua boca fica seca e ele olha para a janela de vidro da sala e pegando a cadeira para arremessar é interrompido pelo grito de Zoe:

— Senhor Gautier! Não faça isso!

Oliver a encara e se sente tonto. Zoe volta a repetir:

— Não faça isso, por favor! Se quebrar os vidros, alguém lá embaixo pode se machucar ou até mesmo morrer...

Oliver solta a cadeira e vê todo o seu corpo tremendo. Zoe corre para perto dele, e ele cai ajoelhado no chão.

— Respira... Inspira e expira... — Zoe pede com delicadeza e se achega perto de Oliver.

Oliver ainda tremendo busca as mãos de Zoe e ela estende.

— Mande... Aquela... Mulher... Ir... Embora... — Oliver suplica pausadamente.

— Vai passar... Respire devagar... — Zoe diz tentando confortar Oliver.

— Zoe? — Sarah grita da entrada da sala com Helena em seu colo.

— Oliver!? — Vanessa chama e tenta passar por Sarah, porém, Zoe pede:

— Por favor, vá! Ele não quer vê-la.

— Garota, você não manda em mim! Oliver? Por que está agindo tão estranho? — Vanessa se queixa olhando para ele e vendo-o segurar firme nas mãos de Zoe.

— Meça suas palavras, senhorita! O senhor Gautier está com uma crise de ansiedade. — Zoe diz incomodada.

— Que ridículo! — Vanessa contesta, porém Luke a afasta da sala:

— Vamos, Vanessa.

— Me solta, Luke! — Vanessa grita descontrolada enquanto Oliver abraça as pernas de Zoe tentando se acalmar.

— Zoe, eu só vim trazer a Helena. Minha mãe mentiu para nós naquela hora... Ela foi sozinha para o hospital, e eu preciso ir ficar com ela. — Sarah declara entrando na sala e entregando Helena para Zoe.

— Sarah, eu... — Zoe tenta encontrar as palavras certas para dizer a prima, porém no estado em que se encontra o seu chefe ela sente o seu coração apertado.

— Eu vou lá. Assim que tiver notícias eu te ligo. — Sarah diz, coloca a bolsa de Helena na mesa e sai da sala deixando Zoe e a sua filha na companhia de Oliver.

Zoe tenta acalmar Oliver, massageando as têmporas dele.

— E então, senhor? Se sente melhor? Não quer se sentar na cadeira? Quer um copo d’água? — Zoe pergunta amavelmente olhando para Oliver. Ele, por sua vez, a encara e diz envergonhado:

— Desculpa pelo vexame...

— Não precisa se desculpar... Mas... Desculpa pela minha intromissão, o senhor sofre de ansiedade? Ouvi boatos que o senhor é um misantropo... — Zoe diz e Oliver rebate:

— Acha que eu sou antissocial, melancólico?

— Acredito que com a sua perda... — Zoe tenta explicar, mas é interrompida por Luke questionando preocupado:

— Oliver? Você está bem?

Zoe e Oliver olham para a porta e então Oliver se levanta, se senta e respira fundo. Encara Zoe com Helena em seu colo e pergunta, agora um pouco mais calmo:

— Essa criança não é de Vanessa?

— Essa é Helena, minha filha, senhor Gautier. — Zoe afirma orgulhosa.

— Não se lembra que ela foi fazer especialização? E aqui entre nós... Vanessa é louca para ter um filho seu, irmão! Apenas seu! Mas essa chance ela nunca teve... Ou teve? — Luke pergunta zombeteiro, porém Oliver não diz nada.

— Espere... Não me diga que você teve uma crise por achar que essa bebê era sua filha com a Vanessa? — Luke questiona preocupado. Oliver vira o rosto e Luke entende que o silêncio do irmão comprova a sua suspeita.

— Dormiu com ela? Dormiu? — Luke questiona se aproximando de Oliver.

— Silêncio! Essa sua insistência é irritante! — Oliver declara impaciente massageando suas têmporas e se levanta.

Zoe entra na frente de Luke fazendo-o recuar. Luke entende o que Zoe quer que ele faça e assim sai da sala.

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