Uma chance...

Allana olha para os lábios do Claus e nota que estava sangrando e diz:

— Você está sangrando.

Claus vai até o banheiro, lava a sua boca e Allana desce até a cozinha, pega um pouco de gelo, sobe até o seu quarto, tira do closet uma toalha de rosto limpa e coloca o gelo e entrega a ele que estava sentado na cama dela.

Ele coloca a toalha com gelo   na boca e olha para ela sorrindo

Ela pede desculpas e ele  continua sorrindo, ela então pergunta:

— Do que você está rindo? Já tinha esquecido o quanto você pode ser dura, lembrei do dia que lhe dei uma carona pela primeira vez, meu carro era novo e você foi a primeira a entrar nele, além de mim, é claro.

Ela sorri e diz:

— Eu não acredito que você lembra disso, eu me diverti bastante naquele dia com você.

— Não acredito que tenha se divertido bastante comigo, mas sim de mim—ele falou.

— Preciso ser sincera, eu não esperava que você fosse conseguir consertar aquele carro velho depois do que aconteceu—ela falou.

— Quer saber? Venha comigo—ele falou se levantando da cama e a levando até a garagem dele.

— O que foi? Agora vai se exibir com os seus carros novos e caros?—ela perguntou.

Ele olha para ela e diz:

— Eu não sou esse tipo de homem, não nego que tenho uma fama de mulherengo, mas não sou de ficar me exibindo com coisas que conquistei.

— Sei disso, Claus, só estou curiosa, o que quer me mostrar?—ela perguntou.

Ele segura na mão dela e continua andando pela garagem até chegar a um carro, que estava coberto e então tira a lona de couro que cobria o carro e diz:

— Acaso se lembra desse carro?

— Eu não acredito, como você ainda tem ele?

Achei que tivesse vendido para o senhor Tucker que morava na sua rua—ela perguntou.

— É uma longa história —ele falou abrindo o carro e entrando nele.

Allana entra  e senta no banco ao lado e ela olha cada detalhe do carro que parecia estar igual à última vez que ela entrou nele, algumas lembranças foram resgatadas naquele momento em que ela olhava atentamente cada detalhe que o carro a fazia reviver momentos do seu passado.

— O senhor Tucker comprou o carro, depois que precisei do dinheiro, ele manteve o carro sempre do jeito que comprou a mim, então três anos atrás, quando a esposa dele faleceu, eu fui ao velório, meu pai ainda mora na mesma rua que ele, então me ligou e pediu que eu fosse ao enterro, ao chegar lá, vi ele devastado, era como se não existisse mais brilho nos olhos dele, como se a vontade dele viver, fosse como uma chama que se apagou com a perda da senhora Florence, pela primeira vez, eu vi um homem que sempre se alegrava  com tudo, gostava de contar suas piadas, histórias de natal e contos infantis, triste, sem sequer falar.

— Não é fácil perder quem amamos, ou ficar sozinhos sem a presença de quem sempre esteve ao nosso lado. Então você  comprou o  carro dele?

— A verdade é que quando eu estava saindo, prestes a entrar no meu carro para voltar  para minha casa após o velório, ele apareceu me entregando as chaves e disse:

— Ele  me falou que a Florence pediu a ele anos atrás quando  vendi o carro a ele que nunca o usasse   e que um dia pudesse  devolver a quem sempre pertenceu.

Na hora eu não quis aceitar, mas ele insistiu em nome da falecida esposa e eu não pude dizer não, então aqui está ele.

Allana  começa a mexer no carro e abre um dos compartimentos que tinha dentro dele e encontra um envelope, ela olha para ele e diz:

— Acho que você deixou uma carta que recebeu de alguma admiradora aqui.

— Carta? Eu não lembro de ter recebido carta alguma, sem contar que todas vezes que estive dentro desse carro aqui na garagem, sempre foi sozinho—ele falou.

Allana olha para a carta e diz:

— Só tem como saber do que se trata se abri-la.

Claus pega a carta e abre-a, assim que ele tira o papel que estava no envelope, começa a ler em voz alta:

— Claus, espero que um dia você encontre essa carta, conheço sua família e você desde que estava no ventre da sua mão, ela sempre foi uma mulher cheia de vida e amava o natal, sempre foi amável e uma boa amiga, o seu  pai e sua irmã sentem a sua falta a cada ano, sei que é difícil para você superar a sua dor, a perda da sua mãe foi como um golpe muito duro na sua vida, mas precisamos entender que ao perdemos quem amamos, a dor não é só nossa, a sua mãe amava estar ao lado de todos que amavam, ela sempre fez de tudo para estar em família, eu sempre acreditei que você fosse muito parecido com ela—Claus falou com as lágrimas percorrendo em sua face.

Allana segura na mão de Claus e ele pede que ela continue lendo, ela olha para a folha e após encontrar até onde ele parou de ler, ela começa dizendo:

— Seu pai e sua irmã também a perderam, mas continuaram juntos, unindo forças para enfrentar a dor, quando você fez seus dezessete se foi sem voltar, fugindo das lembranças que lhe faziam levar a pensar na sua mãe e na dor que enfrentaria. Então eu lhe pergunto, fugir fez com que esquecesse dela? Ou só permitiu que se afastasse dos outros amores que você sempre teve, seu pai e sua irmã todos os anos colocam um prato a mais na ceia, esperando que possa aparecer e passar  o natal com eles. Sabe Claus, pode ser que quando leia esta carta, eu não esteja mais viva, mas peço-lhe duas coisas, que não espere ser tarde demais para recomeçar e se unir àqueles que te ama e que não deixe escapar o verdadeiro amor quando bater na sua porta, se não sabe como descobrir, basta lembrar do motivo pelo qual você apareceu na minha casa e pediu ao meu esposo Tucker que comprasse o carro, tudo para  que  uma  garota que  você gostava  pudesse fazer um tratamento em que os pais dela na época não poderiam pagar. Não adianta fugir do natal, pois ele sempre esteve em seu coração, seja em gestos ou ações.

Continua...

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