Vinte

Jake 

Confesso que as palavras de Callie me incomodaram um pouco naquele momento e fiquei ali me esperando o que ela faria, qual seria a sua resposta, se estivéssemos no lugar de Adam e da Debbie. 

O que ela teria feito se, no ano passado, não tivesse sido apenas a sua menstruação, quando ela se sentiu mal, e sim uma gravidez? 

Fiquei ali, em silêncio, observando a minha garota conversar com a sua melhor amiga, enquanto esperávamos que a Debbie saísse do hospital. 

No que pareceu uma hora depois, vimos a Debbie e a Jéssica saindo. 

Adam não esperou um segundo a mais e assim que a viu, ele se fez rapidamente e foi até ela. 

Você está melhor? ele quis saber, claramente preocupado. 

Estou sim. ela respondeu, mas parecia abatida. 

Claro, eu podia imaginar o quanto aquela notícia tinha mexido com ela, assim como eu também sabia que em breve as coisas mudariam e ela começaria a amar a criança que crescia em seu ventre. 

_Venha, eu vou te levar para a minha casa e... 

Não, Adão. ela o interrompeu._Eu prefiro ir para a minha própria casa e descansar mais um pouco. 

Adam se divertiu rapidamente. 

De jeito nenhum, Debbie! ele exclamou, decididamente._Depois que seus pais chegarem, você pode ir para a sua casa, se é o que deseja.Mas enquanto isso, eu não vou deixar você sozinha.Então você decide... Ou vai para a minha casa, ou eu passo a noite na sua! 

Debbie o encarou, parecendo chocada, antes de suspirar e assentir. 

_OK!_ela respondeu._Eu vou para a sua casa, mas assim que meus pais chegarem eu vou embora. 

Mas... Adam resmungou, parecendo confuso com suas ações naquele momento, mas desistiu de discutir como se tivesse lembrando que estava em um hospital._Tudo bem.Podemos ir, então?Já está ficando tarde e você precisa comer alguma coisa... 

Não sinto fome. ela disse, com teimosia, antes de se voltar para nós._Obrigada por terem vindo me visitar.Eu ligo depois. 

Ela disse isso olhando para Callie e Alissa e as duas assentiram rapidamente. 

Após nos despedir, Callie e eu entramos no carro e seguimos de volta para casa. 

Eu espero que o Adam dê um pouco de tempo para a Debbie assimilar tudo isso e não a pressione demais. Callie disse, me fazendo desviar os olhos da estrada a nossa frente para olhar para ela por alguns segundos. 

Como você se sentiria se estivesse no lugar dela? eu quis saber, curioso. 

Callie me encarou, surpresa com a minha pergunta estranha. 

Mas, para mim não era estranho. 

Eu sabia que a Callie me amava, mas ao mesmo tempo em que me sentia feliz ao seu lado, ela também tinha o poder de me deixar inseguro. 

Porque eu sabia o que eu queria para o meu futuro, e no meu futuro eu a imaginava ao meu lado. 

Mas, e quanto ao que ela imaginava para o futuro? 

De onde tirou isso? ela perguntou, como se estivesse se esquivando da pergunta e isso só serviu para me deixar ainda mais ansioso por sua resposta. 

Dei de ombros.  

Não sei, eu só fiquei me esperando o que aconteceria se fossemos nós dois nessa situação, e não a Debbie e o Adam. eu expliquei, parando em um sinal fechado. 

Aproveitei esse tempo para olhar para ela novamente, esperando sua resposta. 

Callie mordei o lábio, começando a brincar com o colar em seu pescoço. 

Eu sabia que ela fazia isso quando estava nervosa, ansiosa ou preocupada. 

Eu... Callie pensou por um momento, antes de responder: _eu não sei como me sentiria. 

Suspirei, frustrado com sua resposta. 

Como se percebesse isso, ela decidiu falar mais enquanto o sinal se abria e eu voltava a minha atenção para o trânsito. 

_Eu acho que me sinto como ela está se sentindo agora.ela disse. Eu me sentiria confusa e perdida, porque não sei se estou preparada para ser mãe. 

E quanto a se tornar uma esposa? eu perguntei de repente, tentando disfarçar que esse era o tema principal que me levou a fazer aquela pergunta. 

Callie deu uma risada nervosa antes de olhar para mim. 

Não precisamos nos casar para ficarmos juntos. ela respondeu, dando de ombros._ No caso da Debbie e do Adam, é diferente, porque ele quer que ela se mude com ele para outro país e agora ela está esperando um bebê dele. 

_Mas, e se formos para a mesma faculdade? 

O que quer dizer com isso? Callie perguntou. 

Eu sei que, se formos para a mesma faculdade, podemos viver nos dormitórios, mas... eu fiz uma pausa, tentando encontrar as palavras certas para expressar o que eu estava pensando e sentindo._Eu queria que ficássemos juntos, Callie.Acordar juntos, ir para as aulas juntos e... 

Ora, Jake! ela riu, olhando para mim com aquele olhar sorridente que sempre me encantava desde o princípio._ Não precisamos nos casar para morar juntos. 

Bem, não era essa a resposta que eu estava esperando. 

Eu queria que ela tivesse respondido que se casaria comigo a qualquer momento, independente da situação. 

Mas, por ora, isso também serve. 

Então, aceitaria morar comigo? eu perguntei, apenas para ter certeza.Porque, assim que ela abrisse aquela carta de aceitação e o destino nos mantivesse juntos, a primeira coisa que eu depois da formatura, seria encontrar uma casa ou apartamento próximo à faculdade. 

Fiz a última curva, entrando em nossa rua e parei o carro em frente à sua casa. 

Eu voltei para ela e esperei pacientemente por sua resposta. 

Callie destravou o cinto de segurança e se aproximou, olhando para mim intensamente. 

Jake... É claro que eu adoraria passar pela experiência de morar no campus e ver todos aqueles gatinhos... ela disse, deslizando a ponta de um dedo por meu rosto antes de descer para o meu peito. 

Peguei sua mão na minha imediatamente, puxando-a para o meu colo. 

O único “gatinho” para quem você tem permissão de olhar, sou eu! eu disse, firme.Eu sabia que ela estava dizendo aquilo de brincadeira, apenas para me provocar. 

A minha Calíope não era esse tipo de garota. 

Callie riu, divertida, antes de me dar um beijo e me encarar diretamente nos olhos. 

Eu adoraria morar com você, Jake. ela respondeu, fazendo meu peito se encher de alegria. 

Aquele era um passo. 

Um grande passo para o início da nossa vida, juntos. 

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