Sete

Ri baixinho, meu rosto escondido na curva do seu pescoço,  enquanto esperava minha respiração se normalizar.

Nossa, isso foi... eu não conseguia encontrar a palavra certa para definir como eu me sentia naquele momento.

Nem sei quanto tempo se passou desde que entramos naquele quarto mas, mesmo exausto, após o jogo, e ainda fazer amor com Alissa duas vezes seguidas, meu coleguinha não se dava por satisfeito.

Eu queria mais.

Acho que eu poderia passar horas e horas com ela ali, na cama.

Mas ela precisava partir e voltar para casa, antes que anoitecesse e ficasse ainda mais perigoso para ela pilotar de volta.

Eu só queria aproveitar mais alguns minutos de sua presença, antes de ordenar que ela voltasse e me esperasse por mais uma semana.

Então eu seria todinho dela, novamente.

A cama estava uma bagunça, o lençol completamente revirado e minha colcha de cama estava encobrindo aquele corpo magnífico, com algumas sardas aqui e ali, marcando sua pele branquinha e macia.

E tão cheirosa... Eu pensei, depositando um beijo suave em seu ombro, antes de me afastar e olhar para ela.

Alissa estava com os lábios inchados dos meus beijos, seus cabelos estavam revoltos sobre o meu travesseiro e seus olhos me observavam de volta, sonolentos.

Perfeito. ela terminou por mim, quando não encontrei a palavra cera para me expressar.

Sim, perfeito. eu concordei, sorrindo, antes de me aproximar novamente e beijar os seus lábios.

Era apenas um beijo carinhoso, que logo foi ficando mais intenso.

E misturado aos nossos corpos ainda nus e colados sob a colcha da cama...

Estava tão concentrado em nosso beijo e nas sensações que ele provocava em meu corpo, que não prestei atenção no ruído da chave girando na fechadura do quarto.

Até ser tarde demais e a porta se abrir...

Puta que pariu! Cara... Nossa... meu companheiro de quarto gaguejou, enquanto eu cobria a minha garota o mais rápido que fui capaz, para que ele não fosse capaz de ver nada que não era da sua conta.

_Merda, Cole! Por que não bateu antes de entrar?

Cole me encarou, como se eu fosse um completo idiota, antes de desviar o olhar do meu rosto.

Eu sabia muito bem o que ele estava tentando ver e travei o meu maxilar, pronto para lhe dar um soco certeiro, se ele não saísse daquele quarto imediatamente.

Sinto muito, cara, mas a porta estava trancada, então eu imaginei que não estivesse aqui. ele respondeu. _ Me disseram que você tinha saído com uma ruiva gostosa, então eu…

_A ruiva “gostosa” a quem se refere, é a minha namorada e ela está bem aqui, então... Caia fora!

_Mas...

Volte daqui a uns vinte minutos, pelo menos! eu ordenei, completamente irritado.

Tá ok. ele disse, com um suspiro e logo em seguida um sorriso divertido tomou conta dos seus lábios.

_Só para constar, esse cara falava muito de você e...

Cala a porra da boca, Cole! E caia o fora! exclamei, encarando-o de maneira ameaçadora.

Eu não queria que ele contasse a Alissa sobre tudo o que eu falava sobre ela.

Sobre o quanto eu estava apaixonado, o quanto ela era linda e especial...

Eu diria isso para ela, depois, em outro momento.

Não, quando ambos estávamos nus em uma cama e o meu companheiro de quarto estava parado na porta, ansioso para conseguir ver ao menos um pedacinho dela.

Cole riu, divertido, antes de acenar um adeus e sair, fechando a porta novamente.

Suspirei, aliviado, enquanto um movimento do lençol me fez olhar para a minha namorada novamente.

Alissa tinha tirado o lençol de cima do rosto, que eu acabei cobrindo na minha pressa em escondê-la, e sorria para mim, com malícia.

Então, você andou falando de mim para o seu colega de quarto, hein... ela provocou, mordiscando o lábio no final da frase.

Qualquer traço da irritação que o Cole provocou em mim, foi embora naquele instante.

Se ela ao menos soubesse o quanto ficava sexy quando mordia os lábios naquela maneira...

_Bem, ele fica falando na namorada dele o tempo todo, então... Eu quis mostrar que também tinha uma e falei sobre você.

Eu gostei dele. Alissa respondeu, erguendo a mão e batendo a unha em seu queixo, enquanto fingia considerar algo. _Talvez, seria uma boa ideia sairmos essa noite para um encontro de casais... Você e eu, o Cole e sua namorada...

Franzi meu cenho. Confuso.

_Pensei que estava de partida... ?

Alissa volto9u seus olhos para mim, qualquer traço de sorriso dando lugar a um olhar aguçado e ferino ao mesmo tempo.

Está me mandando embora, Daniel Harrison? ela quis saber e apenas por seu tom de voz eu percebi que estaria ferrado se não respondesse o que ela queria.

Eu tinha me transformado, literalmente, no cachorrinho da Alissa.

Mas, se eu me importo com isso?

É claro que não!

Essa garota poderia pisar em mim com seus saltos altos e ainda assim, eu beijaria os seus pés... Tudo para que ela permanecesse comigo e eu pudesse sentir o calor do seu copo junto ao meu, seu cheiro... seu sabor...

Claro que não! eu disse, rapidamente. Só pensei que não ia querer pilotar de volta para casa, à noite. respondi, distraindo-a enquanto beijava o canto de seus lábios, mas dava para sentir a sua desconfiança na rigidez do seu corpo, sob o meu.

E quem disse que vim até aqui, na intenção de voltar ainda hoje para casa? ela respondeu, arqueando uma sobrancelha. _ Ou tinha algo melhor planejado para essa noite?

Eu tive que rir diante disso.

Mulher, não diga bobagens! eu disse, entre risos. _ Se veio até aqui pensando que me encontraria com as calças na mão, se enganou.

Alissa permaneceu séria e eu suspirei.

Alissa eu... eu parei, pois nunca tinha dito aquelas palavras para nenhuma garota que não fosse a minha própria mãe, e nunca imaginei que diria.

Pelo menos, não tão cedo.

Mas era mais do que certo que aquela garota, era a mulher da minha vida.

E eu não me imaginava dizendo aquilo para mais ninguém, além dela.

Então, ao perceber um brilho de ansiedade em seus olhos, eu suspirei e deixei a minha insegurança de lado.

E apenas deixei vazar o que eu realmente sentia...

Eu amo você. eu disse, fazendo-a arfar. _ E não tenho olhos para ninguém além de você. Por isso, eu jamais trairia a sua confiança em mim e quebraria a promessa que fiz, quando concordou em esperar por mim.

Ela permaneceu em silêncio, mas seus olhos estavam úmidos e emocionados.

Isso era um bom sinal, não era? Me perguntei.

Alissa fungou, na clara intenção de não se permitir chorar e eu sorri, divertido, com a sua determinação em se mostrar durona o tempo todo.

Eu também amo você, seu idiota. ela disse, me fazendo rir baixinho. _ E é bom mesmo que não tenha olhos para outra garota, caso contrário e poderia arrancá-los com as minhas unhas!

Essa era a minha garota, eu pensei, divertido.

Se ela dissesse que me amava de qualquer outra maneira, talvez não soasse tão convincente para mim como soava naquele momento, diante da ameaça de perder os meus olhos.

_Meus olhos estão seguros, ruivinha, porque eu jamais olharia para outra garota e eu já lhe disse isso, um milhão de vezes.

Então diga um milhão e um, Daniel Harrison. ela retrucou. Porque, ainda assim, não me sentirei segura. Você era um completo “galinha” antes de começar a namorar comigo e as pessoas não mudam assim, da noite para o dia.

Alissa desviou os olhos dos meus, para que eu não visse a insegurança neles.

Eu não podia culpá-la por pensar assim, porque ela tinha razão.

Até certa parte.

Eu era um mulherengo antes de conhecê-la, mas estávamos perto de completar um ano de namoro.

E durante todo esse tempo, mesmo afastados, não me interessei por nenhuma garota além dela.

Feitiço, chá de calcinha, ou seja lá o que ela tenha feito para mim, funcionou direitinho.

Porque esse Daniel aqui, era todo e completamente de Alissa.

A garota que tinha o poder de acabar comigo, na cama e fora dela também.

De repente, uma ideia me veio à cabeça e eu sorri, antes de beijar seus lábios suavemente.

Eu ainda farei com que você confie em mim, ruivinha. eu prometi, me afastando e me sentando no colchão antes de jogar os pés para fora da cama. _E acho a ideia de um encontro de casais, perfeita. Vou ligar para o idiota do Cole e combinar tudo. Esteja preparada para dormir fora, porque eu não vou permitir que vá embora ainda hoje.

Alissa sorriu, marota.

_E se eu quiser partir? Não pode me forçar a ficar...

Vesti minha cueca e me aproximei novamente da cama, me inclinando sobre ela e roubando um beijo antes de me afastar novamente.

Então, esteja preparada para ir de ônibus, porque a minha princesinha... eu disse, me referindo a minha moto, que deixei com ela como uma espécie de promessa de que nosso relacionamento era sério. _ ... Ficará aqui! Comigo!

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