O Liam adiou o quanto pôde a visita ao avô. Já havia uma semana que estávamos em Codrinal e ele não tinha nem ligado pro hospital pra marcar uma visita. Eu sabia que era difícil pra ele, porém, quanto mais o tempo passava, mais difícil seria convencer o senhor Olsen a ajudar o Liam com o tratamento.
Após muita insistência minha, o Liam finalmente ligou pro hospital pra agendar a bendita visita. Eu e o Dilan combinamos de ir com ele ao hospital, pra quem sabe assim fazer com que o senhor Olsen amolecesse o coração ao nos ver juntos novamente.
Chegamos ao hospital no horário marcado, o Liam estava extremamente nervoso, ele chegava a tremer de ansiedade, fazia cerca de 1 ano que ele não via o avô presencialmente. E sabemos que eles nunca se deram bem, então esse momento era realmente tenso e importante para o Liam.
Entramos na sala da UTI onde o senhor Olsen estava internado, no hospital mais caro e bem equipado de Codrinal, a sala era pequena e o senhor Olsen estava sozinho lá dentro, era um UTI exclusiva pra ele, eu nunca tinha visto algo assim, o que só comprovava como ele era rico, aquela sala deveria custar muito dinheiro.
O senhor Olsen estava acordado quando entramos, ele estava bem diferente do que eu me lembrava, estava magro, pequeno e bastante debilitado naquela cama, me partia o coração ver ele naquele estado, percebi que o Liam e o Dilan também ficaram tristes e um tanto perplexos com aquela cena.
— Olha só quem lembrou que eu existo. — Disse o senhor Olsen, com a voz bem fraca.
— Como vai vô? — A voz do Liam saiu tão fraca quanto a do avô.
— Acho que da pra ver como eu estou. Morrendo. — O senhor Olsen, continuava o mesmo rabugento de sempre.
— Morrendo nada, vaso ruim não quebra assim, ainda vai viver muito pra me atazanar. — O Liam tentou brincar, mas a sua voz entregava o quanto ele estava nervoso.
— Engraçadinho. — O senhor Olsen olhou para a perna do Liam. — Parece que você também andou piorando.
— É, esse joelho tá cada dia mais podre. — O Liam esfregou o joelho enquanto falava. — É sobre ele que vim lhe falar. — Em seguida ele me olhou, era a minha deixa.
— Olá senhor Olsen. — Falei sorrindo.
— Samantha, saudade de você, e Dilan meu melhor engenheiro. — Ele esboçou um sorriso ao nos cumprimentar.
— E aí velho Olsen. — Disse o Dilan sorrindo.
— Também senti saudade. — Fui sincera. — Me formei fisioterapeuta, e estou trabalhando no tratamento do Liam. Mas o plano de saúde não cobre o tratamento necessário, e precisamos investir na saúde dele.
— Vieram me pedir dinheiro então. — O senhor Olsen resmungou e tossiu em seguida.
— O tratamento do Liam vai custar cerca de 20 milhões, e só o senhor possui condições de arcar com isso. — Olhei ao redor pensando que o tratamento do senhor Olsen deveria estar custando quase isso.
— É, eu tenho esse dinheiro, e poderia ajudar o meu neto e se recuperar. — Ele olhou pro Liam e continuou. — Que tipo de avô eu seria se lhe negasse isso. Mas eu estou morrendo, e toda minha riqueza será dada a você Liam, desde que cumpra o testamento.
— Cumprir o que? — O Liam olhava pro avô intrigado.
— Em breve saberá. Não vai demorar muito.
Em seguida o médico entrou, ele sorriu dizendo que o senhor Olsen estava bem melhor e pediu que saíssemos, pois iriam fazer exames. Saímos de lá intrigados. Eu havia entendido mal ou o senhor Olsen somente daria o dinheiro ao Liam, após a sua morte?
Se fosse isso, seria terrível, pois, não temos como presumir a morte de alguém, nem desejaríamos que o senhor Olsen morresse rapidamente, porém o Liam precisava iniciar esse tratamento o quanto antes.
Saí de lá apreensiva e decidi que voltaria ao hospital, sozinha mesmo, e convenceria o senhor Olsen a assinar o cheque imediatamente.
No dia seguinte agendei uma visita ao hospital, sem que o Liam soubesse, marcaram para a tarde daquele mesmo dia. Me arrumei e segui para o hospital. O senhor Olsen estava acordado, virado para a parede e parecia balbuciar frases incompreensíveis.
— Senhor Olsen? — Falei me aproximando, mas ele continuou da mesma forma. — Sou eu, Samantha Higgins, amiga do Liam. — Insisti, mas ele não se virou.
Me senti estranha, no dia anterior, ele nos reconheceu, falou, até parecia relativamente bem, apesar do aspecto fraco de seu corpo. Mas hoje parecia pior, a sua mente estava longe e o seu corpo parecia ainda mais fraco que ontem.
Lembrei-me da chamada melhora antes da morte, ontem o medico havia dito que ele estava bem melhor, mas hoje aparece assim, debilitado. Dizem que antes de partir algumas pessoas tem uma melhora repentina, é como se estivesse se recuperando, mas na verdade a energia vem para minar tudo em poucas horas e ajudar a partir. Será que o bem-estar dele ontem significava que hoje ele iria partir?
Uma lágrima caiu do meu rosto ao pensar isso. Será que eu estaria presenciando a partida do senhor Olsen? Enquanto eu refletia ele se virou.
— Samantha! — Exprimiu num sussurro que mal conseguia ouvir. — Diga ao Liam que sinto muito. — Em seguida se virou novamente e voltou a sussurrar coisas sem sentido.
Eu não conseguia mais segurar o choro e sai dali imediatamente. Entrei num banheiro do hospital e chorei.
No dia seguinte estava na mansão Olsen realizando os exercícios da fisioterapia do Liam. Havia contado a ele que estive no hospital e o que ocorreu lá, o Liam ficou triste, acho que ele deve ter pensado o mesmo que eu, o senhor Olsen não iria se recuperar. E foi naquela mesma tarde que o Liam recebeu a ligação do hospital. O senhor Olsen havia partido.
Vi o Liam se apoiar no balcão para não cair após receber a triste notícia. Corri e o segurei preocupada com o seu joelho. Assim que o apoiei ele lançou o seu peso sobre mim me abraçando e chorou.
Lentamente me abaixei sentando com o Liam no chão, o corpo dele ainda sobre o meu e o abracei com toda a minha força enquanto ele chorava. Eu sabia exatamente o que se passava dentro do Liam, era uma mistura de raiva, tristeza e culpa, foi o mesmo que senti quando vi o corpo sem vida da minha mãe, debruçado parte na cama e parte no chão.
O Liam sentia raiva por não ter recebido o amor do avô, a pessoa que deveria ter o amado e cuidado como se ele fosse o bem mais precioso de sua vida, a tristeza por perder a sua única família, e culpa por não ter dado ao avô o amor que estava ali guardado em seu coração enquanto podia.
Segurei o Liam tentando passar a mensagem de que estava ali por ele e pra ele, não importava o que acontecesse. O abracei e deixei que ele chorasse bastante, até que a dor pudesse sair do seu corpo em forma de lágrimas.
O Liam parou de chorar quando não tinha mais forças, ou mais lágrimas, senti ele me soltando aos poucos e só depositando o corpo sobre mim, ele estava caído sem forças pra levantar. Foi quando chamei por um dos empregados que me ajudou a leva-lo para o quarto e deita-lo em sua cama.
Então liguei pro Dilan, lhe dei a notícia triste e pedi que viesse a mansão, precisaríamos cuidar do velório, pois certamente o Liam não conseguiria. O Dilan veio com o senhor Leeve e juntos organizaram o funeral do Senhor Olsen.
Não fui ao funeral, fiquei com o Liam na mansão, ele me pediu que ficasse, pois ele não teria coragem de ir e também não queria ficar sozinho. Então ficamos juntos sem dizer nada apenas fazendo uma companhia silenciosa um ao outro.
Três dias se passaram após a morte do senhor Olsen, e o Liam finalmente se levantou da cama. Eu sabia que não estava sendo fácil pra ele, por isso continuei ali dando o apoio necessário para sua recuperação. Eu sempre estaria ali para o Liam.
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Atualizado até capítulo 50
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