Liam Olsen entrou na minha vida no meu último ano na escola.
Bom, na verdade eu conhecia o Liam desde o 1°ano no colégio em Codrinal, nós éramos da mesma turma nas disciplinas obrigatórias, matemática, língua inglesa e redação. Mas nós não éramos amigos, na verdade ele nem me olhava na cara.
Liam com 18 anos....
Eu achava ele lindo, tipo muito lindo mesmo, ele tinha um rosto músculo, olhos penetrantes, o olhar dele parecia ler a sua alma, e o sorriso, nossa, aquele sorriso era a coisa mais linda que eu já vi na vida. Porém, ele era muito esnobe, dava pra ver o ego dele de tão grande que era. Liam era o garoto mais rico e mais popular daquela escola, e ainda assim vivia buscando afirmação dos outros, e ignorando quem estava abaixo da popularidade dele, eu por exemplo.
Durante todo 1° ano, não trocamos uma palavra sequer, mas foi no 2° ano que a gente se falou de fato. Foi rápido, mas foi bem intenso. Deixa eu contar a história direito:
Quando estava no 2° ano eu decidi entrar pra equipe de cheeleaders, e consegui com louvor ainda por cima, as meninas da equipe me odiavam pelo simples fato de eu ser pobre, mas elas não podiam negar que eu tinha mais talento que elas. Eu impressionei a treinadora e a Clair Dalson, capitã da equipe na época.
A Clair namorava com o Curtis Cliver, capitão do time de futebol. Ela se dizia apaixonada e queria casar com ele, pra mim era loucura falar de casamento ainda no ensino médio, mas ela ja tinha tudo arquitetado. Os pais dela queriam que ela fizesse faculdade no exterior, mas ela queria ir pra Coldsburg com o Curtis, e a única forma de convencer os pais dela era ganhando a bolsa de estudos.
E pra isso ela precisava de mim, então me nomeou sua co-capitã e passou a me usar como podia pra levar a equipe a vitoria.
Não satisfeita, ela se achou no direito de dar pitaco na minha vida pessoal. Um dia estávamos ensaiando na casa dela quando ela me veio com uma conversa nada delicada.
— Sam, você conhece o Liam Olsen? — falou assim, do nada e super despretensiosa.
— Sei quem é, a gente faz as matérias obrigatórias juntos, mas não nos falamos. Por quê?
Ela veio andando até mim com um sorrisinho estranho, como se tivesse tido a melhor ideia do planeta.
— E se eu disser que ele te acha muito gata, e quer transar com você?
— Como é? — Mas que merda era essa? Do nada essa garota virou uma cafetina. E continuava com aquela droga de sorriso na cara. — Você ficou maluca? Porque eu iria transar com esse garoto?
— Pra ganhar prestígio. — Ela falava como se fosse a coisa mais óbvia e natural do mundo. —Você vai ser a próxima capitã da equipe e o Liam vai ser o capitão do time de futebol, pela regra da vida vocês precisam transar.
Ela com certeza enlouqueceu.
— Valeu a oferta, mas eu tô de boa. Você sabe que não dou a mínima pra o que pensam de mim nessa escola, eu só quero me formar e viver em paz. Transar não vai me fazer virar capitã e ganhar a bolsa de estudos na Universidade.
— Você é gay? — Agora ela não tava mais sorrindo. Era só o que me faltava.
— Não, eu só não tô a fim de transar com qualquer um. E chega dessa conversa. — Liguei o som novamente e voltei a ensaiar, mas ela insistia.
— Você é virgem? — Ela perguntou isso quase gritando, e com a maior cara de espanto.
— É, eu sou, e quero continuar assim. — Resolvi encerrar a conversa e sair de lá. Mas a situação ficou pior do que eu esperava.
No dia seguinte, cheguei na escola e encontrei o Liam com a galera do futebol, ele se afastou dos amigos e veio falar comigo, assim do nada mesmo.
— Oi Samantha! — Ele exibia o sorriso mais lindo que eu já tinha visto, enquanto eu estava com a maior cara de confusa.
— Oi? — O que eu queria perguntar era: porque ta falando comigo?
— Então, a Clair me disse que você ia ao baile comigo. Só queria confirmar, a gente vai transar lá, adeus virgindade — disse ele sorrindo e acenando pra minha virgindade.
Sim, ele disse exatamente isso, com um belo sorriso na cara, e o meu queixo foi parar no chão.
— A Clair disse isso? — Perguntei e ele balançou a cabeça afirmando, caramba eu queria sumir dali. Eu ia matar a Clair. — Olha, não me leva a mal, mas eu não vou ao baile e também não vou transar com você, então pode seguir com a sua vida normalmente, me ignorando como fez durante o último ano. Passe bem garoto. — Passei por ele, deixando-o com cara de tonto enquanto fazia uma nota mental de matar a Clair assim que encontrasse novamente.
Naquele momento eu determinei que o Liam era um completo idiota, e a Clair era uma imbecil. Se ela tava me usando pra ganhar, eu ia usar ela pra ser capitã e ponto final, por que definitivamente ela não era minha amiga. E quanto ao Liam, não ia falar com ele nunca mais.
No ano seguinte, estávamos no 3° e último ano escolar, eu era capitã das cheeleders como tinha me preparado durante o ano inteiro, era a minha vez de brilhar e conseguir a bolsa, mas o Liam era o capitão do time de futebol e ele ainda nutria a esperança de transar comigo. Mas eu o evitava com toda a minha vontade, até que aparentemente ele desistiu.
Tudo então estava caminhando do jeitinho que eu tinha planejado para o meu último ano na Codrinal High School, até que os adolescentes decidiram dar uma festa na casa de um dos caras do futebol, eu obviamente nunca era convidada pra esses eventos, eu podia ser a capitã da equipe, mas continuava sendo a garota pobre.
E na boa, eu não ligava pra essas festas, de verdade, minha meta era clara, eu tinha que estudar muito, então virar a noite bebendo e ficar de ressaca no dia seguinte, ia estragar os meus planos.
Mas aquela festa me chamou a atenção por que no dia seguinte todo mundo recebeu uma mensagem no celular, inclusive eu, que nem tava na festa, a mensagem tinha uma foto do Liam beijando o Derrick Climber, um garoto do nosso ano, embaixo da foto tinha a mensagem, Capitão gay. Era uma porcaria de bullying homofóbico, típico dos adolescentes idiotas dessa escola. O Liam deve estar mal, a reputação é algo importante pra ele, ele se achava o rei do colégio, e agora isso, que merda!
Cheguei no colégio e não se falava de outra coisa, Liam gay, fala sério. Como se ser gay fosse um tipo de doença contagiosa, bando de idiotas. Eu estava indo em direção ao pátio, sempre ficava ali antes das aulas começarem, sentava na grama embaixo na árvore, colocava os fones e ficava estudando, mas pra minha surpresa assim que sentei, olhei pro lado e vi o Liam, todo encolhido, triste, envergonhado, me partiu o coração, eu não gostava dele, mas ninguém merecia esse tipo de tratamento, então resolvi me aproximar.
— E aí cara! Posso sentar aí? — Indiquei com o queixo o espaço na grama ao lado dele. Ele ficou me olhando por um tempo e por fim balançou a cabeça confirmando. Então me sentei.
— Como tá se sentindo? — lancei a ele um olhar terno, como se dissesse pode confiar.
— Péssimo. Tudo isso é uma merda! — Ele parecia querer chorar.
— É, é uma merda, eles são um bando de imbecis, se divertem humilhando os outros. — Era assim o tempo todo, sempre tinha alguém que sofria nas mãos dos colegas da escola. Tentaram fazer isso comigo, mas eu não permiti, eles podem não gostar de mim, mas me respeitam por que sabem que eu não sou de brincadeira.
— Eu sempre fui um cara esnobe — ele estava sendo sincero. — mas nunca maltratei ninguém assim.
— Eu sei disso. E ser gay não devia ser motivo de vergonha.
— Eu não sou gay! — Ele quase gritou isso, e eu fiquei espantada, porque a foto não parecia ser uma montagem e ele tava beijando o Derrick. — Eu não beijei o Derrick, na verdade ele me beijou, eu tava conversando com ele, e ele me falou que era gay e que gostava de mim, eu disse que não, que eu não gostava dele assim, mas aí ele me beijou e eu meio que deixei, foi só um selinho e achei que não seria nada de mais, todo mundo aqui maltrata o Derrick, então eu quis ser legal com ele, pelo menos uma vez, e agora virou essa merda toda!
Caramba!!! Então ele não é um idiota como eu pensava, ele é legal. Nossa eu fiquei chocada!
— Mas agora não importa se eu sou gay ou não. Todo mundo tá me rejeitando de qualquer forma. Não tenho um amigo sequer, até o Derrick ta se sentindo culpado e com medo de falar comigo. — Ele continuava falando triste como se fosse chorar.
— Eu posso ser sua amiga, não me importo com nada do que dizem. Se quiser pode contar comigo. — Fui sincera, eu odiava o modo como as pessoas aqui tratavam os outros, eu tava farta de tudo isso e queria de verdade ajudar o Liam.
Ele sorriu e foi assim que ele entrou na minha vida, era a minha primeira amizade de verdade naquela escola. Não havia interesses por trás, só a vontade de ficar junto e ter alguém do seu lado que te entendesse de alguma forma. Ficamos amigos inseparáveis. Melhores amigos.
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Atualizado até capítulo 50
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