Tratamento

Dias depois de incessantes pesquisas chegou o momento de conversar com o avô do Liam e convencê-lo a pagar o tratamento do joelho do meu amigo.

Então depois do colégio eu fui pra casa do Liam estudar com ele, era a primeira vez que eu entrava lá. A mansão Olsen era gigantesca, eu me senti super estranha de entrar ali. A única casa de rico que eu tinha visitado em Codrinal foi a casa da Clair, os pais dela eram donos de uma rede de cafeterias, tinham muito dinheiro e uma bela casa, mas nada se comparava a gigantesca mansão onde o Liam morava.

— Pode entrar, o meu avô ainda não chegou, vamos lá pro quarto estudar, assim que ele chegar a Maria vem nos avisar. — Ele foi me puxando pela casa, e eu ainda estava perplexa com tudo que tava vendo.

Subi as escadas com ele e entrei no quarto, minha nossa, aquele parecia um quarto de revista de decoração, além de enorme era super estiloso, tinha uma parede grafitada, super moderna.

— Porque ta aí parada na porta? — Quando ele falou foi que percebi que eu nem tinha conseguido entrar no quarto dele, eu realmente tava impressionada e um pouco estranha por estar ali.

— Foi mal. Quantas pessoas moram nessa casa? — Disse finalmente entrando no quarto dele.

— Só, eu, meu avô e os nossos empregados.

— Caramba, aqui é enorme. Onde guarda suas roupas? — Falei olhando o quarto que aparentemente não tinha um armário ou guarda-roupas.

— Fica aqui no closet — Disse abrindo uma porta que dava pra uma área enorme, cheia de roupas e sapatos de todos os tipos. — Aquela outra porta é o banheiro.

— Nossa, você é mesmo muito rico.

— É, ta deixa disso, vamos estudar. — Ele me puxou pra sua escrivaninha e nos sentamos.

Ficamos estudando por um tempo, a gente estudava bastante, era engraçado ver o Liam, capitão do time de futebol, todo nerd estudando e preocupado com o vestibular, eu realmente tinha uma ideia equivocada dele.

— Ta aí pensando em que? — Ele me perguntou e eu me assustei, pois realmente tava longe com os meus pensamentos.

— Eu tava pensando no quanto eu te achava um idiota e agora estamos aqui, super amigos, estudando pro vestibular.

— É, mas acho que o fato de eu ter me oferecido pra tirar sua virgindade, contribuiu pra que me achasse tão idiota — ele falou rindo muito. E era verdade, eu o odieipor essa proposta ridicula.

— Pois é, ainda bem que pude ver o real Liam Olsen, antes de te odiar pra sempre.

Enquanto conversávamos a Maria, governanta da casa entrou e anunciou que o senhor Olsen havia chegado em casa. Era a hora pra conversar com ele.

Descemos e encontramos o avô do Liam sentado no sofá da sala mexendo no celular. O senhor Olsen era de fato um homem digno de ser temido, tinha uma presença bem imponente e altiva, por um momento eu cheguei a me sentir intimidada de ir falar com ele, mas logo me dei conta de que precisava ser firme, pelo bem do Liam.

— Liam! Imaginei que não estaria em casa, como sempre. — Ele falava sem nem tirar os olhos do celular, acho que nem havia notado a minha presença.

— É, hoje a Samantha veio estudar aqui. — ele apontou pra mim, e essa era a minha deixa.

— Como vai senhor Olsen? — Foi quando ele finalmente largou o celular e me olhou com bastante firmeza.

— Você é a filha do Higgins não é isso?

— Sim, senhor! — Como assim ele me conhecia?

— O seu pai trabalhou pra mim, era um bom operador, se destacava entre os demais. Mas resolveu tentar a vida em Brésalen. Sinto muito pela sua mãe. — Nossa, não sabia que o meu pai havia trabalhado na fábrica Olsen, ele provavelmentedeve ter trabalhado numa fábrica de automóveis em Brésalen. — Vocês tiveram notícias do seu pai?

— Não senhor, desde a morte da minha mãe, nunca mais soube dele.

— Sinto muito por isso também. — Estranhamente eu simpatizei com o senhor Olsen — Não sabia que era amiga do meu neto. — Falou e voltou a mexer no celular.

— Sim, somos amigos. — Ta eu tinha que chamar a atenção dele novamente e começar o assunto do tratamento do Liam. — Estamos estudando pro vestibular, eu pretendo fazer fisioterapia, que é justamente do que o Liam precisa.

— O Liam já estuda bastante. — Disse ele ainda preso na porcaria do celular.

— Não falo do estudo, e sim da fisioterapia, — Foi aí que ele finalmente largou o celular e me deu atenção. — a doença dele no joelho é degenerativa, e precisa de um tratamento intensivo.

— Basta ele largar o futebol!

— Não seria suficiente, o futebol acelera o processo sim, mas se ele não fizer nenhum tratamento a doença vai avançar de qualquer forma, com o tempo ele vai perder o movimento do joelho e vai usar muletas pelo resto da vida. Mas se ele se tratar, pode jogar futebol e ter uma vida tranquila. — Nesse momento eu tinha total atenção dele. — Aqui nessa pasta tem uma lista de médicos e fisioterapeutas aqui de Codrinal que podem ajudar o Liam a ter uma vida saudável.

Entreguei a pasta a ele que abriu e analisou cada documento.

— Fez uma pesquisa bem minuciosa Higgins. — Disse ele ainda analisando tudo. — Ok, vou marcar essas consultas. — Depois ele simplesmente se levantou e subiu as escadas.

— Caramba Sam, você conseguiu— o Liam me puxou e me abraçou com força, acho que nunca tinha o visto tão feliz fora do campo de futebol. — Eu vou fazer o tratamento e vou continuar jogando bola, você é a melhor coisa que já me aconteceu.

Nem posso explicar o que essa simples frase me fez sentir, ali eu percebi que o Liam não era só um amigo pra mim, eu gostava dele, gostava muito.

Dias depois o Liam começou o tratamento dele, eu ia acompanhando ele nas sessões de fisioterapia. Ele tava fazendo o tratamento com um dos melhores fisioterapeutas da cidade, e eu achava o máximo poder ver o trabalho dele de perto.

Com apenas poucos meses de tratamento o Liam já estava bem melhor, corria pelo campo com destreza e não sentia nenhuma dor.

Porém os médicos disseram que ele precisava de um tratamento mais intenso e que eles não tinham suporte pra isso aqui na Urba do Leste, e tudo que eles faziam apenas serviria de paliativo, mas a doença ainda estava avançando, em alguns anos o Liam não ia mais poder jogar bola nem correr. Mas falaremos sobre isso depois.

Certa noite eu ia acompanhar o Liam em uma festa na casa dele, o senhor Olsen fez um coquetel pra celebrar a chegada do novo vice presidente da empresa. Eu tava nervosa com o que ia vestir, porque obviamente eu não tenho nenhum vestido chic, foi aí que me lembrei do vestido da Clair.

Então, a Clair ficou um tempão ainda tentando me convencer a ir ao baile com o Liam quando estávamos no 2° ano, eu usei todo tipo de desculpa, inclusive o fato de não ter dinheiro pra comprar um vestido idiota, foi quando ela apareceu na minha casa com esse vestido.

Provavelmente era um vestido usado que ela não queria mais, aí eu deixei ele guardado. Bom eu olhei pro vestido, o vestido me olhou e decidi que era a única coisa que eu poderia usar pra essa festa na mansão.

Me arrumei e saí de casa.

A mansão era linda e hoje tava ainda mais arrumada pra essa festa, tinha umas pessoas elegantes e até tinha alguns colegas da escola, a boa galera que me esnobava por ser pobre, que maravilha.

— Oie Sam, nossa você ta linda! — O Liam me olhou da cabeça aos pés, ele parecia me comer com os olhos, safadinho!

— Obrigada, você também tá muito bonito — O Liam é lindo, mas hoje ele tava incrível, usava uma camisa social branca de um tecido caro, um blazer bem justo ao corpo e a calça combinando com o blazer, sapato social e pra completar uma corrente de ouro, ele parecia um homem feito, muito gato.

— Deixa eu te apresentar ao filho do vice presidente do meu avô, ele vai terminar o colegial na nossa turma, ele também tá no último ano. — O Liam saiu me arrastando pela sala até encontramos o garoto.

Dilan com 18 anos...

Me julguem, eu achava o Liam o cara mais gato de todos os tempos, e eu realmente tava ficando muito a fim dele, de verdade. Mas o filho do vice presidente da Olsen, era lindo demais, eu literalmente me perdi nesses olhos azuis.

— Sam, esse é o Dilan Leeve, nosso novo colega de turma.

O Dilan me abriu um sorriso gigante.

— Seja bem vindo Dilan. — Estendi a minha mão pra ele, e sorri de volta. Ele parecia legal, seria bom ter mais um amigo aqui em Codrinal.

— Valeu galera, eu tô me sentindo meio deslocado, mudando de cidade quase no final do ano letivo, mas só de conhecer vocês, já me sinto melhor.

Bom, esse foi o inicio de mais uma bela amizade , deixamos de ser uma dupla e viramos um trio de amigos.

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