De volta a Codrinal

Voltar a Codrinal foi difícil pra mim. Tudo bem que eu voltava pra lá com bastante frequência pra ver a minha família e o Dilan, mas dessa vez era diferente, eu estava voltando pra lá com o Liam, o cara que infelizmente eu ainda amava. Estava com ele na cidade onde tudo começou.

Codrinal foi o palco do início e do fim do meu relacionamento com o Liam. Foi aqui com ele que eu fui feliz pela primeira vez em minha vida, e também foi aqui que eu me decepcionei e jurei exclui-lo da minha vida pra sempre. Bom, o pra sempre durou apenas 6 anos, pois cá estou eu novamente, ao lado do Liam, disposta a tudo pra ajuda-lo a recuperar a sua carreira e ter uma vida saudável.

Chegamos ainda pela manhã, o Liam queria que eu ficasse com ele na mansão Olsen, mas obviamente eu me recusei. Ainda tinha o meu quarto na casa da tia Martha e seria bem esquisito dividir a casa com o Liam.

O motorista então me deixou na casa da tia Martha e seguiu com o Liam até a sua mansão.

A casa da tia Martha permanecia do mesmo jeito, cheirando a bolo, parei de frente para a porta e senti uma ponta de tristeza ao pensar que em breve perderíamos essa casa, devido a milionária hipoteca que nunca teríamos como pagar. Entrei e fui recebida pela Tessa, minha priminha agora adolescente, tão linda e radiante assim como era quando criança.

— Sam! Que saudade de você, nem acredito que veio assim do nada! — Ela veio correndo e me abraçou.

— Sim, eu tive que acompanhar o Liam. — Disse ainda agarrada nela.

— Ai, me conta, vocês se reaproximaram, estão namorando outra vez? — Ela falava toda empolgada, a Tessa era a típica adolescente romântica.

— Não Tessa, ele é só o meu paciente.

— Mas vocês se amam, eu sinto isso. — Ela suspirava colocando as mãos no coração, o que me fez sorrir e revirar os olhos ao mesmo tempo.

Enquanto eu falava a tia Martha veio gritando da cozinha, as coisas não haviam mudado mesmo por aqui.

— Finalmente chegou Sam. Venha comer algo. — Ela carregava uma forma de bolo nas mãos. Confesso que sentia saudade dos bolos da tia Martha.

— Não estou com fome tia, vou me ajeitar no quarto e desço mais tarde pro almoço. — Dei um abraço nela e fui em direção ao meu pequeno quarto.

O lugar também permanecia igual, as fotos coladas na parede, as luzes no teto, os discos de vinil decorando o quarto. Esse lugar era o meu refúgio. Arrumei as minhas coisas no pequeno guarda-roupa, tomei um banho e descansei da viagem. Antes do almoço recebi uma mensagem do Dilan, ele me disse que o Liam havia ligado o chamando pra jantar na mansão e ele teve a brilhante ideia de me chamar pra ir junto.

Na hora eu pensei, que loucura, claro que não vou! Mas depois pensei melhor, fazia anos que não ficávamos juntos, os três, e eu amava tanto esses momentos. Quem sabe poderíamos ser amigos de novo? Então resolvi aceitar.

A noite me arrumei e esperei o Dilan chegar.

Dilan com 25 anos...

O meu amigo estava cada dia mais lindo, eu não sei bem explicar, mas o Dilan tinha um ar meio descolado, só de olhar pra ele eu já me sentia mais leve e livre, era estranho e bom. Aqueles olhos azuis, e cabelos levemente bagunçados, a barba rente ao rosto, tudo nele exalava liberdade e alegria. E tudo se iluminava quando ele esbanjava aquele sorriso travesso. Era bom demais estar perto do Dilan.

— Sam, que saudade parceira! — Ele me abraçou e me rodou no ar, era o mesmo Dilan do ensino médio.

— Também estava morrendo de saudade, — retribuí o abraço — e esse é o único motivo que me fez aceitar esse convite maluco.

— Sei que é loucura, mas faz anos que não ficamos juntos, os três. — Ele me colocou no chão e me olhou serio. — Eu só via você e as vezes via o Liam, mas nunca juntos, e como vocês trabalham juntos agora, eu pensei que poderíamos tentar resgatar a nossa amizade.

— Acho difícil. — Falei cabisbaixa.

— Eu sei que o Liam fez a maior merda de todas naquele baile idiota. — Disse ele segurando o meu queixo e impulsionando o meu rosto pra cima. — Mas, ele se arrependeu de verdade, eu sei disso. Não digo pra vocês voltarem a namorar, mas a nossa amizade pode voltar.

— Quem sabe. — Disse pensativa. — Bom, vamos que estou com fome.

Chegamos na mansão Olsen, eu tinha me esquecido de como era imensa, de verdade, eu nunca havia entrado numa casa tão grande. A decoração estava um pouco diferente de como me lembrava. Estava mais moderna, móveis novos, o senhor Olsen gostava mesmo de luxo.

Entramos e o Liam estava de pé nos esperando na sala, ele ficou bem surpreso ao me ver e abriu um sorriso gigante, aquele sorriso que fazia eu me perder, o sorriso do Liam era a minha imagem preferida, era inevitável não sorrir de volta.

O Dilan correu e abraçou o Liam, quase derrubou a muleta dele.

— Cara faz anos que não te vejo. Seu idiota. — O Dilan e o Liam eram melhores amigos, não importa quantos anos se passassem o amor deles era imenso.

— Que saudade, irmão. — O Liam fechou os olhos e se deixou abraçar pelo Dilan. — Me perdoa não vir mais vezes, mas você também podia ir a Coldsburg né, eu sou o cara doente aqui.

Eu sorria bobamente vendo o carinho entre eles.

— Que bom que você veio Sam. — O Liam veio em minha direção, parou de frente pra mim sorrindo.

— É, eu senti falta disso, da DR de vocês. — Sorri, por mais estranha que fosse a situação, eu me sentia bem ali com eles.

— Cara eu tô faminto. — O Dilan reclamou alisando a barriga e rimos.

Jantamos de forma animada, lembrando das coisas que fizemos na adolescência, depois conversamos sobre a faculdade, trabalho.

O Dilan estava super feliz trabalhando na fábrica Olsen com o pai, ele estava 100% concentrado no trabalho agora que tinha terminado com a namorada. Eu me lembro que ele estava super empolgado, até pensava em pedi-la em casamento, mas ela acabou terminando e ele ficou mal. Agora parecia estar recuperado, mas não queria saber de relacionamento tão cedo.

Já o Liam contou como foi a experiência de jogar na copa do mundo, foi o momento de maior realização da vida dele. E agora ele estava com esperanças de voltar a jogar, de correr feliz pelo campo e fazer gols, aquilo era o que ele mais amava. Ouvir ele falar assim do futebol, fazia o sangue ferver e a vontade de ajuda-lo a se recuperar só crescia dentro de mim, eu sabia que faria qualquer coisa pra vê-lo jogar novamente, qualquer coisa mesmo.

Estávamos juntos outra vez, e percebi que esse era o momento mais feliz que tive em muitos anos. Eu estava bem na faculdade, estava bem com o meu emprego, com a vida que eu estava construindo, mas felicidade de verdade eu tinha ali, com eles, meus amigos.

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