Mel: mamãe! Mamãe! Telefone… - sai do chuveiro enrolada na toalha e lá estava Mel me estendendo o telefone. O cabelo escuro estava penteado e molhado, usava um vestidinho de corações vermelhos e sandália, pronta para a viajem.
Helena: quem é? – questionei pegando o fone.
Mel: kaio – e sorriu lindamente com carinha de apaixonada.
Helena: oh! – atendi e me sentei na beirada da cama - alô?
kaio: tá pronta meu amor? – tive que rir disso. Mel ficou me olhando confusa.
Helena: estou me vestindo, senhor souza – usei tom formal, não querendo confundir mais a cabecinha de Mel - por quê? Já está vindo?
kaio: já, mas... Quero perguntar umas coisinhas. Está com tempo? É meio pessoal – pigarreou e percebi que era sério. Olhei para Mel.
Helena: ok espera... – tirei o fone – Mel, vai checar sua mala, tudo bem? Mamãe precisa falar a sós com kaio.
Mel: ah tá, vocês querem namorar pelo telefone – suspirou e saiu do quarto – que lindo!
Helena: ARG! – voltei para o telefone – olha o que você faz... – murmurei e me sentei na cama novamente – fala criança... O que foi?
kaio: qual o seu problema em aceitar os sentimentos que temos um pelo outro?
A forma como foi direito me abalou. Fiquei uns segundos apenas digerindo a pergunta, tentando repassá-la na mente para ver se era isso mesmo que havia falado. Como assim me perguntar algo dessa forma, desprevenidamente? Pigarreei e busquei a resposta. Resolvi ser direta, sem mentiras.
Helena: o problema está no fato de não saber o tempo que isso vai durar, quero dizer... Suponhamos que fiquemos juntos um ano! Depois disso tudo acaba. Posso superar você, mas Mel não vai aceitar tão fácil como eu... Não quero colocar um pai na vida dela e depois tirar de forma mais brusca – o silencio por parte dele era total – mas de resto... Não há problemas. Eu sinto coisas por você que jamais imaginei serem possíveis, entende? E tem coisas sobre mim que talvez você não aceite.
kaio: Helena, que isso... Eu te venero! Você é a mulher mais maravilhosa e imperfeita que conheço... – riu e eu também – amo seus defeitos, todos eles... E, além disso... Nunca seria idiota o suficiente pra sequer cogitar te deixar! Aceito tudo o que vier de você... E sabe que amo a Mel. Como se fosse minha filha.
Fiquei um tempo em silencio.
Helena: para de me surpreender e ter as coisas certas para mim, poxa... – suspirei e fechei os olhos – mas ainda assim... Sei lá, é cedo demais para Mel saber de algo.
kaio: claro, é cedo demais para qualquer coisa, quero dizer... – respirou fundo – vou te provar que posso ser o cara perfeito pra você e um pai maravilhoso para Mel. Eu realmente não sei explicar, mas amo a sua filha. Te juro!
Helena: e não duvido! – reafirmei com certo medo de chorar. Minha voz oscilava um pouco – sinto as coisas... O coração de mãe sente. Vocês se amam e tem um laço muito forte! Às vezes sinto que nenhum pai poderia ser tão melhor para ela do que você cara, mas até quando?
kaio: até quando... Não posso ser hipócrita e dizer pra sempre. Vai saber o que acontece. E se você quiser me deixar? – riu – sou muito inferior ao seu nível, minha gata.
Helena: cala a droga da boca, é lógico que não! – comecei a chorar – pronto! Estou chorando! Vou me trocar ok? Seu bobo – comecei a limpar as minhas lágrimas tremendo.
Helena: ok. Teremos tempo pra conversar, não é?
Helena: teremos.
[...]
Joana: querida! – nos abraçamos quando cheguei ao estacionamento do meu prédio e a encontrei no carro de kaio. O mesmo, neste momento, trazia minhas malas.
Helena: oi Joana, como vai? – me apertou um pouco forte, carinhosamente. Sorri.
Joana: vou ótima meu amor. E você pequenininha? Vem dar um beijo na vovó! – quando nos separamos Mel voou pro colo dela com uma facilidade enorme. Apenas fiquei olhando. Ethan, o garotinho, estava falando com kaio na parte de trás em frente à porta malas.
Ethan: oi tia... – sorriu para mim de um jeito meigo. Retribui. Ele saiu para falar com Mel.
kaio: tudo pronto? – finalmente estávamos a sós desde a ligação. Assenti – pode ficar tranquila. Não vou tocar nesse assunto com ninguém por perto – piscou muito sedutoramente. Chegou mais perto – você tá linda.
Helena: oh... Maravilhosa! – abaixei os olhos para meu vestido simples. Branco e sem alças, não muito longo. Ironizei – vamos logo espertinho.
Mel: vai demorar para chegar? – apareceu do nosso lado puxando a blusa de kaio com carinha de chantagem – quero ir na piscina logo!
kaio: vai demorar umas cinco horas, Mel – respondeu acariciando o cabelo dela – mas você vai dormir e passará bem rapidinho.
Mel: tomara!
Nos momentos seguintes, ajeitei Mel e Ethan no banco de trás com Joana. Os dois estavam incrivelmente felizes pela viajem, era como se fosse a primeira vez que saíam da cidade. kaio se empolgou também, tanto que parecia uma das crianças. Ligou para Bruno de modo a confiar com caminho e acertou o GPS.
Helena: é bom que dirija direito! Vai chover, o céu está horrível... – comentei vendo os raios cortando o céu escuro. Porém, estava um ar seco e quente – não quero que ninguém aqui morra, senhorito.
kaio: eu dirijo bem, Helena. Não fica preocupada... – pareceu seguro nas afirmações. Relaxei e fiquei quieta enquanto o pessoal do branco de trás brincava. Joana pedia que falassem baixo para não atrapalhar kaio, mas as crianças continuavam brincando entre si alto. Até que...
Helena: meu Deus, eles apagaram! – sussurrei olhando para trás e vendo Mel deitada de um lado, Ethan do outro e Joana no meio, abraçando os dois.
Kaio: meu Deus, começou a chover! – já estávamos na estrada e era quase uma hora da manhã. O tempo passou rápido demais!
Helena: preciso fazer xixi! – comentei impaciente, batendo a perna depois de tirar o fone de ouvido. Resolvi não falar muito para não desconcentrá-lo na chuva forte que caia – sério... Preciso mesmo! – comecei a bater os joelhos de forma nervosa.
kaio: eu também preciso... – estreitou os olhos olhando para frente, tentando enxergar através da chuva forte – acho que tem um posto a frente. Agente para lá e vai no banheiro.
Helena: ok... – suspirei e continuei quieta. Tombei a cabeça no banco e olhei para ele meio sonhadora – você dirige bem mesmo, querido.
kaio: querido? – sua carinha foi a mais fofa do mundo, orgulhosa. Quase apertei suas bochechas.
Helena: delicia – pisquei e ri brincando com ele, que também riu.
kaio: Helena, pelo amor de Deus hein? Não vai vim me dar permissão com minha mãe e duas crianças no carro... Assim não dá gata! – girei os olhos e ri.
Helena: dirige logo. A coisa tá apertando aqui! – coloquei as mãos no colo e apertei os joelhos.
kaio: aqui também – olhou pras minhas pernas e batei em seu braço levemente – parei.
[...]
Após pararmos, chamamos Joana e perguntamos se queria ir ao banheiro. Disse que não, que estava tudo bem e falou para trazermos algo para as crianças comerem. Saímos do carro sob a chuva mesmo, correndo até alcançarmos a porta da loja de conveniências do posto. Fui ao banheiro com ele e quando voltei kaio já tinha saído e estava no balcão comprando algumas coisinhas.
Helena⁵: comprou o que? – me apoiei no balcão ao seu lado. Estávamos apenas eu, ele e o atendente, um senhor de idade simpático.
kaio: chá gelado pra minha mãe e pra você, chocolate pra mim e pras crianças. Claro, água! – pegou o dinheiro e estendeu para o senhor – quer algo mais?
Helena: não, bebêzão! – brinquei com ele por ter comprado chocolate para as crianças e para ele – é bom parar de ficar mimando a Mel... Ela vai ficar mal acostumada e a culpa será sua... – me encostei mais nele, nossos braços se tocaram.
kaio: claro que vou mimá-la! Ela é minha garotinha, caramba... – insistiu de um jeito meigo, esperando o senhor terminar de guardar as compras.
Senhor: é sempre assim com as meninas – comentou enquanto empacotava tudo – nós, pais, ficamos babões.
Helena: mas ele não... – me interrompeu.
kaio: pois é! Babões é a palavra certa... Você tem filhos? – me abraçou e tive que rir baixinho de sua postura.
Senhor: três meninas – pareceu orgulhoso – e uma mulher tão linda quanto a sua, meu rapaz... Por mais que o tempo passe, elas sempre são lindas para nós, não é?
kaio: claro, sempre... – beijou minha testa e sorri para o senhor da loja.
Helena: é... Amor, que tal irmos para o carro? – cutuquei suas costas e ele me olhou pasmo.
kaio: claro querida... Vamos. Tchau, boa noite! – saímos de perto do balcão e paramos na porta, olhando a chuva que havia apertado muito.
Helena: que porcaria de grande ideia foi essa? – cruzei os braços um pouco irritada – não pode ficar me apresentando como sua mulher assim... E se a Mel ver?
kaio: para de paranoia... – estava tranquilo – não farei isso na frente da Mel por enquanto.
Helena: não? Espero mesmo... – continuei de braços cruzados. A chuva caia bem forte, estava escuro e um pouco frio. O carro não estava longe, mas significaria se molhar muito ir até ele. kaio estava usando um casaco preto e longo, quentinho... E eu ali, de vestido e com aquele casaco fininho de lã. E nem me ofereceu a blusa... Cavalheiro demais – quer saber? Vou pro carro!
kaio: o que? NÃO!
Sai andando em meio à chuva mesmo, arruinando meu cabelo e minha roupa. Ouvi a voz dele atrás de mim, mas só parei quando suas mãos se fecharam em minha cintura, mesmo segurando a sacola. Puxou-me contra o seu corpo e me beijou antes mesmo que pudesse reagir. Foi um choque pra mim. Aquele beijo tão doce e gentil me pegou desprevenida, mas tive a sensação de que era o momento mais romântico da minha vida... A chuva roçando minha pele ao mesmo tempo em que os lábios de kaio afagavam os meus. Existia sensação melhor? Havia um jeito melhor de beijar? Agarrei seu cabelo e me pendurei sobre ele, uma de suas mãos apertando meu corpo contra o seu de uma forma quase impossível de se libertar. Era alucinante. Bom demais.
Helena: que porcaria de grande ideia foi essa? – sussurrei ainda parada na chuva, molhada até a calcinha.
kaio: para de paranoia... Já queríamos isso há muito tempo! – e sorriu lindamente, com alguns fios de cabelo no rosto pela chuva.
Fiquei sem resposta, mas em seguida saímos andando até o carro. Assim que entramos, Mel acordou.
Mel: porque está molhada mamãe? – kaio até engasgou com a água que bebeu com a pergunta soando em duplo sentido, depois de me passar uma toalha e estender um casaco dele enfiando em algum lugar do carro.
kaio POV
Alicia: gente... Caramba, fiquei preocupada! – estávamos já dentro da casa dela, quentinhos. Mel e Ethan pareciam ligados no duzentos e vinte, pulando de felicidade, mesmo sendo duas horas da manhã – como foi a viajem?
Alicia estava agarrada a seu roupão roxo claro, usando chinelos e parecia cansada. Pelo que disse, estava sozinha e éramos os primeiros a chegar. Tirando Pierre, que veio com ela e estava no quarto com o namorado, Jean Pablo. Sentamos na sala depois de descarregarmos as malas. Helena e eu ainda encharcados, eu pior do que ela.
Kaio: meio conturbada pela chuva, mas não foi tão ruim – olhei para Helena, sentada ao meu lado como se morresse de vergonha e sorri. As duas não haviam trocado uma palavra, somente oi.
Alicia: graças a Deus né? Não durmo hoje antes de todo mundo chegar... – abraçou a si mesma e sorriu – vou mostrar o quarto pra vocês e arrumar algo para comerem. Estão com fome, certo?
Joana: não querida, nós comemos no caminho, não se preocupe! – Alicia trocou um sorriso caloroso com minha mãe, sentada no outro sofá ao lado de Ethan e Mel – mas dormir... Eu adoraria!
Alicia: claro, claro... Venham – a seguimos.
Helen. roía as unhas e olhava ao redor. O lugar era bonito, bem decorado, localizado perto de algumas montanhas. Era realmente aconchegante, como haviam me dito. Não foi uma decisão errada querer vir, pelo menos até agora. Paramos em frente a um corredor escuro, numa sala com lareira e sofás coloridos. Ethan e Mel ficaram xeretando os sofás.
Mel: tiaAliceia, agente vai dormir tudo junto? – a ideia para os dois pareceu ser incrível.
Alicia olha... – encarou a mim sorrindo amarelo – tenho dois quartos disponíveis para vocês contando todo mundo que vai vim. Então podem se dividir em meninos e meninas ou do jeito que quiserem.
Ethan: ah não! Mel e eu queremos dormindo juntos! Se não nunca vamos terminar o quebra cabeças...
Mel: é! Temos que terminar antes de ir pra casa... – os dois começaram a nos bombardear com motivos para ficarem juntos. Minha mãe, eu e Helena trocamos olhares confusos.
Alicia: isso complica um pouco as coisas... Porque tenho um quarto com cama de casal e um com um beliche e uma cama de solteiro. Então terão de ser três em um quarto, dois no outro, gente. Desculpa... – fiquei uns minutos pensando e pensando, mas foi minha mãe quem veio com a resposta.
Joana: então eu fico com as crianças e Kaio e Helena dormem juntos – Helena reagiu na hora, abrindo muito os olhos.
Helena: o que? Não, acho que não – negou rindo baixinho, ainda tímida atrás de mim – agente... Não vai dormir junto! Pode deixar que eu fico com as crianças, e...
Joana: querida... Ethan não dorme sem mim – sussurrou um pouco baixo, para não constranger o garoto que estava pulando sentado num dos sofás com Mel. Os dois riam muito, desinteressados em nosso diálogo – ele realmente não consegue!
kaio: o que tem demais agente dormir junto? – questionei-a um pouco ofendido – poxa, agente vai dormir!
Helena: é, mas a cama é de casal, queridinho – ironizou pensativa – não sei.
Alicia: ah gente, posso tentar fazer alguém trocar de quarto, mas... – Helena e interrompeu e percebi que seu medo de incomodar era maior do que o de dormir numa cama de casal comigo.
Helena: tudo bem. Agente dorme junto Alicia, mas, por favor... – estava quase implorando – não conte isso a ninguém. Por favor!
Alicia: não... Claro que não! Prometo – e sorriu amigavelmente.
[...]
Após ajudar minha mãe a colocar as crianças na cama, fomos para o nosso quarto finalmente. Alice nos mostrou o dormitório, que era um pouco pequeno, mas adequado para apenas um final de semana. Havia uma cama de casal simples com um colchão alto, um pequeno armário, uma estante cheia de livros e um banheiro.
kaio: ficamos com a suíte? – perguntei rindo. Helena parecia absorta vendo o mosqueteiro que envolvia a cama toda.
Alicia pois é! – também sorriu – esse quarto era dos meus pais quando passávamos os verões aqui antes deles morrerem. Amavam esse quarto, essa cama, principalmente o mosqueteiro! – apontou Helena, que estava parada ainda olhando o mesmo detalhe. As duas tinham expressões longínquas – foi o único quarto que ninguém quis ficar, e vocês pegaram porque foram os últimos a dar certeza que viriam... – usou tom de desculpa.
kaio: tudo bem Alicia, está ótimo... – agradeci não vendo reação da parte de Helena – obrigado!
Helena: do que seus pais morreram? – perguntou de repente, curiosa.
Alicia: oh! Meu pai morreu primeiro de ataque cardíaco e minha mãe meses depois da mesma coisa... Acho que um viver sem o outro foi impossível, por isso deixaram para morrer quase juntos – comentou com um tom receptivo – fico feliz por estarem juntos.
Helena: uau... Que lindo – me olhou em seguida.
Alicia: gente vou indo. Qualquer coisa é só chamar! Boa noite aos dois.
Assim que respondemos boa noite em coro, ela saiu. Ficamos do mesmo jeito uns três minutos, até Helena se sentar na beira da cama e me encarar séria. Suspirou e tirou as sandálias, jogando-as pesadamente no chão. Tirei o sapato também e o casaco. Um clima diferente estava entre nós, como se fossemos um casal antigo.
Helena: eu fico no chão e você na cama – disse ao ficar de pé e tirar meu outro casaco de seu corpo, evidenciando seu vestido branco, molhado e transparente. Não se importou muito, pois estava usando roupa de baixo – dirigiu até aqui e deve estar mais cansado do que eu. Amanha trocamos.
kaio: nada disso! Não posso deixar uma mulher dormir no chão enquanto durmo na cama... – comecei a desabotoar minha camisa aos poucos, focado nos botões ao passo em que conversávamos – isso não.
Helena: deixa de ser machista... Comigo isso não impressiona – mexeu no cabelo e quando tirei minha camisa caminhou até a mala. Abaixou-se e começou a pegar algo em sua bagagem.
Kaio: não estou sendo machista, apenas me preocupo contigo – fui sincero – não quero que durma no chão.
Helena: então o que sugere? – ficou de pé parada a minha frente com uma troca de roupa em mãos e uma toalha.
Kaio: dorme na cama comigo – respondi sutilmente, olhando-a da forma mais sincera que consegui. A chuva ainda estava forte, seu rosto iluminado me dava à sensação mais desesperadora do mundo... Estar no quarto com alguém que quero e não poder fazer nada por respeito. Ela não pensou muito antes de responder.
Helena: ok.
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Atualizado até capítulo 53
Comments
mendy martins
🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
2024-07-10
1
Cida Rafaella
tá na cara mel e filha dele
2023-12-21
1
Andreia Queiroz
eu acho que a mel e filha dele
2023-10-30
3