capítulo 13 lux

Helena: você acha bonito uma mulher usando vestido?

kaio: acho... Claro que acho! – continuei empilhando os modelos enquanto minha chefe escolhia as cores que deveriam preencher os espaços deixados em branco por Sebastian e Pierre.

Helena: hum... Também acho super bonito homem de terno – estava escrevendo quanto conversávamos, sentados lado a lado, nossas pernas se tocando embaixo da mesa.

kaio: sei como é exigente – sorri de canto e Helena me deu uma cutucada com o cotovelo rindo – o que foi? Vai me dizer que para te levar para jantar um cara não precisa estar vestindo Armani? - largou a caneta e me encarou séria.

Helena: não gosto de jantar – respondeu metida, me fazendo rir mais ainda de sua postura – e outra... Sei lá, o que interessa é o conteúdo, o que ele representa para mim... Se for um cara bacana, que me agrade, pode ir até de short se quiser!

kaio: de short? – parei com meu serviço meio surpreso – duvido!

Helena: ah... Por quê? Pra sair com você precisa usar vestido, ouro e Chanel? – esticou a mão para pegar o copo de cappuccino do outro lado da mesa. Ajudei-a, colocando o copo mais perto de seu alcance.

kaio: claro que não! Roupa é tão... Dispensável – Helena me chutou de novo embaixo da mesa e começamos a rir.

Helena: vou fingir que não disse isso no ambiente profissional, senhor souza! – repreendeu ainda rindo e desenhado no modelo de Sebastian.

kaio: desculpe patroa, mas foi à senhorita quem puxou esse papo comigo. Peço perdão se feriu sua moral... – continuei preenchendo os espaços com as cores que Helena pediu.

Helena: oh, por Deus! É um direito seu sair com mulheres nuas – deu de ombros ironicamente, sem olhar para mim, focada no desenho – por isso que não sairei com o senhor; roupas são indispensáveis de onde venho.

kaio: saio com a senhorita usando até roupa de palhaça... Isso é claro, se por ventura, resolvesse sair comigo qualquer dia desses... – fiquei pensando se deveria me arrepender por ter dito isso. Não era certo, muito menos depois da conversa que tivemos na noite anterior.

Helena: flertando no ambiente de trabalho? – largou a caneta de novo e me olhou pasma – oh! Ai já é imperdoável!

kaio: imperdoável e a senhorita dizer flertando! Quem usa essa palavra? – nós rimos novamente – diz logo que quer sair comigo e acabe com essas violações de conduta por minha parte, por favor. Não posso me controlar.

Helena: aceito se me levar para tomar champanhe na beira da praia... – se inclinou em minha direção com o copo de cappuccino em mãos – e depois tirarmos a roupa.

kaio: o que? – levei um susto ao ouvir a ultima parte. Ela, que tomava o liquido do copo com canudinho, quase cuspiu em meu rosto querendo rir de minha expressão.

Helena: É brincadeira! – revelou tocando a ponta do meu nariz com o indicador, algo que considerei muito intimo. Bom, em partes aquela conversa constrangedora em meu apartamento rendeu bons frutos. Sabíamos o que sentíamos um pelo outro; não era um segredo agora.

kaio: oh! Droga... – abaixei o rosto fingindo desapontamento e depois a olhei novamente – mas tudo bem; podemos tomar champanhe na beira da praia. Eu te levo num lugar lindo e agente se diverte.

Helena: ok – assentiu – mas ninguém pode saber, é claro!

kaio: claro... – sorri de canto.

[...]

O almoço estava diferente hoje. Todos falando entre si sobre a viajem para a casa de campo dos pais de Alicia, empolgados com a possibilidade de passar um final de semana longe das maluquices da lux.

Pierre: ai gente! Estou namorando e vou levar o meu macho... – anunciou sentado ao lado de Alicia e rindo.

Rosa: vai ser uma coisa familiar Pierre. Olha lá o que vai fazer!

Pierre: ai calma... Eu e o Jean Pablo somos discretos – mordeu um pedaço de alface crocante e todo mundo riu. Alicia, que estava sentada do meu lado um tanto afastada, me mandou uma mensagem no celular e achei estranho.

Cuidado! Rachel vai te atacar depois do almoço! Top secret!

Abaixei o celular e olhei para Alicia. Notei neste momento que estavam afastados de nós, deixando curiosamente Rachel e eu frente a frente.

Rachel: já vai subir? – perguntou quando ameacei me levantar.

kaio: já – sorri timidamente e dei de ombros – a senhorita parker está a minha espera...

Bruno: isso kaio, volta pra Rainha porque sem sua presença ela não vive...

Rosa: pois é, desde que chegou às coisas estão melhores por aqui.

kaio: melhores? – fiquei de pé confuso, analisando aonde essa conversa iria chegar.

Pierre: claro que melhores – piscou – minha Rainha tem um motivo bem maravilhoso para sorrir. Por isso não pega mais tanto no nosso pé.

Alicia: está preocupada demais em te impressionar... – cantarolou.

kaio: pois é né... Meu charme! – mordi a língua tentando fazer uma careta sexy e riram de mim – brincadeira! Estou subindo. Até mais tarde galera... – eles me disseram tchau juntos e logo percebi que Rachel estava me seguindo.

Rachel: kaio... – coloquei a bandeja no lugar certo e me virei para ela tentando dar uma de perdido, de quem não estava entendendo nada. Depois de também empilhar sua bandeja, Rachel parou a minha frente – podemos conversar em um lugar mais reservado?

kaio: ah Rachel, que pena... Tenho mesmo que voltar para minha chefe – me interrompeu de forma bruscas, se jogando na minha frente e agarrando meus braços.

Rachel: por favor, kaio. É um assunto que quero tratar contigo há muito tempo... – começou a me puxar pela mão até a saída dois do restaurante e acabamos no corredor vazio que me levaria direto a sala da chefe.

kaio: ok pode falar... – seria até bom esclarecer de uma vez a história; dizer com todas as letras que não estou e a fim de iniciar nada com ela, mesmo que casual.

Rachel: essas coisas não se dizem com palavras, mas sim com gestos – cinco segundos depois estava praticamente me jogando na parede e engolindo minha boca com a sua. Fiquei estático, surpreso com sua atitude e confuso! Deveria eu afastá-la? Tentei virá-la de todos os jeitos, tirá-la de cima de mim, mas foi em vão. Deixei seguir até que pudesse dizer alguma coisa.

Helena POV

As coisas entre kaio e eu estavam passando um pouquinho dos limites aceitáveis dentro da Empresa, quer dizer... Praticamente marcamos um encontro enquanto escolhíamos o modelo final da coleção; certo. Não estava fazendo mal também, pelo contrário! Fazia tudo ser mais fácil, mais aceitável... Mesmo que não me levasse a sério, deixar rolar poderia ser até interessante. É um bom garoto, trabalhador, tem um bom apartamento e isso é sinal de que tem responsabilidade. Mel o adora e eu... Bom, estou doidinha pra sair com ele e está totalmente ciente desde fato.

Pode ser que Pierre tenha razão e meu coração necessite de um afago, de um amor; kaio com certeza merece uma chance!

Não sei por que tive a brilhante ideia de ir ao restaurante hoje. Era lá que ele sempre estava com o pessoal e não havia lugar melhor para conversar e deixar claro atodas que quisessem algo com ele que eu também estava na jogada. Sim, estava disposta a isso por ele, porque estou apaixonada. A evidenciar o nosso possível relacionamento apenas por sentir um ciúme ridículo daquelas menininhas pendurados ao redor dele. Comecei a caminhar em direção ao refeitório pelo caminho mais rápido, o do corredor vazio... Porém parei no meio do caminho com o que vi.

Rachel e kaio. Ela pendurada no pescoço dele. O beijando.

[...]

O que pensar quando isso acontece?

Era a pergunta que me fiz quando entrei de volta para a sala. Parecia que fogo sairia dos meus olhos, fumaça de minha boca e sangue do meu nariz! Estava revoltada, nervosa, até tremendo! Peguei um bloquinho e comecei a rabiscar algo sem noção, com a cabeça apoiada na mão esquerda. Homens não prestam! Homens não valem nada!Sussurrei em mente.

Porque resolvi ser tão estupida e ir contra meu maior principio, o de evitar homens e o relacionamento mentiroso que nos oferecem? Porque fui acredita em kaio, nos sentimentos que insinuou ter por mim, se na primeira oportunidade iria vê-lo se agarrando com a garota mais piranha da Empresa? Porque fui tola! Voltei a ouvir o coração e ignorar a razão, sendo que a única coisa que existia sólida entre nós estava quebrada... A confiança que tive nos sentimentos dele.

A porta se abriu. kaio entrou e se aproximou de minha mesa. Não o olhei nos olhos, apenas fiquei do mesmo jeito.

kaio: o que foi? – perguntou logo que pousou os olhos sobre mim. Reuni coragem e ergui o rosto com a máscara de durona e o encarei de forma superior.

Helena: nada e você? – dei de ombros – porque está parado se tem tanto trabalho aqui encima? – peguei uma paste e lhe entreguei – ligue para todos os 400 números dentro dessa pasta e convide seus respectivos donos para a recepção da Empresa na próxima sexta. Diga que é sobre a divulgação da nova linha lux primavera-verão.

kaio: claro... Em um minuto – percebi que estava estranhando meu comportamento. Encarou-me com a questão anterior ainda em pauta, confuso demais para voltar a perguntar. Foi para sua mesa, pegou o telefone e começou as ligações. Fingi estar alheia a sua presença novamente.

Helena: Alicia? – apertei o botão que ligava a mesa dela lá fora.

Alicia: sim senhorita Parker... – respondeu com a voz submissa de sempre. Rodei os olhos.

Helena: sorvete de chocolate e cookies. Um, dois, três.

Alicia: sim senhorita, um minuto!

Desliguei murmurando coisas feias e kaio me olhou enquanto aguardava atenderem sua ligação. Estava totalmente confuso com minha atitude de isso era obvio! Segui quieta por todos os minutos seguintes, até Alicia entrar desajeitada com oque pedi.

Alicia: aqui estão senhorita, os cookies, seu sorvete e... – kaio levantou e pegou as coisas da mão dela.

kaio: tudo bem, deixa comigo – Alicia assentiu.

Alicia: com licença.

Assim que ficamos a sós, se aproximou e colocou as coisas em minha mesa delicadamente. Ficou parado ali com as mãos no bolso quando me estiquei para pegar o sorvete e o saquinho de cookies. Abri o pote de sorvete e o saquinho com os dentes. Quebrei os biscoitos em pedacinhos em enfiei no sorvete.

Helena: perdeu alguma coisa em minha mesa, senhor Souza? – dei uma longa colherada no sorvete olhando-o com expressão despreocupada.

kaio: o que aconteceu? – murmurou controlado – porque quando sai para o almoço você não estava assim Helena.

Helena: ops! Helena? Para você, senhorita parker ou chefe – relembrei-o de nossos lugares na Empresa sutilmente, afastando a cadeira da mesa e cruzando as pernas para que visse – a intimidade que achou que tinha comigo acabou, senhor souza.

kaio: nunca pensei, eu tinha intimidade com a senhorita, lembra? – apoiou os braços em minha mesa se inclinando para mim – só me diz o que houve, porque acho que desse jeito... – gesticulou entre nós – não funcionamos bem.

Helena: não tenho que te dizer absolutamente nada! – dei uma colherada no sorvete – é bem grandinho para saber o que faz, e quer saber? Fui uma idiota por ter confiado em você dois segundos...

kaio: por quê? O que fiz para ferir sua confiança? Nada! Faço tudo por você... Para que me aceite! – estava aflito.

Helena: volte para o trabalho... – comecei a escavar o sorvete em busca da calda de chocolate, evitando aquele papo. Olhava apenas para o potinho, ignorando-o.

kaio: Helena, por favor... – sussurrou de um jeito meigo – por favor, me diz! Não quero te perder assim...

Helena: me perder? – fiquei de pé na hora, largando o sorvete na mesa – como me perder se nunca me teve?

kaio: Helena...

Helena: era só o que me faltava! Seu... – comecei a pegar minha bolsa, pendurada ao lado de minha mesa – seu grande idiota! Onde estava minha razão quando cogitei ter algo com... Ah! – peguei o sorvete e sai da sala deixando-o por lá.

[...]

Mel: oh, ou! O que foi?

Joguei a bolsa no sofá, o casaco na mesinha e me sentei no sofá sem ver mais nada! Comecei a chorar como uma louca, sentindo todo meu peito se contraindo com a dor que pairava lá no fundo. Escondi o rosto com as mãos, pois estava ciente da presença de Mel ali na sala.

Mel: mamãe? – sua mãozinha estava em meu ombro, à voz baixinha e preocupada – o que foi? Porque você está chorando?

Reuni forças para se controlar e olhar para ela. Meus olhos ardiam e com certeza deveriam estar super vermelhos; o cabelo estava catastrófico de tanto enfiar as unhas nela e gritar por dentro... Mas ver Mel pareceu iluminar tudo um pouco, acalentar a raiva que crescia dentro de meu coração partido. Não sei se pelos olhinhos verdes como os dele, ou pela expressão preocupada como a dele... Mas me acalmou. Estava toda pequenininha a minha frente usando seu uniforme da escola e de muletas.

Helena: estou chorando porque estou com raiva, filha! Por isso... – sequei algumas lágrimas, irritada – a lux faz isso com a mamãe.

Mel: irritada com quem? – confusa, colocou a mão no meu rosto delicadamente – você sempre diz que são eles quem choram por sua causa!

Helena: a culpa é de um em especial – abaixei o olhar quando falei – seu querido e amado kaio – citei o nome dele com desprezo.

Mel: mas... O que foi que ele fez para chorar desse jeito? Duvido que tenha te feito mal, mamãe, ele não é assim! – nos olhamos e o rostinho lindo dela parecia pegar fogo de tão vermelho.

Helena: sabe o que me deixou assim? Ele estava beijando outra mulher. Entende isso filha?

Mel: beijando? – abriu muito os olhos e colocou a mão livre na boca – beijando na boca dela?

Helena: sim! Na boca dela! – suspirei – acredita nisso, Mel? Eu vi os dois se comendo no corredor... – voltei a chorar de repente – aquele idiota...

Mel: mamãe olha pra mim – olhei por trás das lágrimas – o kaio gosta de você como namorada – tocou meu ombro novamente – isso foi engano!

Helena: gosta nada, Mel! Para de dizer mentiras para mim...

Mel: gosta! Sei disso, tá bom? – fiquei de pé no minuto seguinte.

Helena: vou tomar banho... – anunciei suspirando e limpando o rosto – vai tirar o uniforme, ok? Já faz tempo que chegou do colégio para estar com ele. Cadê a Amber?

Mel: no quarto... – suspirou desanimada.

kaio POV

Ethan: nossa tio! Sua cara está péssima... – sentou-se em meu colo no minuto seguinte. Seus olhos verdes estavam em mim curiosos, tentando entender o motivo de tanto sofrimento em meu semblante.

kaio: por causa da Helena, Ethan – revelei sorrindo sem humor.

Ethan: o que ela fez pra te deixar triste? – se virou mais em minha direção, interessado no assunto.

kaio: estávamos de bem... Pensei até que pudéssemos ser namorados, talvez – dei de ombros quando o vi sorrindo – mas de repente tudo desabou! Não sei o que aconteceu para ela ficar daquele jeito. Parecia com muita raiva de mim. Não me disse o porquê.

Ethan: mamãe é assim também. Às vezes me odeia, às vezes me ama... Talvez as meninas sejam assim. Todas elas! – assenti também, esfregando seu cabelo loiro.

kaio: acho que tem razão...

Ethan: tio, e a Mel? Quando vai trazê-la aqui para brincar comigo? – empolgado, bateu palminhas chacoalhando as perninhas no ar.

kaio: do jeito que vão as coisas com a mãe dela rapaz, vai ser bem difícil! – nisso, meu celular tocou e vibrou no bolso. Tirei Ethan de meu colo e olhei o visor antes de atender e me surpreendi.

Mel

kaio: Mel?

Mel: oi! – praticamente gritou do outro lado – tudo bem kaio?

kaio: tudo princesa, e você? Aconteceu alguma coisa para estar me ligando? Precisa de ajuda? – preocupado, encarei os olhinhos curiosos de Ethan a minha frente, prestando atenção aos detalhes de minha conversa.

Mel: aconteceu sim! – sua voz soou implicante – quero saber que história é esse do senhorito ficar beijando a... Rachel eu acho... No corredor? Hã? Que coisinha mais feia! Pensei que gostasse da mamãe...

kaio: O QUE? – fiquei de pé no momento seguinte pelo choque que tomei – como sabe disso, pequena?

Mel: ué, mamãe contou quando perguntei por que ela chegou em casa chorando! Disse que viu você beijando a boca desse tal de Rachel! Isso é mesmo verdade?

kaio: sua mãe me viu beijando a Rachel? – levei à mão livre a cabeça abrindo muito os olhos. De repente, tudo fez sentido! Claro! Helena estava bem; me viu beijando Rachel e ficou decepcionada comigo... Fazia todo o sentido! Porque não pensei nisso antes?

Mel: viu... – repetiu exausta – olha kaio, acho que a mamãe ama você como as princesas amam os príncipes, sabia? Ela estava chorando, e só choramos por alguém que amamos! Não é?

kaio: ah Mel, não sei, mas agora faz sentido porque ficou brava! Juro que amanhã vou falar com sua mãe e acertar tudo, ok?

Mel: porque não vem aqui hoje?

kaio: é capaz de ela jogar a mobília da sua casa toda encima de mim! – Mel riu alto.

Mel: verdade! Mas sabe de uma coisa? Isso é tudo porque ela te ama... Tenho certeza!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***