Capítulo 18 flame

Say my name sun shines through the rain

a whole life so lonely

and then you come and ease the pain

I don’t wanna lose this feeling

Diga meu nome, o sol brilha através da chuva...

Uma vida toda tão sozinha,

E então você chega e alivia a dor.

Eu não quero perder este sentimento

Brigamos pelo chuveiro uns dez minutos, até eu o deixar tomar banho primeiro porque estava mais molhado do que eu. Fiquei sentada na cama irritada, vendo a forma certinha como organizou a roupa para por após sair do banheiro. Havia apenas uma bermuda e uma camisa branca de mangas, cheirava muito bem. Tive de me abaixar para sentir aquele perfume másculo invadindo meu olfato, até ouvir a posta sendo destrancada.

kaio: Helena? – fingir por dois segundos que estava deitada e me levantei. Com certeza ele pode ver toda minha calcinha nesse ato – terminei.

Helena: até que enfim! – pulei da cama e caminhei até o banheiro, mas me travei quando percebi que estava meio molhado e com uma toalha enrolada na cintura – sabia que tem mulher no quarto? Ficar seminu na minha frente é totalmente desnecessário...

kaio: desculpa... Não precisa olhar também né – suspirei e passei por ele entrando no banheiro. Percebi que a porta não tinha tranca, mas sabia que kaio não seria idiota de entrar lá.

Tomei meu banho rapidamente, colocando em seguida meu pijama, o único que tinha na mala. Ao me observar com aquele short minúsculo e aquela blusinha apertadinha corei apenas de imaginar-me assim na mesma cama de kaio. O que ele iria pensar? Em minha mala só havia jeans, shorts tão curtos quanto esse, porém mais decentes por serem jeans e biquíni. Nada que pudesse me ajudar nesse momento. Abri uma frestinha da porta e coloquei apenas a cabeça para fora dela, vendo-o sentado na cama lendo um livro. Estava lindo demais.

Helena: psiu? – chamei sua atenção e no mesmo momento me olhou – será que pode me fazer um favor?

Kaio: até dois – deu de ombros e saiu da cama. Começou a vir em minha direção – tem algum problema ai? Quer ajuda? – estava sério.

Helena: é o seguinte... – comecei a corar desde já – o meu pijama é curto eindecente. Com isso, temos duas saídas – o vi erguer a sobrancelha – ou me empresta uma camisa sua ou... Fecha os olhos e tenta ignorar esse fato.

Kaio: Helena, apesar de ser ridiculamente submisso a suas vontades, ainda sou um homem e te acho atraente – estava sendo sincero – não vou falar que não irei olhar... Porque vou. Mas posso te garantir que nunca vou te fazer nada sem sua vontade, então... Fica tranquila.

Helena: mas é muito curto! – sussurrei brava – poxa, o que custa me dar uma blusa?

Kaio: nada. Se for isso o que quer, vou pegar – piscou assim que falou e saiu em busca da blusa. Em um segundo tirou uma camisa branca da cama e me passou – vai ficar grande...

Helena: essa é a intenção – fechei a porta e nesse momento, quando fiquei a sós com a blusa, percebi que não ia rolar mesmo. A peça de roupa estava impregnada de kaio, do cheiro dele... E iria ficar tão curta quanto o pijama. Apertei os olhos e falei palavrão. Sai na porta do banheiro de novo, ele estava exatamente onde o deixei, paradinho na porta – não vai funcionar!

kaio: por quê? – sorriu.

Helena : porque não... – suspirei – o jeito é você aceitar o meu pijama. Só não ri! – apontei o dedo na cara dele depois de lhe passar a blusa.

kAIO: não vou rir. Anda, deixa eu ver! – suspirei e sai do banheiro com o pijama curto. KAIO varreu meu corpo em um segundo com os olhos. Não fiquei tão sem jeito, apesar de estar totalmente exposta, mas dei de ombros. Éramos adultos e queríamos a mesma coisa... Apenas estávamos aguardando a hora certa – uau... Quero dizer – coçou o queixo – que pijama... Legal.

Helena: tá pode parar... – comecei a rir também e fui em direção à cama depois que ele foi guardar a camisa na mala. Sentei-me sobre ela e peguei o livro que lia – lendo romance? Oh! Que coisa mais lindinha...

kaio: é idiota que se fica quando se está apaixonado – voltou-se para a cama e se sentou ao meu lado. Aquilo foi estranho. Muito estranho!

Helena : idiota. Essa é a palavra! – concordei – somos idiotas. Ficamos brigando por bobagem.

kaio: somos teimosos – deu de ombros – e não brigamos, apenas discutimos e isso apimenta a relação...

Helena: apimenta, não é? – larguei o livro e dei um soquinho em seu braço – quando vai me levar pra tomar champanhe na beira do mar? Mel disse que você faz tudo o que promete! – me levantei e fui em direção à mala, tirando de lá o creme que sempre passava no rosto antes de dormir.

kaio: no dia que quiser... Quando me der uma chance, quem sabe – passei o creme rapidinho e me voltei para a cama.

Helena: sai daí que quero o lado esquerdo da cama! – bati na perna dele – anda...

kaio: não! Peguei primeiro – teimou de modo engraçado, fazendo carinha de vencedor, deitando com os braços atrás da cabeça em postura de poderoso.

Helena: vai malvado! – insisti – promete as coisas e não cumpre, fica ai me iludindo dizendo que me quer, que vai me levar na praia pra encher a cara... E nada! Nem me deixa dormir do lado esquerdo da cama, Deus... – ele foi para o lado no mesmo momento, me deixando o lado que queria.

kaio: eu deixo sim manhosa, anda logo e deita ai... Com esse... Pijama ARG! – virou o rosto na outra direção quando me enfiei embaixo das cobertas com ele. O calor dele estava impregnado sob o edredom branco, me aquecendo na hora. Suspirei com a sensação de alivio, nossos tornozelos de roçando – boa noite Helena.

Helena: kaio? – falei em seguida, olhando na direção dele, que estava de olhos fechados de barriga para cima.

kaio: sim?

Helena: você não vai mesmo... Ah, deixa... – suspirei – boa noite kaio.

kaio: boa noite querida.

[...]

I believe it's meant to be, darling

I watch you when you are sleeping

you belong with me

Do you feel the same

Am I only dreaming

or is this burning an eternal flame

Eu acredito que está destinado a acontecer, querido.

Eu te observo quando você está dormindo,

Você pertence a mim.

Você sente o mesmo?

Estou apenas sonhando?

Ou isto que está queimando é uma chama eterna?

Por mais que fosse insano de entender, kaio não encostou a mão em mim à noite toda. Ficou sem seu ladinho da cama quieto, quase como se estivesse morto. Nem se movia, muito menos roncava, algo que me deixou sem armas para zoar com ele pela manhã. Demorei um tempo para dormir e fiquei olhando o rosto dele, estudando suas expressões. Seria muito fácil acordar ao lado dele todas as manhãs, dormir com ele todas as noites, aceita-lo em minha vida. Foi ai que percebi que nunca tinha dormido assim com ninguém... Tão perto, numa cama de casal. Era uma experiência estranha, nova.

Sempre tive para mim que nosso lance era algo espiritual, sei lá, planejado pelo destino. Porque já se passaram tantos homens bonitos e talentosos pela lux, mas nenhum me interessou tanto quanto ele. Claro, nenhum foi meu secretário, nenhum se meteu na minha vida como ele faz... Mas mesmo assim, não era apenas um romance. Era o romance. Será que kaio gostava de mim com a mesma intensidade? Ou era apenas uma atração? O que nos une? Porque temos que ser tão um do outro? Porque, de alguma forma, tudo nos atraí? Tantas perguntas... E a resposta, algo me diz, está bem na minha cara... Algo tão obvio de se ver, mas tão dificil de ser interpretado.

Sai da cama e me troquei. Coloquei um biquini por baixo do short e da blusa, penteei o cabelo, mexi no celular e vi que era absolutamente tarde! Meio-dia... Quando sai do banheiro, kaio estava sem camisa vasculhando a mala. Assim que me viu, se virou e piscou coçando a cabeça, bocejando. Tão agradável era sua aparencia de manhã... Cansada, mas renovada. O cabelo todo revirado, os olhos pequenos e a forma como espriguiçava... Tentei nem olhar.

Helena: boa tarde né – me encostei na porta do banheiro – já são meio dia, caramba... A Mel deve estar precisando de mim.

kaio: relaxa, ela está com a minha mãe – deu de ombros – ela cuida do Ethan desde que ele nasceu e... – me observou melhor – você tá bonita.

Helena: ah, obrigado – respondi indiferente – acho que já vou sair. Antes de você.

kaio: ta, melhor assim. Ninguém vai suspeitar que dormimos juntos – usou tom de suspense ao parar do meu lado com a roupa que iria vestir nas mãos – não foi tão ruim, foi? Eu ronco?

Helena: não! – revirei os olhos – você não ronca... – pisquei - vai se trocar, anda...

kaio passou por mim em seguida com um sorrisinho presunçoso. Entrou no banheiro e fechou a porta, pude ouvir o barulho da pia e da escova de dente. Arrastei-me até a jenal, afastando um milimetro a cortina. Mordi os lábios quando vi todo o pessoal reunido em volta da area da piscina, que era à vista de nossa janela. Alicia, Lucas, Bruno, Rosa, Rachel, algumas crianças que nunca vi na vida e algumas pessoas estranhas também, outros funcionários da Empresa, Pierre e Jean Pablo. Não estava tão cheio. Mel estava lá com Joana e Ethan. Parecia familiarizados com todos, os dois pequenos brincavam no chão com duas crianças estranhas, Joana conversava com Rosa e Bruno. Apenas pensei em como Mel era abusada e em como eu não queria sair dali sozinha, sem kaio do meu lado pra todos olharem pra ele, não só pra mim.

kaio: que foi? – perguntou quando bati na porta do banheiro – estou nu – anunciou de forma engraçada. Apoiei-me na porta.

Helena: não quero ir lá sozinha – falei um tanto envergonhada – posso te esperar.

kaio: claro que pode... Dois minutos e já vamos.

Helena: ta noivinha – ironizei ouvindo a risada dele dentro do banheiro e voltei para a cama. Comecei a arrumá-la, esticando os lençois e os travesseiros. Kaio saiu do banheiro todo gato, usando uma camisa branca e uma bermuda preta, chinelos e estava muito cheiroso. Colocou um óculos e se virou pra mim perguntando se estava bonito – apresentável – cruzeis os braços.

kaio: acho que isso basta – deu de ombros - tá pronta?

Helena: estou, vamos logo vai – abriu a porta do quarto pra mim e passei a sua frente. Estava tudo vazio lá dentro, apenas podiamos ouvir o barulho das pessoas na piscina. Assim que nos viram, Mel e Ethan correram em nossa direção. Mel me abraçou pelas pernas e Ethan fez o mesmo com kaio.

Mel: vocês demoraram heim? – comentou me olhando com a cabeça tombada para trás – nós queremos ir na piscina! A vovó disse que só poderiamos ir se você me deixasse nadar.

Helena: eu deixo só se você for com alguém grande, tipo seu amiguinho aqui – apontei para kaio – porque nós duas sabemos que a senhorita não sabe nadar!

Ethan: ah, mas o tio kaio vai com agente, não vai? – Ethan falava em tom de persuasão.

kaio: claro que vou – afirmou – só precisam colocar a roupa pra nadar e... – o interromperam.

Pierre: minha rainha! – olhei para frente e lá estava Pierre, usando uma sunga de corações vermelhos e óculos escuros. Nunca percebi, mas ele era bem fortão – querida, que bom te ver... Oh! kaio – olhou-o de cima a baixo – como vão?

Helena: oi Pierre – respondi sorrindo – tudo bem e por ai? Aproveitando?

Pierre: ah, mas é claro... Olha, deixa eu te apresentar... – se virou em direção a piscina e chamou com a mão um cara morenão, sarado e com pinta de galã; estava com uma sunga colorida, um óculos de coração... Tinha uma tatuagem escrita Pierre Amor Eterno no peito – esse é o Jean Pablo, meu namorado.

Helena: oh, muito prazer e...

Pierre: querido, essa é a Helena, minha patroa vulgo minha rainha – sorriu para mim – e esse é o bofe dela. Lindo e maravilhoso, Kaio – apontou kaio, e o cara até abaixou os olhos para olhar para ele.

Jean Pablo: oh, muito prazer... – olhei para o casal a minha frente um tanto enciumada. Porque estavam secando kaio? Já não bastava todas as garotas, agora eles também? Céus!

kaio: opa, prazer – se virou para mim – vou levar as crianças para trocarem de roupa. Vamos comigo?

Helena: claro, vamos – percebi sua vergonha e falta de tato para com a situação – Pierre, querido, agente ja volta ok meninos?

Pierre: claro minha rainha, estaremos aqui!

[...]

As coisas não estavam sendo tão difíceis. kaio estava na piscina com Mel e Ethan, Joana me fazia companhia, porém, Alicia me incluia em todos os papos que saiam na rodinha de garotas. Parecia que nunca havia acontecido nenhuma briga na lux, todos estavam se comportando comigo como de fossemos estranhos que se conheciam agora. Não preciso comentar que quando kaio tirou a camisa pra nadar as meninas ficaram cochichando e Pierre... Não se conteve. Ficou comentando abertamente sobre os atributos fisicos dele e não gostei nada dessa situação. Estavam meio receosos em fazer certas brincadeiras na minha frente, mas a primeira que saiu levei numa boa. Não era novidade pra mim que os amigos de kaio estavam zoando com ele por ter vindo comigo... Estava meio obvio.

Um tempo se passou, Joana entrou com as crianças e ficaram vendo tv na sala com as outras mães do pessoal. Lá dentro o clima estava melhor, mais tranquilo. Fiquei sentada sozinha ali por dois minutos, até kaio sair da agua e sentar do meu lado todo molhado.

Bruno: vamos fazer o concurso de garoto da piscina – também estava molhado, sentado perto da gente – quem será que ganha?

Jean Pablo: o kaio é claro – comentou o cara parado ao lado de Pierre. Todo mundo começou a zoar nesse momento, não pude conter as risadas depois de olhar para kaio e ver seu rosto suspreso e confuso.

Pierre: com certeza o kaio... Aquele gato.

Lucas: ai kaio, arrasando corações, quebrando casais – escondi o rosto nas mãos de tanto rir.

kaio: a senhorita está rindo de mim, senhorita parker? – perguntou vendo meu estado – não posso acreditar!

Helena: estou sim né... Olha o que seu corpinho sexy está fazendo com as pessoas – tentei parar de rir – aquele gato – repeti a frase de Pierre e kaio ficou de pé todo marrento.

kaio: você vai aprender a respeitar meu corpinho sexy – quando percebi sua intenção, tentei fugir, mas me agarrou antes que saisse da cadeira.

Helena: não faz isso... – foi o que consegui dizer antes dele me agarrar e pular na piscina.

Vi bolinhas de água por cinco segundos, até ressurgir e perceber que kaio havia me pego dentro da água pela cintura e me erguido alto dentro da piscina. Apenas respirei e olhei para ele, me erguendo e joguei água em sua cara.

kaio: e ai?

Helena: filho da... – comecei a jogar agua nele freneticamente, e do nada me soltou. Afundei, porque a piscina não me dava pé neste lado. Cinco segundos depois me pegou de novo pela cintura.

kaio: para de fazer assim, vai – piscou ainda me segurando – a água tá boa... – que todo mundo estava olhando pra gente não era novidade, mas aposto que viramos a atração principal quando comecei a chutá-lo e sai o perseguindo na piscina. Um jogando água no outro, ele mergulhando e mordendo minha perna, puxando minha blusa, me erguendo dentro da água... Mordi-o também, bem nas costas perto do pescoço. Saiu sangue e ficou machucado.

Helena: toma essa então... – sentei com apenas os pés dentro da piscina cansada, ele nadou até mim e se pendurou nas minhas pernas, ainda dentro da água.

kaio: sua malvada, ainda vou te deixar todinha marcada – estava rindo agarrando as minhas pernas.

Helena: é uma ameaça?

kaio: é um fato – deu de ombros – ah, esqueci de falar... Vamos sair hoje.

Helena: Aé? – me surpreendi – aonde vamos?

kaio: tem um lago aqui perto. Tenho que levar alguém pra jogar algumas pedrinhas.

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