Capítulo 06 - Entregando-se a riqueza

Depois de terminar o livro, eu não sabia como reagir, ou como iria levar aquilo. Esperarei um tempo até cobrar pessoalmente explicações do meu pai.

Meu corpo já estava um pouco cansado, eu apenas empurrei os livros para de baxio da cadeira novamente. No chão, eu estiquei meus braços e pernas antes de fechar os olhos. Fiquei murmurando vários pensamentos, até que caísse no sono.

Quando acordei, me vi dentro do berço. Olhei embaixo da cadeira, parece que eles ainda não encontraram os livros. Procurando um lugar melhor para escondê-los, misturei com todos os livros de desenhos que minha mãe me deu.

Eu desci lentamente as escadas para o andar de baixo.

— Hal, você acordou! — Com um sorriso no rosto, Eleanor veio em minha direção. — Saia de perto de mim! — Eu disse. Estava muito difícil aceitar toda essa situação. Eu ainda negava ouvir minha voz, ou aceitar que isso é de alguma forma real. Eu ainda não acredito, mas se está é a minha chance de aproveitar a vida, eu irei usá-la da melhor maneira.

— Hal? — Eleanor disse de forma assustada. — O que? — Eu perguntei ignorantemente. — Você? Você disse algo diferente. — Eleanor respondeu sorrindo. Entendi, por isso ela está tão surpresa. Eu não sei se ficar sem falar foi uma escolha muito infantil, mas estava confortável com o tempo que vivi assim.

Junto com Eleanor, que ainda parecia um pouco surpresa, voltei a descer as escadas.

— Mãe, O HAL ESTÁ FALANDO COMO ALGUÉM NORMAL! — Eleanor disse subindo o tom rapidamente.

"Como assim alguém normal?" Eu resmunguei mentalmente.

Minha mãe, na outra ponta da mesa, apenas ignorou. Eu ergui minha pequena mão, colocando meu dedo indicador em Eleanor. Então, murmurei: — Essa garota é idiota!

Meu pai e minha mãe me olharam de forma surpresa, mas não disseram uma palavra.

Me ajeitando confortavelmente na mesa, a mulher quem sempre cuidava de mim veio em minha direção. — Não, obrigado! — Nunca tinha dito algo pra ela antes, ele deve achar que sou um mimado que precisa de pessoas pra tudo.

Depois de comer, eu subi para o quarto. Eu estava ansioso para ler os dois outros livros, mas eram os últimos. Os guardas voltaram para sua posição, sabe-se lá quando eu poderia pegar outro novamente.

É como começar a comer um biscoito com seu irmão e esconder alguns, para depois que ele terminar, você dizer que ainda tem.

Mas, ainda existe os livros ilustrados que minha mãe me deu. Não que eu queira fazer isso, mas é isso ou ficar olhando o tempo passa pela janela.

Isso inclui que eu nem mesmo podia ver o cenário todo, a limitação do meu corpo ainda ser pequeno limita metade da paisagem fora daquela janela. Como se ela estivesse sendo cortada ao meio.

Sentando-me com um dos livros no chão, lamentei sobre minha atual situação. Eu sei, eu não vou encontrar nada tão incríve- Ooh, isso é lindo.

Na primera imagem, uma garota. Ela tinha longos cabelos prateados, alcançando a cintura. Seus olhos verdes bem claros. Ela estava em um longo vestido azul. A paisagem por trás dela parecia um longo corredor sem fim. 

Ser perceber, eu passei muito tempo vendo aquele livro de imagens.

*gawr*

O som da minha barriga ecoou por toda a sala. Eu estava com fome. Eu desci as escadas e pedi para uma das pessoas me fazer um lanche.

Eu subi as escadas e peguei outro livros de pinturas. Ele era intitulado de: "Eve". O livro era bem curto assim como o outro, mas a arte feita a mãos era detalhadamente incrível. Arte nunca foi algo que chamou muito a minha atenção, mas nunca vi outras como essas.

Sem ter o que fazer, eu já não queria mais ver pinturas. Mas, também não estava preparado para ler os últimos livros. Então, decidi conhecer o resto da casa.

Custaria muito tempo, levando em conta que é gigante e sou uma criança inexperiente. Não sei se "inexperiente" é o termo correto, mas acho que ele se encaixa.

Abrindo a porta, a minha frente estava a escada. Do lado esquerdo um corredor, e do lado direito outro corredor. Eu certamente escolhi o caminho direito. Já havia descido as escadas antes, não sei se tem muita coisa nova lá em baixo.

Passei pelos dois guardas guardando a porta da biblioteca. A segunda porta em cor azul, as maçanetas dela eram muito altas para mim alcançar. Foi um tempo perdido, então decidi seguir em frente.

— Hal, ai está você! — A voz de Alice soou friamente no corredor. Sua aura avassaladora lembrava um tigre, ela vinha lentamente em minha direção. O suor frio escorreu, eu nunca havia sentido algo assim antes. Cambaleando, eu tentei correr, mas foi em vão.

O leve toque no meu ombro foi o suficiente: — Não me mat- — As simples palavras não saíram, era como se eu estivesse lado a lado com uma besta assassina. Estava prestes a conhecer a morte novamente.

— Desculpe, Halzinho! A ima não tem tempo para brincar agora, mas a ima promete bincar depois! — A voz de Alice soou infantilizada. Como se estivesse tentando imitar um bebê. Para que nada parecesse estranho, eu completei:  — Você promete?

— Eu prometo! — Com a mão sobre um peito, imitando um soldado, ela disse.

Se passaram dois anos desde aquela cena. Eu não me lembro bem daquele dia, ou do que aconteceu. Eu realmente não me lembro de nada. Eu me olhei no espelho, eu estava crescendo com uma boa aparência, talvez até melhor que a antiga. Com certeza melhor que a antiga. Mas quando me dei conta, me deixei levar pela riqueza.

No meio do caminho, eu perdi meu foco do que queria. Aqui eu não preciso lutar, se preocupar, ou alguma coisa desse tipo. Eu posso apenas relaxar.

Até ganhei alguns quilinhos. Eu me deixei levar um pouco pela riqueza da minha família. Por um momento, até esqueci que os livros ainda estão ali. Eu sei, eu não quero seguir os passos de Eleanor.

Na minha vida passada, eu era um cara preocupado, as vezes até demais. Eu estava sempre ocupado com algo ou com alguém. 

O que devo seguir agora? Esta pergunta me atormentava um pouco. Se eu iria querer ter algo próprio, ou viver o resto da minha vida nas costas da realeza. Minha longa vida.

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