O closet

Na manhã seguinte ao casamento, se fosse em outra circunstância Aline estaria em lua de mel, mas como tinha acontecido tudo errado, estava sozinha no quarto ao lado do quarto do marido, mas o marido estava em um hotel.

Levantou-se, foi tomar banho de chuveiro, pois estava com medo da banheira. Depois que terminou sua higiene matinal, desceu para tomar café. A mesa da sala de jantar estava arrumada e Wagner estava sentado na cabeceira da mesa.

- Bom dia! Dormiu bem?

- Bom dia! Dormi como uma pedra. Nem me lembro de ter sonhado.

- Então vamos nos alimentar e depois vamos relaxar na área da piscina.

- Piscina?! Eu não tenho roupa para entrar.

- Depois você olha no closet. Deve ter alguma coisa que sirva.

- Hum? Closet? Tem um closet no meu quarto? Não vi.

- Rose vai ajudar você a guardar os seus pertences. Termine o seu café primeiro.

- Vou terminar.

Aline tomou um suco, comeu uma torrada com geleia de morango e comeu uma fatia de abacaxi. Pediu licença e correu para o quarto. Estava encantada com a ideia de ter não um simples guarda roupa, mas um closet para guardar produtos, roupas e acessórios.

Rose estava parada na porta, aguardando que ela subisse.

- Desculpa por deixar esperando por mim. O senhor Wagner não aceitou que eu saísse sem terminar o café.

- Ele tem muito carinho por você, mesmo antes de ser a nora dele.

- Sabe que ainda não caiu a ficha? Não estou acredito que estou casada com o filho do senhor Wagner.

- Por ser um casamento diferente, talvez demore um pouco mais para aceitar o fato.

No quarto, Rose abriu uma porta do outro lado do quarto.

- Uau! Que enorme! Quanta coisa linda!

- Essa semana o senhor Wagner mandou arrumar tudo para sua chegada. Comprou roupas, sapatos, bolsas, cosméticos e acessórios.

Cada parte do closet tinha um determinado tipo de produto. Aline abriu uma gaveta e encontrou calcinha e soutien. Em outra gaveta, camisola e pijama. Na terceira gaveta, meias finas.

Tinha uma penteadeira com um grande espelho e muita maquiagem.

- Nunca vou conseguir usar isso tudo! Caramba! Tem muita coisa aqui...

- Que bom que gostou! O patrão fez questão de deixar tudo pronto para usar.

- As minhas pobres roupinhas vão desaparecer no meio das outras.

Rose mostrou uma porta dentro do closet.

- Outra porta? Onde vai dar?

Rose abriu, mas não entrou. Era um quarto cheio de joias.

- Uau! Está parecendo que cai em uma joalheria... Quanta coisa!

- Eram as joias da falecida senhora Lisa.

- A esposa do senhor Wagner?!

- Isso mesmo.

- Eu não posso aceitar isso.

- Minha menina. Ele já deu para você. Você é nora dele, esposa do filho único que eles tiveram. A senhora Lisa gostou de você desde o primeiro instante. Então receba e agradeça.

- Eu não fiz nada para merecer isso.

- Você conseguiu conquistar os corações de cada membro da família. Se você visse o desespero do Patrick quando percebeu a monstruosidade que cometeu com você. Ele só pedia ao pai para ajudar a encontrar uma solução que mantivesse sua segurança e bem-estar, além do cuidado com um possível herdeiro.

- Eu não queria prestar queixa, foi o senhor Wagner quem forçou.

- Patrick nunca teve medo de ser preso. Ele só pensou na sua situação. Queria protegê-la até mesmo dele.

- Espero que o juiz seja condescendente com ele, ainda mais agora, que ele me assumiu em casamento.

- Você ainda está assimilando a ideia do casamento.

- Sim. Um casamento diferente, sem amor, sem parceiros, cada um num canto distante um do outro.

- E se vier um herdeiro, como será?

- Sei que existe essa possibilidade, mas ainda não estou preparada para isso.

- Mas se vier, vai continuar afastando o filho do pai?

- Não. Mesmo não querendo contato com o Patrick, não vou impedir que ele participe da vida do filho.

- Antes ou depois do nascimento?

- Desde o momento em que for comprovado que existe um herdeiro a caminho, ele será chamado para participar do processo. Não vou excluir o pai da vida do filho. Nunca faria isso.

- Sabe, você me lembra a senhora Lisa. Seu coração é igual ao dela.

- Vamos mudar de assunto, senão começo a chorar aqui.

Elas fecham a porta do quarto de joias. Novamente no closet, terminam de guardar as coisas da mala.

- Já procurou uma roupa de banho? Acho melhor procurar logo, antes que o senhor Wagner mande alguém aqui em cima.

- Já tinha até esquecido disso.

Aline achou a gaveta com biquínis. Pegou um conjunto e foi para o banheiro trocar de roupa. O conjunto tinha uma saia para acompanhar.

- Ficou bom, não acha?

- Ficou linda!

As duas desceram as escadas e Aline foi conduzida para os fundos da casa, onde ficava a lavanderia, a área gourmet e a piscina.

- Pensei que tivesse ido fabricar o biquíni.

- Desculpa, empolguei-me no closet. Obrigada por tudo!

- Tudo bem. Sabia pela sua reação no café que iria ficar admirando tudo.

- O senhor vai entrar na piscina?

- Vou pedir para o Bernardo me ajudar a entrar. Dentro da piscina, nem parece que minhas pernas não funcionam.

- Que interessante!

- Venha. A água deve estar morninha agora. No tempo frio, temos aquecimento na piscina.

- Então a piscina funciona o ano inteiro.

Bernardo chegou e ajudou o senhor Wagner a entrar na piscina. Ele começou a dar braçadas na piscina e logo as suas pernas estavam se movendo também.

- Uau! Que incrível!

- O fisioterapeuta que aconselhou a treinar na água.

- Que coisa boa! Eu não sei nadar, só aprendi a boiar com o meu pai.

- Seu pai faleceu tem muito tempo?

- Antes de terminar o ensino médio. Ele sofreu um infarto fulminante durante uma pescaria com amigos.

- Então ficaram só você e sua mãe?

- Sim. Enquanto estava no ensino médio, o salário da minha mãe e a pensão do meu pai eram suficientes para nós. Depois que entrei na faculdade, ficou pesado. Comecei a trabalhar fora para ajudar nas despesas, tivemos que mudar para um kitnet, até que consegui a vaga de temporária na empresa. Justamente quando minha mãe quebrou o pé no banheiro da empresa.

- Foi uma sorte você ter preenchido a vaga. Eu já estava sem saber como fazer sem uma secretária. A Mônica iria sair em licença maternidade e precisava passar o trabalho para alguém competente.

- E eu cai de paraquedas na empresa.

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