Horas antes do encontro na boate

Marina ficou mais te trinta minutos trancada no banheiro, juntou o restante de forças que sobrou para voltar ao trabalho. Saiu do banheiro, mas antes de voltar para a cozinha, foi até o espaço festa e escondida viu que Theo com um sorriso no rosto, feliz, conversando com os amigos e brindando.

_ Por isso não apresentou a sua família e aos seus amigos, devia ter desconfiado das suas desculpas esfarrapadas que usava todas as vezes que perguntava sobre ele. Marina cobriu o rosto e respirou fundo.

Voltou para a cozinha e trabalho em silêncio ate a hora que finalizaram o serviço. Estava esgotada física e mentalmente.

_ Quer conversar amiga? Perguntou Lana no vestiário enquanto trocava de roupa.

_ Não quero conversar agora, quero ir embora, cheguei a conclusão que detesto casamento. Marina não fez questão de trocar de roupa, estava indo para casa de  uniforme.

Quando estavam terminando de arrumar a van Van do buffet para irem embora Paloma chegou sorrindo no estacionamento

_ Adorei a festa pessoal, vocês estão de parabéns, e Marina, você se superou hoje, adorei. Provocou indo em direção ao seu carro. Lana teve que segurar Marina que pensou em bater em Paloma.

_ Calma, não deixe ela te tirar do sério.

_ Ela está se divertindo com a minha dor.

_ Ela não presta. Entra no carro, vou pedir para o motorista te deixar em casa primeiro. Lana confortou Marina até a hora que deixaram ela na rua de casa.

Ao entrar em casa encontrou com  mãe na sala fumando em plena madrugada, detestava cheiro de cigarro.

_ Nossa, que cara e essa? Perguntou a mãe ao vê-la com os olhos vermelhos e rosto inchado de tanto chorar. Soltando fumaça em direção a Marina

_ Não aconteceu nada, estou apenas cansada. Marina não pretendia contar para a mãe o que tinha descoberto sobre o namorado.

_ Humm, você esta toda suja, cheirando a gordura. Fala torcendo o nariz para a filha.

_ Melhor cheiro de gordura do que o cheiro do seu cigarro fedorento.

_ Poderia ser perfumada igual sua irmã, é bonita e poderia tirar proveito dessa beleza, mas prefere ficar esquentando a barriga no fogão, ao invés de arrumar um marido rico.

_ Não vou discutir com a senhora sobre esse assunto outra vez, a senhora sabe que eu não sou igual a minha irmã, a Ariana escolheu o caminho dela, e eu o meu, eu gosto do meu trabalho, vou ter todos bens materiais que quiser através dele.

_ Você é uma sonhadora igual seu pai, por isso ele infartou, um trouxa que se matava de trabalhar e nos deixou na miséria, maldita hora que me casei com ele... Marina deixou a mãe falando sozinha, não gostava quando a mãe começava a falar mal do pai,  pegou a toalha na área de serviço e foi para o banheiro, queria tomar um bom banho.

Entrou embaixo do chuveiro deixando a água cair sobre a cabeça, queria relaxar um pouco e esquecer tudo, mas parecia impossível, a imagem de Theo vestido de noivo, a noiva beijando ele e o sorriso de satisfação de Paloma quando ela descobriu a verdade. Tudo estava vivo na sua memória.

Depois de alguns minutos escutou a mãe bater na porta do banheiro.

_ A conta de luz está cara, já está na hora de sair desse banheiro. Gritou ela do lado de fora.

Esqueceu que sou eu que a conta de luz? Perguntou Marina chateada. E a conta de água também sou eu que pago, então deixe eu tomar meu banho em paz. Gritou enquanto sentia as lágrimas pesarem em seus olhos. Ficou mais um tempo sob a agua até que resolveu sair do banho. Enrolou a toalha no corpo pois não havia pegado roupa limpa antes de ir para o banheiro. Quando saiu do banheiro encontrou a irmã e um senhor bem vestido sentados na sala. O homem tinha idade para ser pai das duas e olhou Marina dos pés a cabeça com luxuria, e ela que ficou constrangida sob aquele olhar e por estar apenas de toalha, precisava para ir para o seu quarto que ficava do outro lado da sala e não sabia como passar por eles sem que ele continuasse a olha-la.

_ Ela vai com a gente? Perguntou o homem a Ariana,  que olhou com raiva para a irmã de quem sempre teve inveja por ser mais bonita.

_ Não amor, ela não vai com a gente.

_ Uma pena, seria divertido nós três juntos. Diz o homem acompanhando a passagem de Marina olhando de forma descarada para o seu corpo. Marina tentou ser o mais rápida possível, não gostava quando alguém a olhava daquela forma.

_ Tarado, só faltava essa agora. Diz entrando no quarto, trancou a porta por segurança. Vestiu um pijama e se jogou na cama com a intenção de dormir.

Marina rolou na cama de um lado para outro ate o dia clarear, não conseguiu dormir pensando na humilhação que havia passado.

Tentou dormir mesmo depois que o dia clareou mais foi impossível. Não sabia o que fazer para esquecer o que tinha acontecido, era sexta feira inicio do carnaval e Marina não tinha nada para fazer aquele dia. A faculdade estava em recesso e como tinha trabalhado na casamento, não trabalharia pelo buffet naquele dia.

Resolveu fazer uma limpeza no quarto, pegou um saco de lixo e colocou tudo que lembrava Theo, amarrou e colocou no cesto de lixo do lado de fora. Voltou para o quarto e foi vez de apagar as fotos, mensagens do celular. Marina bloqueou o número de Theo, de uma coisa ela tinha certeza, não queria vê-lo nem pintado de ouro.

A tarde, Marina foi para a cozinha preparar algo para comer quando deu de cara com o mesmo homem que estava com a irmã na madrugada. Ele estava apenas de short e olhou para Marina deslizando a mão pelo corpo tentando chamar a atenção

_ Na sua família só tem mulher bonita. Diz se aproximando de Marina que não gostou.

_ Senhor tem idade para ser meu pai, e eu não sou como a minha irmã.

_ Eu sei que você não é como a sua irmã, é eu não sou seu pai.

_ Só me faltava essa, o senhor me fez perder o apetite. Diz saindo da cozinha voltando para o quarto.

O que eu vou ficar nesse casa com esse homem aqui, acho eu sair, me distrair, curtir minha sexta feita de Carnaval, Theo não merece que eu fique triste por causa dele. Resolveu ligar para Lana e convidá-la para saírem a noite.

Oi Marina, como você está? Estava pensando se devia te ligar ou não, você está bem?

_ Vou ficar bem e não vou ficar curtindo dor de cotovelo por alguém que não merece, quero sair e me divertir.

_ Que bom é assim que se fala.

Então você me acompanha, podemos ir a um baile de carnaval que vai acontecer aqui perto de casa, ou ir a um bloco de rua no centro. Quero escutar musica alegre e beber até esquecer.

Oh amiga, eu ate que queria sair com você, mas eu e o Júlio já tínhamos combinado de passar a noite juntos namorando, sabe o quanto ele trabalha e eu trabalho e estudo, somente em dias como hoje conseguimos ficar juntos mais tempo.

Esqueci que você tem um namorado de verdade. Fala fazendo Lana rir.

Não tem outra pessoa que possa te acompanhar?

Ah eu queria a sua companhia, mas mesmo que você não possa ir, eu não vou desistir de sair, ainda mais que aqui em casa tem um homem nojento que toda vez que me olhar e como se fosse me comer com os olhos, fui a cozinha e percebi que ele estava tentando me cercar, perdi ate a fome.

E quem é esse homem?

Um caso da minha irmã, não quero ficar em casa com ele a solta.

Toma cuidado.

Eu vou me arrumar e vou sair daqui a pouco. Depois nos falamos, manda um abraço para o Júlio.

Pode deixar, e se divirta, se encontra um gostoso pelo caminho, dê pelo menos uns beijos na boca.

Não sei se quero beijar na boca hoje não.

Deixa de ser boba, você é muito careta.

Ai ai ai, não se preocupe Lana, eu vou curtir a minha de carnaval. Tchau. Se despediu da amiga. Só não sei para onde ir. Fala começando a se arrumar.

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