capítulo 17 a minha nova realidade

( Fernanda narrando)

Se arrependimento matasse talvez eu repensasse um pouco nas minhas palavras ditas durante o bate boca com meu pai..

Sabe, ele é um homem admirável...não somente por ser meu pai, mas pela educação que ele me deu desde pequena, pelos valores e princípios que me ensinou, porém tem.certos pontos nele que eu nunca consegui entender e que depois do que lhe aconteceu , ficaram mais evidentes e ainda piores..

Para a minha maior surpresa decepcionante ter visto meu pai ser tão cruel e preconceituoso ao falar das pessoas que vivem na favela me atingiu em cheio..

Preconceito já é uma palavra ruim por si só mas quando acoplada a outras palavras fica pior ainda.

Falar que eu não mereço viver em um lugar como aquele , até concordo que ele tenha razão mas não somente eu não mereço viver ali, mas como nenhuma pessoa merecia...mas que recursos essas pessoas tem ? O governo da as costas, os ricos, empresários os banem da face da terra, então por serem desfavorecidos e esquecidos pela sociedade, eles precisam sobreviver e assim nascem as comunidades..

Quando vi a simplicidade com a qual cabo guerra abriu a porta de seu humilde um cômodo só, ainda em blocos sem acabamento e entrou, eu quase que desisti de ser médica e sai correndo, só que não...esse era mais um desafio pelo qual precisava passar...

- seja bem vinda a minha casa Fernanda...pode entrar...

Dei meu primeiro passo em um caminho sem volta com a única certeza de que estaria entrando com ele , e com ele sairia quando chegasse a hora certa..

Olhando ao redor eu percebi um pequeno hack com. Uma tv plana., Um sofá envolto por uma capa de crochê daquelas que parecem presentes de vó, uma pequena mesinha de centro aonde estava o controle da tv e um tapete no chão...

Continuando a explorar, olhei para a frente a procura da cozinha até que achei uma bancada que separava a sala da cozinha aonde tinha uma pequena geladeira sem freezer, bem como uma bacia sobre a pia pequena aonde ele deixava a louça secar..

- oh meu deus...ele deve amar muito sua profissão para se sujeitar a isso

Achando que não podia ficar pior, sim podia...

Guerra era um homem bonito...tinha charme, presença, postura e principalmente corpo...muito corpo...

Enquanto eu fazia o reconhecimento de área tal como ele e meu pai sempre dizia , ele já havia tirado o sapato a calça vestido apenas uma bermuda e sua fiel regata branca que depois iria perceber que era sua peça favorita de vestimenta..

- e aí o que achou ?

Olhei em sua direção e não pude evitar...ele tinha mesmo um corpo bem...digamos assim, tentador...

Mãos grandes , sem nenhum pelo...

Uma cicatriz marcava sua perna esquerda próximo ao tornozelo, e em seu tórax a marca recente da incisão cirúrgica..

- Fernanda??

- ah oi.. é então o lugar eh pequeno né?

- prático por assim dizer..

- a quanto tempo você está aqui ?

- dois meses e meio...respondeu ele jogando se no sofá..

- e como você conseguiu se adaptar?

- não é difícil sabendo que é temporário.. é como se você estivesse vivendo a vida de um personagem que assim que acabar o filme volta para sua vida real...

Fernanda parecia perdida nos primeiros instantes...

- ei,vem cá ..senta aqui..

Ela sentou se no sofá ao lado dele...seu olhar ainda parecia perdido...

- fala

- sei que isso eh tudo novo para você...entendo que só queria fazer seu trabalho e ir para casa feito todo mundo, mas por outro lado , eu sei o que sei pai passou quando foi alvejado porque eu o socorri...

Para ele saber que sua filha está trabalhando dentro do mesmo lugar aonde acabaram literalmente com tudo o que ele mais amava fazer não eh fácil..

- eu sei que não eh mas eu não sou meu pai...ele não pode tentar me proteger por 24 horas por dia...eu não escolhi isso pra mim guerra...

Sabe, todos vocês falam que DG é isso, DG é aquilo...eu o conheci...as pessoas o veneram aqui e sabe por que ? Por que aqui ele é o único que faz as coisas em benefício destas pessoas...

- Fernanda, DG é um criminoso...ele é traficante de drogas. ...ele vende a destruição em massa por intermédio de entorpecentes cujo diversas famílias que tem dependentes se destroem em decorrência do que ele faz...

- tudo bem sei muito bem que o que ele faz é ilegal, é errado mas não acho que ele seja um homem ruim...

Lá mesmo no hospital, inaugurou 2 andares de UTI , cuja ação deveria ser feita através do governo mas não, sabe quem pagou a construção desses 2 andares no hospital? O DG, e tudo isso em prol do favorecimento da comunidade...

Guerra então abaixou a cabeça...logo ele queria sim poder contar a ela em detalhes como ele entendia muito bem o que era tudo aquilo que ele estava presenciando pois ele sabia melhor do que ninguém por conta de seu passado e um segredo que ele mantém muito bem guardado e que ninguém.imagina que possa ser..

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