capítulo 7- o primeiro a gente nunca esquece

Miguel já estava do lado de fora da emergência quando a ambulância aproximou se e parou bem próximo de onde estávamos.

A adrenalina era algo surreal ..eu sentia todas as veias de meu corpo pularem no exato momento em que as portas traseiras da ambulância se abriu e dela os paramédicos retiraram a imagem de um homem cuja a beleza mesmo por detrás de todo o seu estado crítico não deixava de ser aparente...

Este homem , estava desacordado..havia muito sangue em suas roupas...

Um dos paramédicos que o trouxe logo passou as informações colhidas no local para Miguel que já pediu que o levassem para a sala de trauma.

Meu deus aquele estava sendo meu episódio real...todas as noites em que assistia a Grey's, me valeram a pena por que agora era a minha vez mas aquilo não era uma atuação, era real...

Eu acompanhei Miguel até a sala de trauma e logo ele disse a mim..

- tire as roupas dele ....

Imediatamente eu travei por alguns segundos e dei uma ultima olhada nele antes de começar a despi-lo.

Ao lado da maca, havia um enorme cesto aonde fui depositando seus sapatos, bem como suas meias, sua calça, e até mesmo sua camisa encharcada de sangue..

Parecia paralisada..por alguns momentos era como se todos ali não estivessem presentes e sim só eu e aquele estranho homem sedutor que mesmo em seu pior momento mexeu comigo de uma forma muito intensa..

- Fernanda...ei Fernanda..preciso de soro rápido...gritou miguel me tirando do transe...

- claro...desculpe ....

Um lençol foi jogado sobre seu corpo desnudo deixando apenas a região atingida descoberta, ou seja da cintura para baixo ele estava coberto..

O homem que ainda não sabíamos o nome tinha levado dois tiros..Um deles havia atravessado seu braço direito , e o outro havia atingido seu abdômen e o projétil ainda estava dentro dele o que ocasionou em seu estado instável...

Miguel parecia preocupado e logo disse..

- preciso da doutora Paula aqui e de um cirurgião ortopédico também...

- ok...

Como uma iniciativa remota eu corri a recepção e pedi que vitória me ajudasse.

Logo, pelo ramal, ela localizou os dois que prontamente foram até a emergência aonde estava o paciente.

Paula deu uma breve avaliada e disse.

- vamos leva- lo agora para o centro cirúrgico..

Ao passar por mim, Paula olhou em meus olhos e disse..

- seja bem vinda a nossa rotina...

- obrigada....

- tome..pegue a ficha dele e ligue para algum familiar...

Miguel passou com a maca levando aquele homem para o elevador que dava acesso ao centro cirúrgico e eu fiquei parada ali no meio do corredor com a ficha dele em minhas mãos.

Maria saia de um dos leitos e ao me ver ali aproximou se..

- e aí como está se saindo para seu primeiro dia ?

- acho que vou sobreviver...

-ouvi dizer que chegou um baleado não foi ?

-;sim, Miguel e doutora Paula o levaram para o centro cirúrgico...

Maria deu um leve suspiro e disse..

- é minha amiga. ..nossa rotina aqui na comunidade se resume sempre em balas perdidas, agressões, violência domestica e afins..

Acho que devo ter feito uma cara de espanto pois logo ela disse.

- por que essa cara ? Pensou que seria igual aos seriados que vimos na tv é?

A nossa realidade aqui na comunidade é bem mais intensa que qualquer episódio de seriado , Fernanda...

- Maria, Miguel logo cedo quando me puxou para dentro me explicou que sempre existe tiroteio entre as comunidades rivais...

- sim...aqui existe uma.disputa de tráfico sem limites...O chefe do tráfico aqui quer tomar posse de Heliópolis para fazer um.bem.maior a comunidade, mas o de lá quer tomar posse para expandir as linhas do tráfico...

- minha nossa, mas no meio disso quem paga são vocês ..

- sim...somos nós mas o chefe daqui, é muito solicito com o pessoal...

- como assim ? O que você quer dizer como solicito ?

Maria desatou a rir...já era a segunda pessoa que ria dela hoje..

- ei, você também eh ?

- desculpa Fernanda mas acho que você está vivendo uma experiência única não eh ? Toda comunidade geralmente tem um.chefe de tráfico...aqui para nós ,o nosso é conhecido como DG..

-ele é o presidente???

- agora você me surpreendeu...Você conhece o DG?

- oh não...quer dizer eu o conheci hoje cedo quando cheguei aqui na comunidade através do José..

- José ?

- o menino que vende balas no farol..

- ah o Zezinho? Filho da Ângela ?

Sei quem eh, ele é um bom menino...parou de estudar para ajudar a mãe depois que o pai dele foi morto no tribunal do crime a mando do alemão.

Ela agora parecia chocada..Sem sombra de dúvidas aquele estava sendo o dia mais intenso de toda sua vida..

- Fernanda , você está bem ?

- ah sim...deixe ir a doutora Paula pediu que eu contactasse um familiar da vítima baleada...

- boa sorte amiga...essa é boa pior parte de nosso trabalho...passar as piores notícias...

Maria logo desapareceu pelos corredores do hospital e Fernanda por fim conseguiu passar adiante a sua missão quase impossível de se concretizar de uma.vez que puxando no banco de dados segundo o nome da vítima , não existia nenhum parente...

Se aquele homem não tinha ninguém, quem seria ele então ???

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***