capítulo 09 Alencar, fui abatido

No dia em que Fernanda iniciou seu primeiro dia de estágio no hospital, seu pai por sua fez esteve em uma longa conversa com seu parceiro cabo guerra e dessa conversa surgiu um plano de ação bem audacioso..

Ele conseguiu de uma.maneira muito discreta implantar guerra dentro da favela como um possível morador disfarçado , cujo qual tinha como objetivo chegar diretamente ao chefe do tráfico de Paraisópolis, o DG e ter acesso a todo seu andamento no tráfico.

Com uma identidade falsa ,agora ele se chamava Matheus Ribeiro, e infiltrou se na comunidade como um comprador de mercadoria...

Tudo ocorria bem e de forma natural , porém o que ele não poderia imaginar é que o pessoal da comunidade rival fosse iniciar um ataque surpresa no qual culminou na baixa de três empregados do tráfico que prestavam serviços a DG e que também acabaria se ferindo seriamente ao ser atingido por dois disparos...

Primeiro dia como agente disfarçado e já baleado...o que mais poderia acontecer com ele?

Guerra levou dois tiros..mim quase estraçalhou seu braço e o outro de maior gravidade fez um grande estrago em seu abdômen e baço...

Ele agora se via na UTI sedado e aos poucos foi despertando da sedação..

Em seu disfarçe, Matheus Ribeiro não tinha nenhum familiar ,bem como nenhuma.namorada ou mulher para qual pudessem ligar. Este fato talvez fosse o único que seria compatível com sua verdadeira identidade, pois cabo guerra também não tinha mais família já que seus pais e sua irmã morreram fatalmente em.um.tragico acidente de carro há alguns anos atrás.

Talvez tenha sido esse o motivo de que quando ele lentamente abriu seus olhos viu a imagem de uma.mulher de semblante delicado que exibia muita compaixão em seu olhar.

A sensação imediata de que ele parecia a conhecer de algum lugar foi imediata, mas a lembrança de quem era ela ou de onde a conhecia estava bem longe dele descobrir.

Um novo dia começava a clarear e Fernanda acordou desconfortável . Por um pequeno momento precisou de alguns segundos para se situar até que logo percebeu que havia ficado a noite toda ao lado daquele estranho paciente misterioso.

Assim que se levantou da poltrona e olhou a sua frente notou que o mesmo estava acordado e de olhar fixo nela..

- bom dia...como se sente ?

- me sinto um pouco dolorido mas bem , respondeu ele com a voz ainda baixa..

- qual é o seu nome ?

- me chamo Matheus...você é médica ?

-;sim...me chamo Fernanda...

Logo, uma outra semelhança..aquele nome..para ele era muito familiar, mas ainda não era o suficiente para se lembrar de quem era ela...

- você tem um telefone para que eu possa ligar para uma pessoa?

- você tem algum.familiar para avisar Matheus ?

- não , mas preciso fazer uma ligação...

Ela então tirou de dentro de sua bolsa seu aparelho celular e passou a ele que logo pegou de sua mão ..

Fernanda por sua vez acabou se afastando um pouco para dar uma certa privacidade a Matheus que de cara ligou para o pai da própria Fernanda...

Carlos estava recluso em sua casa..Desde que afastou se de suas funções ativas no batalhão, ele sentiu se deprimido, porém mesmo assim não havia deixado de fazer o seu trabalho.

Sentado em sua cadeira ele mudava os canais de tv quando acabou vendo a manchete de um jornal que dizia que havia ocorrido mais um tiroteio na favela de Paraisópolis aonde a princípio noticiaram a morte de três pessoas e mais um baleado..

Regina estava vindo da cozinha segurando sua caneca de chá nas mãos quando ouviu seu marido comentar..

- tá vendo só amor? Mais um tiroteio naquela droga de favela aonde algum desgraçado acabou com.a minha carreira..

- Tiroteio? Perguntou ela aflita pois sabia que sua filha estava lá..

- sim , parece que três foi pro saco e um tá ferido...

Nesse momento , o telefone dele tocou e ele ao ver o nome de Fernanda na tela, logo atendeu dizendo..

-gracas a deus minha filha aonde eh que você passou a noite ?

Tamanho não foi seu susto ao ouvir a voz do cabo guerra falar ao telefone celular de sua filha...

Com Regina prontamente parada a sua frente , Carlos soube disfarçar muito bem...

- oi sou eu..escuta eu fui atacado ..levei dois tiros e tô no hospital mas tá tudo bem...eu acho..disse guerra ao seu parceiro...

Regina estava parada de frente ao seu marido e logo disse.

- o que foi amor ?

Ele para disfarçar disse..

- só um momento guerra...

Rapidamente ele afastou o telefone de seu ouvido e disse a sua esposa...

- é o guerra amor...

- ah sim...se precisar estou na cozinha....

- pode deixar que eu te chamo...

Somente quando ele certificou se de que sua esposa se afastou da sala ele disse..

- guerra o que você está fazendo com. O celular de minha filha ????

Foi ali naquele instante que ele lembrou se de que Fernanda é a filha de seu parceiro, mas pelo visto algo parecia estar errado pois ela em nenhum.momento parecia reconhecer ele...

- olha eu tenho que desligar agora...

- espera guerra...minha filha está bem ? O que ela está fazendo aí na favela????

A linha ficou muda...logo fernanda percebeu que ele desligou a chamada e aproximou se para pegar de volta seu aparelho...

- deu certo ?

- deu sim doutora...obrigada...

Fernanda então preparava se para sair do quarto quando Matheus interveio...

- espera ....

- fala...

- você não poderia me fazer um último favor ?

- o que você quer ?

- consegue roupas pra mim? Eu não suporto a idéia de ficar usando esse avental hospitalar...me lembra do dia em.que minha mãe morreu sabe..

Novamente aquele olhar....porém desta vez , cabo guerra não podia deixar que seu disfarce fosse comprometido já que ela não o reconheceu...