Capítulo 2

— Ei…

(Hum… quem é que…)

— Por que não abre seus olhos, querida?

(Quê? Mas estão abertos…)

— Calma, venha comigo!

(Minha boca não está se movendo, então como ela está me ouvindo?)

— Sei quem você é! Não quer descobrir os segredos que o seu mundo esconde? O que a sua mãe não te conta sobre ela, e nem sobre você! Posso te dizer!

Uma mão é estendida para mim, eu vejo uma silhueta de uma mulher, mas não consigo distinguir seu rosto.

(Será que devo confiar nela?)

Estendo minha mão, mas antes de tocá-la, um sorriso sinistro se mostra, com isso a retiro imediatamente.

— Oh, o que foi, querida? Não confia em mim?

Uma risada de bruxa alta ressoa, como se realmente estivesse dentro da minha cabeça.

Ela se aproxima de mim, não consigo me afastar, eu não me mexo. Um sorriso de orelha a orelha aparece em seu rosto, e vejo garras ao invés de dedos tentando tocar meu rosto.

— Pliiim…

(…?)

Acordo percebendo que aquilo era só mais um pesadelo, o que me acordou foi uma ligação.

— Não tem nenhuma chamada no meu celular, que estranho. Deve ser o de outra pessoa, será da Claire?

Espero alguns minutos, mas nada de parar.

— Não irei conseguir dormir assim, melhor eu ir checar. Eu assisti tantos filmes de terror que acho melhor me preparar, isso com certeza não é bom sinal.

Caminhei até a cozinha e peguei a primeira coisa que achei, uma peixeira. O telefone continua a tocar, me levando em direção ao jardim. Assim que cheguei, o toque parou.

Juntando toda a minha coragem, ando em direção ao chafariz, não vejo ninguém ao meu redor.

Olho para o meu reflexo na água, tudo está tão quieto e normal, isso não foi coisa da minha cabeça, melhor não baixar a guarda.

— Acho melhor eu ir para den… -Prestes a me levantar, sinto uma força estranha me puxar para dentro da água.

(…?)

O lugar onde apareço, de repente, parece ser o meu jardim, mas, está mais sombrio e sinistro.

— Se purifique! — O que isso quer dizer? — Se purifique! Se purifique! Se purifique! — Ouço vozes dentro da minha cabeça, falando cada vez mais alto.

— Para! Eu não entendo o que isso quer dizer…

As palavras continuam, minha visão escurece, não faço ideia do que está acontecendo, o restante da minha consciência começa a desaparecer rapidamente.

Minha cabeça dói, não sei onde estou, mas consigo ouvir gritos altos, lentamente abro meus olhos, e percebo a bagunça ao meu redor, aquela cabana do meu sonho, está toda destruída. De longe, consigo ver dois corpos no chão, um de uma mulher, e o outro de uma das garotinhas do meu sonho anterior.

Me aproximo do corpo, alguém a esfaqueou, no coração!

— Está vendo? — Me assusto com a voz da outra menina. — Matei minha irmã, agora estou livre.

— Livre do quê?

Na mão esquerda dela, tem uma adaga ensanguentada, igual a que a garota do capuz segurava.

— Do pacto! Assim como ela, você também irá morrer, a Mallia te matará.

(Meu coração vai sair pela boca!)

— Quem é Mallia? — A menina me ignora e começa a sacudir a irmã caída.

— Yara acorda!

Esse parece o nome da irmã dela.

— Você a matou, não tem como voltar atrás. — Ela continua sacudindo e chamando “Yara”.

— Você deveria ir embora agora, não quero que veja o que vai me acontecer.

Ela está me deixando com mais dúvidas ainda. Alguém entra na cabana, não parece ser um humano normal, ele tem muitas deformações no rosto, além de ter asas e garras. É algum tipo de criatura, não nego que realmente estou com medo dessa situação.

— Você acabou de mexer com forças que desconhece Olívia! — A criatura pega a menina no colo e a leva para fora.

Eu os sigo o mais rápido que posso, tem algum tipo de conexão entre os meus sonhos, e esse local… É a mesma floresta onde estive no meu último sonho.

— O que fazem aqui? — É aquela voz da floresta…

— Você estava certa, matando a escolhida, ainda sim o pacto não pode ser desfeito, serei perseguida pelas pessoas do reino da luz, e aterrorizada pelas sombras. Tem algum meio de salvar a minha vida? — Olívia fala como se fosse uma adulta, ela entende muito bem tudo que está acontecendo, além de ter consciência que matou a irmã.

— Só existe um meio de se salvar, você precisa de um corpo humano compatível com o seu, que tenha uma pequena aura de poder para aguentar a troca de almas. Seus poderes irão desaparecer temporariamente, e será dada como morta. Contudo, terá que oferecer algo em troca! — Olívia se ajoelha, e começa a recitar palavras que não consigo entender.

Após alguns minutos, ela se levanta e encara o livro.

— Devo repor os laços desfeitos por mim, terei que gerar novas gêmeas, escolher qual será a luz e qual será as trevas, assim como fizeram comigo e com a Yara.

(Então ela irá tomar o corpo de outra pessoa, mas o que acontecerá com a dona do corpo?)

— Atravesse o portal exatamente meia-noite, você se esquecerá da sua casa, desse mundo e com dezesseis anos, terá duas meninas. Nesse tempo, suas memórias irão voltar, e você saberá exatamente o que fazer. — Assim que a voz termina de falar, a criatura abraça Olívia, e a chama de “filha”, mas não demonstra muitos sentimentos por ele.

Percebo que esse mundo onde estou, é completamente diferente de onde venho, somente a escuridão prevalece, monstros e coisas estranhas estão por todo lado. Olívia abre o livro, uma luz a suga para dentro, o livro desaparece. Como em um flash, eu apareço diante de um grande portão. Por alguns minutos, cogitei em ir embora, mas quando me virei para sair, uma voz chamou a minha atenção.

— Quem é você?

(É uma criança, ela me parece familiar.)

— Eu sou… — Alguém me interrompeu.

— Ela não está falando com você, mas sim comigo, você é apenas uma ilusão, não consegue afetar os acontecimentos do passado.

(Uma ilusão? Passado?)

— Então isso são só lembranças? De quem? — Ela não me responde, e se volta para a outra menina.

— Diga seu nome! — A menina parece assustada, e por alguns minutos permanece calada.

— Alicia Hunter.

(Espera, esse é o nome da minha mãe! Ela tomará o corpo dela, eu não posso deixar!)

Olívia se aproxima de Alicia, que por algum motivo não se move. Tento impedir, mas não consigo me mover.

— Você não pode mudar o passado, Lillyan! — O livro aparece de repente no chão, Olívia o abre, e começa a gritar.

— ESSA É A MINHA SEGUNDA CHANCE, O MEU MOMENTO DE GLÓRIA, NÃO HAVERÁ MAIS SOFRIMENTO, MUITO MENOS DOR. AGORA ENTREGO A ALMA DE ALICIA HUNTER PARA O GRANDE LIVRO, EM TROCA, A MINHA ALMA TOMARÁ O SEU CORPO. — A alma de Alicia começa a ser sugada, seu corpo perde completamente a luz.

Sem conseguir me mover, presenciei a alma daquela que conheci como minha mãe a vida toda, desaparecer, e seu corpo e a sua vida serem tomadas por uma completa desconhecida. Consigo sentir a alma da Olívia repleta de escuridão, já não estou mais presa, mas tudo ao meu redor parece diferente, consigo sentir a magia presente, o que antes não conseguia.

Olívia perdeu completamente o poder. Ela não irá se lembrar de nada, foi o que a voz disse antes… me aproximo dela, e pego o livro no chão. Não tem nome e está trancado. Parece um simples livro velho, diferente de quando Olívia o usava. Não cheguei a ver de perto, mas com certeza algo mudou.

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