Alguns minutos se passaram, nada parecia mudar, até que o corpo de Olívia começa a se desintegrar diante dos meus olhos. Alicia continua caída no chão, talvez algo tenha dado errado. Um nevoeiro ainda maior começa a aparecer por todos os lados, em poucos segundos, não consigo ver mais nada.
Parece que estou em um sonho lúcido.
— Agora estou… em casa, mas como? — As palavras simplesmente saíram em voz alta.
Olho ao redor, estou no meu quarto, pelo menos acho, a decoração está um pouco diferente.
(Seria melhor se eu olhasse os outros cômodos, isso está muito estranho.)
Fazendo o máximo de silêncio que posso, me encontro em um enorme corredor, mas não tinha algo assim na minha casa, esse corredor é muito maior! Está tão silencioso, todas as portas são iguais, exceto uma.
(Não sei se eu deveria entrar, mas já que estou aqui, é melhor não fugir.)
Antes mesmo que eu possa tentar alguma coisa, sinto uma mão em minha boca, evitando meus gritos apavorados. Sou puxada para um dos quartos ao lado.
— Xiii! Não grite, por favor. Estou aqui para te salvar!
Me viro para o meu suposto “salvador”, mas ele não está com o rosto à mostra, está usando uma máscara cobrindo sou quase inteiramente o seu rosto.
— E quem é você? — Passos ecoam do lado de fora do corredor, o desconhecido só faz sinal de silêncio para mim, eu me calo.
Logo em seguida, ele segura a minha mão, me levando para algum outro lugar. Olho para trás, mas o que vejo não é a minha casa, a estrutura é totalmente diferente. O desconhecido está segurando firmemente a minha mão, me levando para uma floresta.
— Por que em todos os sonhos estranhos que tenho, eu sempre acabo passando por uma floresta? Você está no meu sonho, então você não é real, certo? — Ele aperta minha mão muito forte.
— Isso parece real o suficiente para você?
— Então, tudo o que aconteceu comigo foi realidade? Aliás, qual o seu nome? — Por um minuto, achei que ele não fosse me responder.
— Por que isso te interessa?
(Ignorante.)
— Se é para sair correndo por aí segurando a mão de um desconhecido, preciso saber pelo menos o nome dele. — Ele para, e olha as nossas mãos entrelaçadas, com isso, solta no mesmo instante.
— Só me siga, preciso te manter a salvo.
(Do que mesmo ele quer me salvar?)
— Não pense que estou fazendo isso por você, se eu te levar ao Uriel, eu posso ganhar uma chance de sair do mundo das sombras. Desde sempre eu soube que aqui não é o meu lugar, quando vi você, eu sabia que essa era a oportunidade perfeita.
(Bom, eu não esperava mesmo que ele estivesse fazendo isso por mim.)
— Por que tenho que ir até esse Uriel?
Ele revira os olhos em resposta.
— Você faz perguntas demais, logo você saberá de tudo, no momento, se concentre em correr, não percebeu que estamos sendo seguidos?
Eu realmente não tinha percebido, mas agora consigo sentir uma aura maligna se aproximando rapidamente, não sei como consigo sentir essas coisas, mas esse não é o momento para eu me preocupar com isso.
— Onde pensa que vai com essa coisinha insignificante? — Uma voz grossa e assustadora ressoa entre as árvores. — Não se faça de bobo, Leon, me responda! Você sabe muito bem que não pode levá-la daqui, você deveria proteger a nossa rainha, não a dos humanos.
(Rainha?)
— Me entregue a garota, assim poderei poupar sua vida.
Leon não responde, apenas sorri maliciosamente, conjurando algum tipo de feitiço. Um campo de força aparece ao meu redor, enquanto ele espera a criatura dar as caras.
— Apareça, Thor! Tenho uma missão a cumprir e você só está me atrasando. — O tom de Leon é frio, ele está muito alerta.
Thor aparece de repente em frente a Leon, quebrando o campo de força. As feições de Thor são de um humano normal, mas ainda sim, ele tem uma aura ruim.
— Sério que você ainda tenta me derrotar? Você não passa de um fracote, sempre se escondendo nas costas da rainha. — Ele quase cospe as palavras.
— Você não sabe de nada, Thor.
— Quanto você acha que vai sobreviver? Aqueles humanos idiotas nunca irão aceitar criaturas como nós. Assim que entregá-la a Uriel, eles irão te matar!
Logo, um ataque repentino vem em direção a Leon, fazendo com que sua máscara se quebre em pedaços. Seu rosto fica à mostra, e percebo o rosto de Leon se contrair, em seguida ele avança para cima de Thor. Lutando ferozmente, os dois parecem ter o mesmo nível de treinamento, e possuem auras parecidas, quase totalmente idênticas.
— Pare agora, Thor, não quero machucar você! — As palavras de Leon são sinceras, mas isso não afeta em nada o seu oponente, que imediatamente se joga contra ele, o derrubando.
— Você acha que a Mallia aprovaria o seu comportamento? Eu sabia que você não era a pessoa certa para ela, tinha que ser eu, não você! Agora não só traiu a confiança dela, mas também a de todos do reino das sombras. — Thor começa a bater muito forte em Leon.
— Eu jamais ficaria com ela depois de descobrir aqueles planos horrendos que ela tem feito. — Leon o olha com desprezo.
— SEU TRAIDOR! VOCÊ NUNCA AMOU ELA DE VERDADE, VOCÊ SABE QUE TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO É CULPA DESSA COISA QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO SALVAR! — Ele grita.
Posso sentir seu ódio, então ele se vira para mim.
— Agora chegou a sua hora, garotinha imprestável, você será morta!
Meus olhos se enchem de lágrimas, talvez esta seja mesmo a minha hora. A cada passo mais perto, sinto meu coração pesar.
— Você se parece tanto com ela, mas, ao mesmo tempo, sinto a diferença entre vocês, não pode existir outra além da minha preciosa rainha.
Indefesa, ele se aproxima de mim, apertando meu pescoço com toda força. Em seus olhos, vejo somente dor e ódio. Ele aperta ainda mais, quando meus olhos estão quase se fechando, sinto uma estranha onda de poder fluindo do meu corpo. Estranhamente, é como se eu tivesse acabado de voltar no tempo, mas só para instantes antes de Thor me sufocar. Ele está paralisado, na verdade, não só ele, tudo ao nosso redor parece ter parado.
— Preciso fazer alguma coisa rápido… pensa, pensa…
Corro até Leon que continua caído, eu o revisto e procuro algo para ajudar nessa situação. O que encontro parece ser um livro de feitiços.
— Feitiço de proteção, feitiço de ataque, feitiço de invocação… ah, achei feitiço de teletransporte.
Pronuncio as palavras bem baixinhas.
— Se vai funcionar não sei, mas o que eu poderia fazer, além disso?
Segundos que pareceram uma eternidade, o tempo estava começando a retornar ao que era, minha preocupação só aumentava, pois o feitiço não parece ter surtido efeito.
— Criatura idiota, não pense que vai fugir de mim tão fácil, sinto um pouco da sua aura, sei que fez algum feitiço.
De repente, sinto algo estranho, tenho certeza que é o feitiço fazendo efeito. Não consigo conter uma risada, é diferente e sinistra. A criatura olha para mim com os olhos arregalados, e em resposta, eu dou um sorrisinho estranho, parece que não consigo controlar minha reação.
— Mas o que é isso?
Tudo fica branco ao meu redor. Em questão de segundos, estou em outro lugar, mas ainda na floresta. Leon ainda está desacordado, mas pelo menos estamos fora de perigo.
— Talvez nesse livro tenha algum feitiço de cura… — Passo as páginas rapidamente. — Achei!
Sussurro as palavras com minha mão estendida sobre Leon. Parece estar dando certo.
— Ei, o que você está… espera, esse livro é meu, como conseguiu usá-lo?
(Uau, ele nem me agradeceu).
— De nada!
— Você precisa me responder agora, como você conseguiu utilizar o meu livro?
— Eu só li os feitiços e pronto.
— Isso está errado, você é a gêmea da luz, não deveria nem ao menos conseguir tocar esse livro.
— Como assim?
— Para seres da luz, a magia dos nossos livros são proibidos. Tem o mesmo efeito, mas a aura contida neles podem corromper até o ser mais puro, no caso, a escolhida.
— Quais as consequências disso?
— Se a escolhida for corrompida, o reino da luz perde sua força, e as criaturas das sombras poderiam invadir aquele mundo, levando o caos e a destruição, pois nosso povo deseja vingança. Fomos lançados a esse mundo injustamente, e agora esse é o maior desejo de todos que habitam aqui.
— Até o seu?
— …
(Sem resposta, significa que, no fundo, ele ainda deseja a vingança)
— Então… O que faremos agora?
Ele pega minha mão, não questiono, nem faço nenhuma pergunta.
Seguimos em um silêncio insuportável, eu realmente queria quebrar esse clima ruim. Perdida em meus pensamentos e de cabeça baixa, não percebi que Leon havia parado até que o meu braço foi puxado.
— O que você quer?
(Aquela voz de novo, olhando ao redor, não vejo nada.)
— Queremos ir até o reino da luz. — Leon pega algo do bolso. — Tenho algo para lhe oferecer em troca.
— Você roubou um objeto pessoal da rainha, sabe que será perseguido? Ainda mais porque é algo extremamente precioso, já que é parte do sacrifício.
(Como ele pretendia sair daqui antes de me encontrar? Ele tinha outros planos?)
Olhando bem, vejo a mesma adaga que a garota do capuz usava.
— Não importa, só aceite!
Um portal se abre imediatamente, Leon segura a minha mão e me puxa para dentro o mais rápido que pode.
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Atualizado até capítulo 37
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